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Juros do financiamento imobiliário podem aumentar se cenário não mudar, diz setor

Juros do financiamento imobiliário podem aumentar se cenário não mudar, diz setor

Além do aumento da Selic (taxa básica de juros), os recursos da poupança não têm acompanhado a demanda aquecida de vendas de imóveis e de busca por financiamento, afirmam bancos e lideranças do setor.

Publicado em 27 de setembro de 2024 às 16:07- Atualizado há 3 meses

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Apesar dos juros altos, o setor caminha para o seu segundo melhor ano da história do ponto de vista do volume de financiamento imobiliário. (Freepik)

Os juros para financiar a casa própria podem aumentar em breve se as condições para a oferta do crédito não mudarem, segundo agentes do mercado imobiliário durante o Incorpora Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias).

Além do aumento da Selic (taxa básica de juros), os recursos da poupança não têm acompanhado a demanda aquecida de vendas de imóveis e de busca por financiamento, afirmam bancos e lideranças do setor.

A taxa de juros de dois dígitos impacta o volume de recursos disponíveis na caderneta, principal fonte de crédito imobiliário, pois outros investimentos ficam mais atrativos. O mercado de capitais tem conseguido suprir apenas parte desse déficit, por meio de letras de crédito imobiliário atreladas ao IPCA. O caminho, porém, ainda é longo para que a poupança seja substituída como instrumento principal de financiamento habitacional do brasileiro, ao lado do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O ministro da Fazenda em exercício, Dario Durigan, afirmou que o governo estuda novas modalidades. "Nem sempre a gente vai viver o momento de antes, a poupança, por exemplo, não tem mais a força que tinha. A gente sabe disso. O que precisa ser feito em termos de estímulo ao crédito imobiliário? E a gente não tem problema em ousar", disse no evento.

Para Thiago Lisboa, superintendente executivo de empréstimos e financiamentos do Bradesco, se o cenário não mudar nos próximos meses, o crédito vai ficar mais caro para o brasileiro. "A probabilidade, se continuar evoluindo dessa forma, a poupança não crescendo na velocidade que as carteiras imobiliárias evoluem, a tendência é essa", disse.

Ele afirmou que o mercado de crédito imobiliário no Brasil tem, historicamente, uma taxa 1,5 ponto percentual menor do que a Selic, mas tem aumentado a pressão para repassar ao consumidor o custo da construção e da incorporação com participação menor da poupança. Hoje, a Selic está em 10,75% e a taxa média de juros para financiar a casa própria nos principais bancos do país varia entre 10,49% e 11,49%.

Taxa crescente

Bruno Bianchi, sócio e diretor de negócios imobiliários e grandes empresas do Itaú BBA, ressaltou que o mercado inteiro tinha a expectativa de terminar o ano numa taxa descendente, mas os juros voltaram a subir, e o mercado já projeta chegar a 12% no início do ano que vem.

"O setor é muito dependente de juros, principalmente na conta do consumidor final. Portanto, quando os juros aumentam, a gente sabe que tem uma parcela da população que acaba perdendo seu poder de compra", disse o executivo.

Em se tratando de alta renda, ele diz que as altas taxas de juros têm feito com que muitos clientes não vejam oportunidade para fechar negócio. A oportunidade, eventualmente, está na localização, mas para quem já mora bem, diz, não há pressa em se mudar.

O aspecto bom, ponderou, é que apesar dos juros altos, o setor caminha para o seu segundo melhor ano da história do ponto de vista do volume de financiamento imobiliário graças à resiliência do consumidor. A explicação seria o sonho da casa própria.

O segmento do médio e alto padrão (imóveis acima de R$ 350 mil) enfrenta outra dificuldade além da sangria da poupança: o saque-aniversário do FGTS, que está diminuindo os recursos do Fundo de Garantia. Ao lado da poupança, o FGTS é o principal instrumento de financiamento imobiliário do país.

Presente no evento, o ministro Jader Barbalho Filho (MDB) afirmou ser "importantíssimo" discutir o fim do saque-aniversário. "O fundo serve para financiar obras de infraestrutura, tem que financiar, vamos dizer assim, o desenvolvimento do país, habitação. Eu acho que essa deve ser a atenção central do fundo", disse.

O projeto de lei para o fim do saque-aniversário deve ir ao Congresso Nacional ainda neste ano. O presidente Lula já deu o seu aval. Além de poder sacar um valor no mês de aniversário, instituições financeiras oferecem crédito para antecipar o saque de anos seguintes.

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