A construção civil no Brasi, de modo geral, ainda tem uma característica muito artesanal. O uso de métodos construtivos mais antigos causa um grande índice de desperdício, atrasos e até mesmo acidentes. Segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU), 83% das obras no país são feitas sem projeto e no modelo de autoconstrução.
Isso quer dizer que o setor da construção civil tem um amplo espaço para criar e adotar novas tecnologias, que vão desde métodos construtivos até mesmo o uso de materiais mais apropriados, que não gerem tanto desperdício e proporcionem maior velocidade nas obras.
Segundo o presidente do CAU/ES, Heliomar Venâncio, a adoção da tecnologia na construção é importante para o desenvolvimento de processos e aplicação de tecnologias, para otimização de custos, redução de tempo e diminuição de entulhos.
“Tudo isso facilita o controle de materiais e mão de obra empregados no empreendimento, aproximando a construção do protocolo industrial do produto, garantindo qualidade e economia no final da obra. As novas tecnologias construtivas vieram para ficar, mas a transição de nosso sistema artesanal de obra para elas é um grande desafio, principalmente na ausência de mão de obra qualificada que estes novos sistemas precisam para se desenvolver”, conta.
Um exemplo é o steel frame (alumínio com gesso acartonado), que está presente em canteiros de obra há algumas décadas. Segundo Venâncio, esse método é mais forte em obras comerciais, mas já alcança alguns pontos importantes no mercado residencial.
Outro método é o EPS, com paredes prontas, que vêm direto da indústria para o canteiro de obras, reduzindo, assim, o tempo e o desperdício. “Duas pessoas conseguem colocar a parede em pé, porque é um material mais leve e, em um dia, as paredes de uma casa são levantadas. Além disso, possui um isolamento térmico perfeito, gerando maior conforto para os moradores”, conta o diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon), Sandro Pretti.
Segundo ele, quanto mais industrializada a construção, ou seja, com mais elementos sendo produzidos fora do canteiro de obras, menos poluente ela se torna e mais assertivos os processos ficam. Um sistema que contribui para que isso seja feito de forma ainda mais assertiva é o BIM.
O nome vem da sigla, em inglês, para building information modeling ou modelagem da informação da construção. O sistema permite conciliar tecnologia e sustentabilidade, fazendo a modelagem do projeto de forma virtual com todas as informações necessárias ao projeto e à execução da obra, contendo, inclusive, detalhes dos trabalhos e de mão de obra.
A transformação digital é outra vertente em crescimento dentro do setor, mas, segundo Diego Mendes, COO da Trutec, hub que conecta startups para transformar a indústria da construção civil, para que isso aconteça, é preciso investir na capacitação e no treinamento dos colaboradores.
“A mudança cultural é essencial, pois, sem ela é possível que muitas inovações sejam trazidas para o canteiro, mas poucas sejam utilizadas. A segunda etapa é priorizar as opções que possam ser implantadas e analisar as vantagens que cada uma irá trazer para o negócio”, conta.
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