Depois de um período de juros de financiamento no seu patamar mais baixo, a economia brasileira passou por um período de estagnação e de inflação em alta, o que fez com que a taxa básica de juros, a Selic, chegasse a 13,75% em setembro de 2022, um dos patamares mais altos desde 2016, quando começou o ano em 14%.
Isso fez com que o mercado imobiliário, que vinha crescendo até então, tivesse um freio no seu avanço, visto que o financiamento tem um papel importante na movimentação desse segmento. E, para um investidor, comprar imóvel torna-se menos atraente do que optar por deixar seu dinheiro no mercado financeiro.
No entanto, desde agosto, o Banco Central vem reduzindo a Selic, que chegou, no dia 20 de setembro, a 12,75 pontos percentuais, retração provocada pela inflação em queda e estabilização da economia. Para o economista e titular do quadro da CBN “O Assunto É Dinheiro”, Teco Medina, a expectativa é que esses cortes na Selic continuem até chegar a um índice na casa de um dígito apenas, até meados de 2024.
“Tudo vai depender do cenário externo. Mas a economia do Brasil tem se mostrado mais robusta do que há cinco anos. Estamos diante de uma oportunidade interessante, pois, em 2024, o mundo inteiro deve começar uma movimentação para a redução de juros e, em 2025, este atual ciclo econômico na economia mundial deve mudar, com corte de juros e aumento do crescimento”, comenta.
Da mesma opinião é o consultor imobiliário e colunista do Hub Imobi A Gazeta, Juarez Gustavo Soares. Segundo ele, apesar das altas taxas de juros e da economia que começa a andar novamente, o mercado imobiliário se mostra forte e positivo.
“A taxa de juros alta é muito cruel com o mercado, mas este se mostrou muito forte, pois, em outros períodos, o baque seria muito maior. No último ano, por exemplo, o desempenho de ritmo se manteve, mas menor do que vimos em 2021 e 2022”, avalia.
Ele também calcula que esse ritmo de queda da Selic deve continuar até o próximo ano, contribuindo para a redução das taxas de juros. “O efeito é positivo tanto para o financiamento da produção quanto para o comprador final, que tem prestações mais acessíveis”, diz.
Mas Soares também cita outros dois fatores da economia que podem contribuir para uma expansão maior do mercado imobiliário já a partir do próximo ano. Um deles é a taxa de desemprego, que encontra-se em um patamar menor que no ano passado, o que viabiliza maior interesse nos segmentos médio e econômico. O segundo é o volume de ofertas do mercado, que indica que ainda estão relativamente baixos, mas há a previsão de lançamentos expressivos para o próximo ano.
“Mas é preciso que se tenha uma cadência saudável no volume de lançamentos para que não haja desequilíbrio. Esse é um ponto de cautela. Mas não há cenário de queda no preço de imóveis, o que pode acontecer com uma quantidade maior de ofertas é haver um desequilíbrio na velocidade de vendas”, complementa.
Outro destaque na economia deve ficar para o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), segundo o economista-chefe do Sindicato das Empresas de Administração, Comercialização e Atividades Imobiliárias (Secovi-SP), Celso Petrucci. “O crescimento nos lançamentos e nas vendas do programa já está sendo sentido na Caixa, e esperamos que, em 2024, tenhamos orçamento para suportar a produção e a aquisição dos imóveis financiados pelo programa”, avalia.
Para ele, os últimos meses do ano serão mais propícios ao mercado imobiliário em geral e aos financiamentos imobiliários. “Isso, em função da contínua (esperada) queda da taxa Selic e do alinhamento das operações do MCMV correspondentes ao novo teto e subsídios realizado em julho passado”, complementa.
Segundo o diretor de Negócios e Recuperação de Ativos do Banestes, Carlos Artur Hauschild, a projeção de encerrar o ano de 2023 com uma Selic em 11,75% ao ano indica um movimento de flexibilização da política monetária por parte do Banco Central, que tem o potencial de influenciar positivamente o mercado imobiliário.
“A expectativa para o financiamento imobiliário em 2024 é, em parte, dependente da trajetória da Selic", avalia.
Durante 2023, ele acrescenta que o banco concedeu mais de R$ 500 milhões em crédito imobiliário, um incremento de mais de 150% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
“Quanto à perspectiva de crescimento na concessão de crédito, a tendência é que haja um aumento gradual, uma vez que as condições financeiras se tornem mais favoráveis. O crescimento econômico e a retomada do mercado imobiliário são fatores que contribuem para o aumento da concessão de crédito”, diz.
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