Maior evento de tendências para o mercado imobiliário do Espírito Santo, o Talk Imóveis 2023, reuniu profissionais e empresários que atuam no setor, nesta terça-feira (17), no auditório da Rede Gazeta, para discutir temas atuais e que despertam o interesse dos investidores, de compradores e até mesmo daqueles que não perdem as novidades da arquitetura e decoração. A tarde de programação trouxe nomes regionais e nacionais, para debater o cenário econômico, desburocratização, experiência do lar e o futuro da locação de imóveis.
O economista e apresentador do quadro da CBN “O Assunto É Dinheiro”, Teco Medina, falou sobre os rumos da economia, abordando a queda da Selic, taxa básica de juros da economia, e os impactos no mercado imobiliário.
Ele pontuou que, depois de um período de juros em um patamar mais baixo, a Selic chegou a 13,75% em setembro de 2022, o índice mais alto desde 2016. No entanto, o mercado está otimista, na expectativa de que a taxa caia novamente para a casa de um dígito.
“Tudo indica que a queda da Selic continue até chegar a um índice na casa de um dígito em 2024. Embora a economia seja previsível, tudo vai depender do cenário externo e da manutenção do crescimento da economia brasileira, que tem se mostrado em expansão na última década”, pontua.
Somado a isso, na concepção de Medina, a economia mundial também deve começar uma movimentação para a redução de juros. “Com os países ao redor do mundo diminuindo essas taxas e melhorando suas situações financeiras, é de se esperar que o Brasil também entre nessa onda”, aposta. Ele destaca que isso vai impactar diretamente na atratividade do crédito para a compra de imóveis.
“Em resumo, temos razão para estarmos otimistas hoje. Com uma inflação controlada, com uma melhora na economia no país, que vem acontecendo desde 2016, e uma reforma tributária em andamento, a tendência da taxa de juros em queda vai ser um fator transformador para a economia, e isso, certamente, vai repercutir no mercado imobiliário”, avalia.
O segundo painel foi sobre desburocratização e aprovação de projetos. Mediado pelo colunista de Economia em A Gazeta, Abdo Filho, a discussão trouxe à tona a importância de mudança do mindset, ou seja, da mentalidade das pessoas, para uma transformação completa do setor, que ainda funciona com processos pouco inovadores.
Neste aspecto, o vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Alexandre Schubert, ressaltou que haverá uma mudança grande na gestão corporativa. Ele também chamou a atenção para a escassez, no futuro, de mão de obra técnica no setor. “Falamos da escassez da capacidade das pessoas. Vamos ter emprego e não teremos empregabilidade”, ressalta.
Essa alteração tem relação direta com futuras demandas do mercado, que vai exigir profissionais com pensamento criativo e conhecimento tecnológico. “É preciso mudança e proatividade. Para reverter este quadro, é necessário adotar medidas que venham a gerar impactos para desburocratizar os processos, otimizar tempo e acelerar a aprovação de leis”, salienta o vice-presidente da Ademi-ES.
Rafael Ottaiano, secretário de Desenvolvimento Econômico de Viana, apresentou ao mercado uma alternativa que está se mostrando viável, o “Desenvolve Legal”, que traz operações com o uso da inteligência artificial (IA).
O sistema atua na aprovação de projetos arquitetônicos, na regularização de edificações e parcelamento do solo, além de emitir alvarás e demais licenças. “Temos um sistema todo on-line. O que demorava oito meses para ser aprovado, agora demora 45 dias. Se não tiver impacto ambiental, 10 dias”, aponta.
Em Vitória, também há investimentos em desburocratização, com a digitação de processos que estão agilizando a aprovação de projetos de novos empreendimentos. O secretário de Desenvolvimento da Cidade e Habitação da Capital, Luciano Forrechi, explicou que os projetos passaram a ser analisados não mais pela quantidade de metro quadrado, mas sim pela complexidade da obra. "A meta é, até o ano que vem, reduzir o tempo de espera para 90 dias", adianta.
Tecnologias já estão disponíveis no mercado para que inovações sejam implementadas em território capixaba. Mas, para que essas mudanças ocorram, é necessário mudar o mindset. “É preciso mudar o modelo mental. Hoje, temos muito mais conhecimento, o que facilita na agilidade da execução de um projeto. É otimizar tempo e diminuir custos”, aponta, como solução, José Maria Cola dos Santos, gerente da Unidade de Atendimento do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES).
Um novo olhar sobre a arquitetura e decoração foi o tema do painel “Gerar Valor e Felicidade: a Experiência do Lar”. O principal ponto abordado foi a necessidade de fazer presente a sensação de pertencimento a um imóvel, que deve representar os anseios e refletir aquilo que o morador identifica.
O destaque foi dado à felicidade e poder estar em contato com o que é verdadeiro e com os novos comportamentos das pessoas. Para ilustrar como os novos empreendimentos podem estar alinhados às demandas do alto padrão, a jornalista e editora colaboradora da Casa Vogue Carol Scolforo apresentou construções que saíram do lugar comum e trouxeram soluções para atender às necessidades dos clientes.
Além dessas facilidades, o arquiteto, engenheiro e diretor da DG projetos, Bernardo Grasseli destacou pontos essenciais para o maior conforto no ambiente de casa. “Uma casa que atenda a sua família, com espaço suficiente, mais a iluminação natural e o isolamento acústico trazem conforto para o ambiente. O convívio com as plantas e a criação de espaços sensoriais, também ajudam na construção de um ambiente agradável”, ressalta.
Já o CEO da Cupola Imobi, Rodrigo Werneck, trouxe um assunto que é de interesse de inquilinos, proprietários, imobiliárias e profissionais de locação: “Uma visão inovadora para o futuro da locação de imóveis”.
Ele explicou que, assim como na maioria dos países com economias maduras, o Brasil caminha para um futuro em que boa parte da população opta pelo aluguel de imóveis. Dentre os motivos por trás desse comportamento dos consumidores, o CEO destacou a valorização dos imóveis, os juros altos, a estagnação da renda e o estilo de vida da população.
Entre as ideias para ajudar o mercado a “surfar a onda do aluguel”, Werneck ressaltou as novas plataformas digitais que têm entrado nesse mercado de forma cada vez mais competitiva. Ele acredita que o mercado está se adaptando a esse modelo de negócios chamado de “flex stay” (moradia flexível), principalmente através da profissionalização e do conhecimento que as empresas e os profissionais de locação tradicional oferecem.
Durante o bate-papo, mediado pela editora adjunta do Hub Imobi, Karine Nobre, o presidente eleito do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Espírito Santo (Creci-ES), Aurélio Capua Dallapicula, reforçou que trabalhar com locação não é simples, como muitos pensam, e que a falta de confiança em plataformas digitais pode ser um fator decisivo na mente dos proprietários de imóveis.
Com a apresentação da editora adjunta do Estúdio Gazeta, Lara Rosado, o evento foi aberto pelo diretor de Mercado da Rede Gazeta, Marcio Chagas. Contente em ver o auditório cheio, ele relembrou que, desde o primeiro ano, em 2020, o Talk Imóveis tem uma estreita parceria com a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), e, nesta edição, não poderia ser diferente.
“Este evento tem um papel fundamental para o mercado imobiliário capixaba, setor que se mostrou ser altamente resiliente frente às instabilidades que enfrentou nos últimos anos. Mesmo com a taxa de juros (Selic)atingindo dois dígitos, os empreendimentos não param de ser lançados em diferentes regiões do Estado, e a demanda por imóveis residenciais e, sobretudo, os comerciais continua alta”, analisa.
O presidente da Ademi-ES, Eduardo Fontes, observou que o Talk Imóveis tem uma incumbência fundamental de discutir temas que compõem a “espinha dorsal” do mercado imobiliário capixaba, e antecipou que o momento é de otimismo. “Com a tendência na queda da taxa da Selic, com a inflação controlada e, por consequência, com o crescimento no crédito imobiliário, estamos otimistas para 2024”, avalia.
Além disso, o diretor de Negócios e Recuperação de Ativos do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), Carlos Artur Hauschild, também participou da abertura e comentou sobre a importância do mercado de crédito para o desenvolvimento do Estado como um todo. “É um período de sinergia no ES. Com o Banestes sendo o banco que oferece a melhor taxa do Brasil e que, em apenas os nove primeiros meses de 2023, alcançando 50% de toda a marca histórica da instituição, é sinal de que estamos gerando mais empregos, mais renda e mais desenvolvimento”, afirma.
A gerente e a coordenadora de conteúdo do Estúdio Gazeta, Mariana Perini e Flávia Martins, falaram sobre a editoria Hub Imobi. “O Talk Imóveis é muito mais do que um simples evento; ele é um dos braços mais importante do Hub Imobi, que, por sua vez, está sempre em busca das novidades do mercado, mostra as principais tendências e conta com colunas das mais importantes entidades do setor, seja no portal on-line, seja nas redes sociais, seja no grupo de WhatsApp e, agora, na revista impressa e digital, que trará a cobertura completa deste evento”, observa Mariana.
O gerente de Audiência e Inteligência de Mercado da Rede Gazeta, Aldo Muñoz, falou sobre uma pesquisa inédita sobre o setor imobiliário capixaba, realizada pela Rede Gazeta, que será divulgada na Revista Hub Imobi, nas versões impressa e digital.
BRENO ALEXANDRE, GABRIEL MAZIM e VITOR GEGÓRIO são alunos do 26º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta e foi supervisionada pela editora do Estúdio Gazeta Flávia Martins.
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