A publicitária Giulia, de 24 anos, tem vivido uma verdadeira saga nos últimos meses. Moradora de Jardim da Penha, em Vitória, há quase um ano, ela escolheu viver no bairro por conta da infraestrutura ofertada e da proximidade do trabalho. Entretanto, devido a alguns infortúnios no apartamento atual, ela precisa se mudar e conseguir um novo endereço na região se tornou uma tarefa complicada.
Isso, porque, a oferta de unidades tem sido bem menor do que a demanda, o que, por consequência, aumenta o preço dos aluguéis. Ela conta que nessa jornada por uma nova residência já se deparou com uma fila de espera de 30 pessoas apenas para visitar um apartamento.
“Tem sido complicado. Principalmente, por conta do valor e da alta procura. Já visitei apartamentos de apenas um quarto por mais de R$ 2 mil reais. Estou nessa busca há seis meses e, recentemente, os preços tiveram um disparo muito grande, assim como a concorrência”, relata a publicitária.
Ela explica que já chegou a procurar por imóveis em outras regiões da Capital, como Jardim Camburi, mas tem visualizado empreendimentos na mesma média de valor. “Para mim, que sou mais jovem e estou iniciando no mercado de trabalho, tem sido difícil encontrar alguma opção que cabe no bolso.”
Esse cenário é fruto, justamente, da baixa disponibilidade de imóveis para locação no mercado capixaba. O diretor comercial da imobiliária Betha Espaço, Charles Bitencourt, explica que, para Jardim da Penha, isso se soma a uma característica particular da região, que é a de absorver diferentes perfis de público.
O primeiro, é o locatário normal, que busca um apartamento ou uma casa para morar. Já o segundo, é o perfil do estudante que, desta época do ano, até meados de abril, procura por imóveis de locação no bairro por estar próximo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e de escolas com cursos preparatórios para o vestibular.
“Além disso, temos observado que a população de Vitória cresceu naturalmente e tem recebido pessoas de fora, também por um movimento grande de instalação de empresas. Em contrapartida, ficamos muito tempo sem grandes lançamentos e um imóvel demora em torno de cinco anos para ser entregue. Considerando, é claro, a aprovação do terreno, do projeto, lançamento do empreendimento e construção”, destaca Bitencourt.
Para efeitos de comparação, de acordo com o último Censo Demográfico, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Vitória correspondia a 327.801 habitantes, enquanto Jardim da Penha possuía 30.571. Ou seja, quase 10% do total de moradores da Capital.
Mas os efeitos sobre o valor do aluguel começam bem antes da precificação do imóvel. Afinal, o valor de metro quadrado na região valorizou e, apenas, nos últimos 12 meses, Jardim da Penha conquistou uma variação de 14,2%, a quinta maior entre os imóveis de Vitória, aponta o Índice FipeZap.
O vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Gilmar Custódio, ressalta ainda que a falta de terrenos na região é um fator que alimenta essa realidade. Por isso, à medida que a cidade se expande, alguns bairros não suportam mais a demanda por moradia e acabam por provocar o crescimento de endereços adjacentes.
Dados do mais recente Censo Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), mostram que, atualmente, 670 unidades residenciais estão em produção em Jardim da Penha e Mata da Praia.
Para o diretor comercial da imobiliária Betha Espaço, Charles Bitencourt, a alteração desse cenário é um projeto a longo prazo. "A medida que novas unidades forem entregues, então vamos conseguir enxergar novas mudanças."
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