Para os especialistas do setor, a poupança e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) vão deixar de ser as principais fontes de financiamento para o crédito imobiliário. Isso porque, segundo esses especialistas, o crescimento acima dos atuais 10% do PIB depende da estruturação de novos instrumentos de funding (financiamento), que compensem as limitações dessas duas modalidades.
“A tendência é que a poupança não volte a ser relevante para o mercado”, afirma Sandro Gamba, diretor de Negócios Imobiliários do Santander. A conversa aconteceu durante o Conecta Imobi, que acontece em São Paulo até sexta (13), que reuniu outros players do setor, como o superintendente comercial de Crédito Imobiliário do Itaú, Fabrizio Ianelli, que afirma ser necessário “pensar em instrumentos complementares que façam o custo do setor caber na renda do cliente”.
Hoje, os recursos da poupança representam cerca de 35% do financiamento do setor, segundo Gamba. Mas a tendência é que a captação de recursos via mercado de capitais ganhe cada vez mais relevância, tanto para as incorporadoras, quanto para os clientes pessoa física, avalia.
Em 2023, essas formas de funding somaram R$ 2,17 trilhões, uma alta de 13% sobre 2022, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Investimentos em letras de crédito imobiliário (LCI), certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e principalmente em fundos de investimento imobiliário (FIIs) responderam por 40% na composição do funding do setor em 2023, contra 34% em 2022. O volume de empréstimos para aquisição de imóveis no ano passado atingiu R$ 250,7 bilhões, com crescimento de 4% sobre 2022, segundo a Abecip.
Segundo o diretor de Negócios Imobiliários do Santander, a expectativa para este ano é que haja um novo recorde de empréstimos, uma vez que de janeiro a julho o volume já ultrapassou R$ 100 bilhões.
“Para atingir patamar de países desenvolvidos, como Estados Unidos, onde o crédito imobiliário representa 52% do PIB, ou União Europeia, com 40% do PIB, o país precisa ainda avançar muito em questões de ordem estrutural, reduzindo as taxas de juros e equacionando os desafios fiscais”, observa Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc).
Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), avalia que o mercado brasileiro amadureceu na última década, e a demanda por moradia é “infinita”. Para melhorar o acesso aos recursos, contudo, é preciso avanços.
Ele sugere como exemplo a diminuição no prazo de carência das LCIs, que hoje é de 275 dias. Isso aumentaria a captação e estimularia o setor”, afirma. Outra sugestão é facilitar a formalização dos trabalhadores brasileiros, para que mais pessoas tenham acesso ao crédito.
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