A divulgação da pesquisa mais recente do índice FipeZap mostrou que o valor do metro quadrado de Vitória continua ainda em desaceleração, mas em ritmo decrescente. Ou seja, o valor do metro quadrado dos imóveis anunciados para venda na capital, em janeiro, tinha um índice de recuo de -2,2% ao mês. Já em fevereiro, esse percentual caiu para -1,97%, e em março registrou -0,15%, segundo o levantamento mais recente, divulgado esta semana.
Ao mesmo tempo, Vitória se mantém na segunda posição como a capital com o metro quadrado mais valorizado (R$ 10.223), atrás apenas de São Paulo (R$ 10.304) e a quarta cidade com o metro quadrado mais alto no país, atrás apenas de Balneário Camboriú (R$ 11.876) e Itapema (R$ 11.037), ambas em Santa Catarina, e São Paulo (SP).
Para o vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Alexandre Schubert, esse recuo representa um ajuste do mercado diante das expectativas criadas com a alta valorização da capital nos últimos anos.
“Os valores analisados pelo índice FipeZap são de anúncios de terceiros e muitos proprietários com imóveis à venda passaram por todo aquele momento de euforia que o mercado vivenciou de 2019 a 2022 e precificaram com a mesma expectativa. No entanto, no final do ano passado, os valores anunciados começaram a baixar”, explica.
Segundo ele, com a euforia da alta valorização da capital nos últimos anos, os preços dos imóveis de terceiros anunciados chegaram a uma expectativa acima da realidade. “Então, essa desaceleração na valorização dos preços é basicamente um ajuste do mercado das expectativas dos preços dos imóveis prontos”, avalia.
A mesma análise tem a economista do DataZap+, Larissa Gonçalves. Para ela, um dos motivos que podem explicar as quedas seria que “Vitória está começando a sentir as mudanças do quadro macroeconômico, com as altas taxas de juros, levando ao desaquecimento da economia brasileira, que já haviam sido sentidas no mercado de forma geral ainda no ano passado”.
No entanto, ela ressalta que as variações negativas ainda não revertem os ganhos positivos durante o forte período de valorização que aconteceu até o ano passado. “Essas variações negativas ainda não revertem os ganhos positivos durante o forte período de valorização. Se considerarmos o acumulado em 12 meses até março (11,25%), os imóveis obtiveram um ganho real, acima da inflação nos preços, na comparação anual”, analisa.
Segundo a economista, Vitória foi uma das primeiras cidades a começar a se destacar no boom imobiliário possibilitado pelas baixas taxas de juros de 2020, quando a Selic chegou ao patamar mais baixo da história, de 2%, em agosto de 2020. E, ao considerar o acumulado em 12 meses até março, os imóveis obtiveram um ganho real de 11,25% acima da inflação nos preços, na comparação anual.
“A trajetória de valorização continuou até janeiro deste ano, quando, pela primeira vez pontualmente, houve uma forte variação negativa (-2,2% no mês) no preço do metro quadrado, o que vem se estendendo até março em que houve uma nova queda, em menor escala (-0,15% no mês). Contudo, é preciso ressaltar que estamos em um momento ainda de incerteza com novas regras fiscais sendo propostas e possíveis mudanças no cenário macroeconômico, o que pode alterar essa tendência ainda no primeiro semestre deste ano”, complementa.
O diretor de Estatística do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Eduardo Borges, também avalia que esse recuo de preços é uma forma de ajuste do mercado.
Quanto ao mercado primário, aquele de imóveis direto com a construtora, o vice-presidente da Ademi-ES afirma que, por ter uma forma diferente de comercialização, não entra nesse “sistema de expectativas de valorização de preços. É um mercado estável e vai continuar progredindo e valorizando, principalmente com os novos produtos que estão vindo para a capital.”
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta