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Preço médio do m² de Vitória desacelera e mostra ajuste de mercado

Preço médio do m² de Vitória desacelera e mostra ajuste de mercado

Após sucessivas valorizações, mercado imobiliário de terceiros da capital se mantém em alta, mas com preços se adequando à realidade do atual momento vivido pela economia

Publicado em 5 de abril de 2023 às 15:36

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12/12/2019 - Vitória - ES - Mercado imobiliário - Vista aérea de prédios de Vitória - Enseada do Suá
Vitória foi uma das primeiras cidades do país a valorizar durante o boom imobiliário causado pelas baixas taxas de juros. (Luciney Araújo)

A divulgação da pesquisa mais recente do índice FipeZap mostrou que o valor do metro quadrado de Vitória continua ainda em desaceleração, mas em ritmo decrescente. Ou seja, o valor do metro quadrado dos imóveis anunciados para venda na capital, em janeiro, tinha um índice de recuo de -2,2% ao mês. Já em fevereiro, esse percentual caiu para -1,97%, e em março registrou -0,15%, segundo o levantamento mais recente, divulgado esta semana.

Valorização continua

Ao mesmo tempo, Vitória se mantém na segunda posição como a capital com o metro quadrado mais valorizado (R$ 10.223), atrás apenas de São Paulo (R$ 10.304) e a quarta cidade com o metro quadrado mais alto no país, atrás apenas de Balneário Camboriú (R$ 11.876) e Itapema (R$ 11.037), ambas em Santa Catarina, e São Paulo (SP).

Para o vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Alexandre Schubert, esse recuo representa um ajuste do mercado diante das expectativas criadas com a alta valorização da capital nos últimos anos.

“Os valores analisados pelo índice FipeZap são de anúncios de terceiros e muitos proprietários com imóveis à venda passaram por todo aquele momento de euforia que o mercado vivenciou de 2019 a 2022 e precificaram com a mesma expectativa. No entanto, no final do ano passado, os valores anunciados começaram a baixar”, explica.

Segundo ele, com a euforia da alta valorização da capital nos últimos anos, os preços dos imóveis de terceiros anunciados chegaram a uma expectativa acima da realidade. “Então, essa desaceleração na valorização dos preços é basicamente um ajuste do mercado das expectativas dos preços dos imóveis prontos”, avalia.

Boom imobiliário

A mesma análise tem a economista do DataZap+, Larissa Gonçalves. Para ela, um dos motivos que podem explicar as quedas seria que “Vitória está começando a sentir as mudanças do quadro macroeconômico, com as altas taxas de juros, levando ao desaquecimento da economia brasileira, que já haviam sido sentidas no mercado de forma geral ainda no ano passado”.

No entanto, ela ressalta que as variações negativas ainda não revertem os ganhos positivos durante o forte período de valorização que aconteceu até o ano passado. “Essas variações negativas ainda não revertem os ganhos positivos durante o forte período de valorização. Se considerarmos o acumulado em 12 meses até março (11,25%), os imóveis obtiveram um ganho real, acima da inflação nos preços, na comparação anual”, analisa.

Ganho real

Segundo a economista, Vitória foi uma das primeiras cidades a começar a se destacar no boom imobiliário possibilitado pelas baixas taxas de juros de 2020, quando a Selic chegou ao patamar mais baixo da história, de 2%, em agosto de 2020. E, ao considerar o acumulado em 12 meses até março, os imóveis obtiveram um ganho real de 11,25% acima da inflação nos preços, na comparação anual.

“A trajetória de valorização continuou até janeiro deste ano, quando, pela primeira vez pontualmente, houve uma forte variação negativa (-2,2% no mês) no preço do metro quadrado, o que vem se estendendo até março em que houve uma nova queda, em menor escala (-0,15% no mês). Contudo, é preciso ressaltar que estamos em um momento ainda de incerteza com novas regras fiscais sendo propostas e possíveis mudanças no cenário macroeconômico, o que pode alterar essa tendência ainda no primeiro semestre deste ano”, complementa.

Mercado saudável de lançamentos

O diretor de Estatística do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Eduardo Borges, também avalia que esse recuo de preços é uma forma de ajuste do mercado.

Aspas de citação

Com a alta de preços, os proprietários começaram a anunciar seus imóveis com valores mais altos. Mas com o passar dos meses, as pessoas estão caindo na real, e vendo que não é essa explosão de preços. O que temos então, é um ajuste natural. Lembrando que a pesquisa é feita com base em imóveis de terceiros e não de lançamentos

Eduardo Borges
Diretor de Esttística do Sinduscon-ES
Aspas de citação

Quanto ao mercado primário, aquele de imóveis direto com a construtora, o vice-presidente da Ademi-ES afirma que, por ter uma forma diferente de comercialização, não entra nesse “sistema de expectativas de valorização de preços. É um mercado estável e vai continuar progredindo e valorizando, principalmente com os novos produtos que estão vindo para a capital.”

Entenda o que está por trás da desaceleração dos preços

  • A pesquisa do índice FipeZap é feita com base em anúncios de imóveis de terceiros, ou seja, não pertencem a construtoras.
  • Os imóveis de construtoras são denominados de mercado primário.
  • O recuo na valorização é uma forma de ajuste do mercado mediante expectativas criadas desde o boom imobiliário vivenciado de 2019 a 2022.
  • Vitória foi uma das primeiras cidades a começar a se destacar no boom imobiliário que as baixas taxas de juros de 2020 possibilitaram. 
  • A trajetória de valorização continuou até janeiro deste ano, quando, pela primeira vez, houve variação negativa de -2,2% no mês no preço do metro quadrado.
  • Essa desaceleração vem se estendendo até março, mas em menor escala: -0,15% no mês. 
  • Isso é um reflexo das mudanças do quadro macroeconômico, com taxas de juros mais altas e desaquecimento da economia brasileira, já manifestado desde o ano passado.
  • No entanto, as variações negativas não revertem os ganhos positivos durante o forte período de valorização. 
  • No acumulado em 12 meses até março (11,25%), os imóveis obtiveram um ganho real, acima da inflação nos preços, na comparação anual.
  • Segundo as fontes, essa desaceleração é algo natural, após um período de valorização muito forte e similar ao que ocorreu no cenário nacional.
  • A expectativa para os próximos meses é de estabilização.

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