O estudo “O Custo da Burocracia no Imóvel”, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), mostra que o excesso de burocracia para a construção e aquisição da casa própria no Brasil aumenta em até 12% o valor final do imóvel para o proprietário.
“Isso equivale a R$ 18 bilhões por ano, considerando-se os financiamentos com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e da caderneta de poupança, com base na média de unidades novas entregues anualmente. Esse custo extra onera toda a cadeia do setor e é pago pela sociedade brasileira”, avalia o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Douglas Vaz.
Portanto, uma das ações do setor no Espírito Santo tem sido buscar formas de reduzir o tempo de espera e otimizar os processos para aprovação de projetos imobiliários no Estado, em conversas e parcerias com as prefeituras.
“O setor da construção tem feito propostas para a redução desses custos burocráticos, por meio de melhores práticas para análise e aprovação dos projetos imobiliários, padronização e revisão das legislações municipais, estaduais e federais, maior informatização dos processos e antecipação dos financiamentos aos compradores”, complementa Vaz.
Esse diálogo entre o poder público e o setor da construção tem trazido resultados positivos para ambos os lados. Municípios da Grande Vitória, como Serra e Cariacica, recentemente revisaram seus planos diretores municipais (PDMs) com a intenção de atualizar regras que poderiam servir de entraves, além de reduzir parte da legislação. A digitalização e até mesmo a utilização da inteligência artificial (IA) têm contribuído para acelerar e otimizar processos.
Em Vitória, foi lançada a página “Aprovação Online”, em que é possível solicitar e obter em meio digital a aprovação de projetos arquitetônicos, licenciamento de obras de edificações, dispensa de alvará e consulta a projetos aprovados, bem como acessar os painéis de indicadores de licenciamento de edificações. Além disso, foram simplificados os modelos de representação de projetos arquitetônicos para imóveis residenciais e retrofit. Este último é voltado à reforma de prédios antigos. Houve ainda flexibilização dos parâmetros construtivos para edificações do Centro, com objetivo de incentivar investimentos na revitalização da região.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação da Capital, haverá ainda um novo formato simplificado do Termo de Referência (TR) do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que avalia o impacto dos projetos no entorno da construção.
Outro exemplo é a Prefeitura da Serra, que implantou o Licenciamento Integrado de Obras e Ambiental, realizado pelas secretarias de Meio Ambiente (Semma) e de Desenvolvimento Urbano (Sedur).
“Nossa cidade é a única no país a emitir, em um único documento e em cerca de 20 dias, tanto a licença ambiental quanto a licença de obras. Antes, era necessário obter as licenças separadamente, o que atrasava o processo. A unificação das secretarias de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente foi essencial para essa inovação”, explica o secretário das pastas, Claudio Denicoli.
Vila Velha também implementou, entre outras medidas, o processo eletrônico para análise dos projetos e, segundo a prefeitura, 1.212 novas obras foram aprovadas, em quase quatro anos. Além disso, está em fase final de desenvolvimento o projeto “Vila Velha Ágil”, que permitirá a aprovação dos empreendimentos por meio de um processo integrado entre secretarias visando à redução do tempo de tramitação.
Já a Prefeitura de Viana implantou o Sistema Desenvolve Legal, que utiliza inteligência artificial para aprovação de projetos e está integrado aos demais sistemas utilizados pela prefeitura, como o tributário, o imobiliário e o protocolo, além do Plano Diretor Municipal (PDM) e do Código de Obras, que foi recentemente atualizado.
Cariacica também tem usado a tecnologia para agilizar a aprovação de projetos por meio da implantação do sistema eletrônico “Aprova Legal”, que permite protocolar e acompanhar processos de licenciamento de forma remota.
Outra questão que vem sendo debatida é a burocracia quando esses projetos chegam aos cartórios para serem aprovados, dependendo das exigências. Segundo o diretor do Conselho Federal do Colégio Notarial, Rodrigo Reis Cyrino, é essencial o diálogo entre empreendedores da construção e órgãos públicos, levando soluções com o intuito de chegar a um denominador comum.
“Desburocratizar é simplificar procedimentos que não causem insegurança jurídica. Se é exigida aquela lei, houve um debate democrático, e os cartórios vão cumpri-la. Se não houver consenso, isso deve ser levado à Justiça ou ao Legislativo para que aquela lei seja mudada ou atualizada”, avalia.
Ele afirma, ainda, que os cartórios, cada vez mais, podem ser cobrados em adotar uma padronização, tendo essas regras claras, mas a lei precisa ser observada. “As leis existem para dar segurança jurídica, e os cartórios fiscalizam o cumprimento da legislação”, complementa.
A seguir, confira as ações das prefeituras da Grande Vitória para agilizar os procedimentos.
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