Você já notou que a cada dia surgem novos prédios na Grande Vitória e cada vez é mais raro encontrar uma casa nova para comprar? Segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12% da população brasileira mora em apartamentos (em 2010, esse número era de 8,46%), enquanto a quantidade de residentes em casas caiu de 89,4%, em 2010, para 84,78%. No entanto, em duas cidades capixabas esses índices são bem maiores e elas aparecem entre as mais verticalizadas do país.
Vitória está em quarto lugar, com 45,4% de seus moradores vivendo em edifícios. A Capital fica atrás apenas de Santos (63,45%), Balneário Camboriú (57,22%) e São Caetano do Sul (50,77%). Já Vila Velha ocupa a 11ª posição, com 37,89% de sua população em apartamentos, índice mais alto, inclusive, que do Rio de Janeiro (36,03%) e de Belo Horizonte (34,96%).
O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Eduardo Fontes, explica que isso acontece, principalmente em Vitória, por conta da escassez de terrenos. “Vitória é uma ilha, portanto, tem limitação geográfica. Não é possível empreendimentos horizontais, pois os terrenos são menores e muito valorizados”, avalia.
Outro fator, apontado pelo diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES), Leandro Lorenzon, é que grande parte do território da Capital é ocupado por um maciço rochoso, o que impede novas edificações nessa região.
“A consequência disso é uma verticalização intensa. O mercado imobiliário sempre olha a verticalização com bons olhos, pois um prédio é uma grande escala sobre o mesmo território urbano. Ou seja, você consegue ocupá-lo de forma mais eficiente e, consequentemente, o valor do imóvel da unidade fica mais acessível. Ou seja, adensando, você racionaliza melhor o investimento público”, analisa.
Já Vila Velha, explica o presidente da Ademi-ES, mesmo sendo um município de grandes dimensões, comparado a Vitória, possui restrições do seu Plano Diretor Municipal (PDM) além de ter as suas áreas nobres mais verticalizadas.
“O mercado imobiliário vai aonde está a renda da população, adensando. Com isso, temos uma valorização de terrenos, que fazem com que os empreendimentos sejam verticalizados”, analisa.
Leandro Lorenzon concorda, acrescentando que o município canela-verde recebeu parte da migração da verticalização de Vitória, principalmente depois da inauguração da Terceira Ponte. “Isso potencializou muito a verticalização de Vila Velha, que é mais linear: ela nasce na Praia da Costa e vai seguindo pela linha litorânea, passando por Itaparica até o bairro Jockey”, analisa.
Ele complementa que a cidade tem se adensado para dentro do continente também, mas sempre seguindo a linha do oceano. “As pessoas sempre buscam morar próximo ao mar, pois é sinônimo de qualidade de vida e de lazer. Isso, sem contar que Vila Velha é uma alternativa a Vitória”, analisa.
Por outro lado, um maior adensamento significa mais pessoas morando em um mesmo espaço, o que se transforma em um desafio para o poder público, já que é preciso equilibrar o espaço com uma população maior e a qualidade de vida.
Segundo o secretário de Desenvolvimento da Cidade e Habitação de Vitória, Luciano Forrechi, é preciso criar um equilíbrio de mobilidade urbana, com novos meios de transporte, e trabalhar as questões públicas do adensamento.
“Estamos pensando em Vitória a longo prazo. Atualmente, temos duas consultorias em andamento para pensar nessa cidade do futuro. Queremos colocar a cidade à disposição para pensar em transporte público com soluções e diálogo junto à comunidade”, analisa.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta