Os carros elétricos são uma realidade cada vez mais presente na vida dos capixabas. Não é atoa que o Espírito Santo foi o Estado que mais cresceu no emplacamento de carros elétricos em 2023, atingindo 169% de aumento nas vendas, de acordo com os dados divulgados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). E, somente este ano, houve um crescimento de 161,26% na venda de carros eletrificados no Estado, comparado aos seis primeiros meses de 2023.
Pensando nisso, algumas construtoras estão optando por entregar os edifícios já com tomadas para carregar os veículos. No caso dos condomínios que não possuem estes pontos, a procura pela instalação aumentou. É o que afirma a vice-presidente da Associação Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Patrícia Sperandio.
“A questão da instalação das tomadas é quase sempre um ponto de pauta nas reuniões de condomínio que estamos presentes. O assunto está em alta, porque cada vez mais as pessoas estão comprando carros elétricos”, pontua. E sempre surgem dúvidas sobre quem paga a conta no final, da instalação ao custo da energia para a recarga dos veículos.
Apesar de existirem eletropostos espalhados pelo ES em locais como supermercados, shoppings e hospitais, a maioria está na capital e pode não ser suficiente para atender a demanda que está crescendo cada vez mais. Por isso, veja o passo a passo de como os condomínios podem se preparar.
Mediante o interesse de um ou mais moradores, a Ademi-ES recomenda que o condomínio contrate um engenheiro eletricista para fazer um estudo sobre a carga elétrica do prédio. O profissional vai analisar se a edificação pode receber um aumento de carga e quantas tomadas podem ser instaladas.
“O engenheiro eletricista ou técnico habilitado vai dizer se o prédio poderá receber o aumento de carga, que é considerável. Depois disso, fazemos o projeto que vai contemplar o ponto de fornecimento da energia, as proteções, a infraestrutura de eletrocalhas e o cabeamento para chegar até o ponto”, afirma o engenheiro eletricista João Olivio.
Ainda, segundo o engenheiro, os condomínios que fizerem o procedimento por conta própria correm o risco de sofrerem até com incêndios. “Uma instalação incorreta sem o aval de um especialista pode levar a um mau funcionamento da estrutura, desligamento involuntário, além de desarmar constantemente a proteção. E claro, a situação mais crítica que pode acontecer é realmente pegar fogo ", destaca.
Esse é o momento de apresentar o laudo técnico e definir o que será feito. Se o documento apontar que o prédio pode receber tomadas em todas as unidades e for de interesse dos moradores, o valor da instalação será divido por todos os apartamentos. Já a conta de energia é individual, uma vez que a tomada é instalada diretamente no medidor de energia do morador.
No entanto, pode ser que nem todos os condôminos tenham interesse em adaptar suas vagas ou seja inviável a instalação de tomadas em todas as unidades. Nesses casos, somente as unidades que forem adaptadas devem arcar com os custos da instalação. A conta de energia continua sendo individual.
Um passo importante é acionar a seguradora formalmente após a decisão da assembleia e apresentar o documento elaborado pelo técnico para saber se o seguro do condomínio possui cobertura de incêndio decorrente de problemas envolvendo carros elétricos.
Se a seguradora não cobrir, o condomínio não poderá prosseguir com a instalação, uma vez que não pode ficar sem seguro. Porém, se o serviço estiver incluso, a instalação já pode ser feita.
Orientações do Corpo de Bombeiros
O Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) ainda não elaborou nenhum parecer técnico para regulamentar a instalação de tomadas nos condomínios. Porém, em 2023 o órgão criou uma comissão para estudar os procedimentos em emergências com veículos elétricos.
A comissão é composta por bombeiros especialistas em atendimento emergencial e em segurança contra incêndio. O órgão também apresentou uma série de recomendações de segurança. São elas:
O Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo já elaborou uma norma que está em consulta pública para debater com todos os atores envolvidos. Segundo o CBMES, a instituição pretende adotar a mesma normativa no Espírito Santo, entretanto, é necessário aguardar a finalização dos debates em São Paulo.
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