Apesar de ser fundamental para a preservação do meio ambiente, não existe um protocolo para a coleta seletiva em condomínios. Contudo, quando o tema não é tratado com responsabilidade, o lixo pode virar uma bola de neve e o problema passa a atingir diretamente a vida dos moradores, a administração condominial e até mesmo o bairro ou cidade.
A coleta seletiva consiste no recolhimento de resíduos depois da separação prévia, pelos apartamentos, de acordo com cada tipo: recicláveis, como metal, papel, papelão, plásticos e vidros, por exemplo; ou rejeitos, aqueles que não são recicláveis. No Brasil, o mais comum é que esse procedimento seja feito pelo serviço público, privado ou misto, ou em pontos de entrega voluntária.
Como explica o ativista ambiental e presidente da Rede de Economia Solidária dos Catadores Unidos do Espírito Santo (Reunes), Lúcio Heleno, as mudanças climáticas causam consequências reais e que impactam em grande escala na vida das pessoas. E isso é resultado da irresponsabilidade com o lixo produzido nas cidades.
“As pessoas não fazem ligação direta entre o ato de jogar uma embalagem, por menor que ela seja, em um local inadequado, com os problemas ambientais. Para preservar o meio ambiente existe a coleta seletiva, que tem o papel de compensar parte da energia gasta na produção de produtos na indústria”, destaca.
Lúcio afirma também que a falta da coleta realizada de forma correta acarreta em um alto custo para o poder público no tratamento do lixo em aterros. “Quando o resíduo é encaminhado para uma associação de catadores, esse preço é reduzido drasticamente”, aponta ainda.
Alguns prédios residenciais já tornaram a coleta seletiva um padrão, mas muitos condomínios ainda buscam colocar em prática esse sistema e encontram dificuldades para saber como e onde começar.
Ainda de acordo com o presidente da associação de catadores, quando um condomínio escolhe adotar medidas de coleta seletiva, as chances de contribuir para a valorização do imóvel são grandes, em razão do valor agregado que essas ações podem gerar.
O Sindicato Patronal de Condomínios (Sipces) e algumas administradoras, por exemplo, fazem parcerias com cooperativas. “A coleta seletiva não é tão aplicada pelos condomínios, visto que falta presença e ação da municipalidade para coleta desse lixo, e as ações privadas, via cooperativa ou não, não atuam ainda com larga escala”, comenta o presidente do sindicato, Gedaias Freire.
“É papel do síndico orientar e divulgar quais lixos são considerados secos e descartáveis para reciclagem e agir junto à municipalidade ou entidade privada para recolher o lixo em períodos combinados”, explica.
Outra opção é a administração do condomínio recorrer a serviços de compostagem: processo de reciclagem do lixo orgânico que transforma a matéria encontrada no lixo em adubo natural. Um exemplo é a Folha Composta, que realiza esse tipo de procedimento.
A organização, formada por João Pedro Jobim e Letícia Fonseca, faz coleta em residências, condomínios e pequenas empresas, além de oferecer subsídios para outras organizações que precisam de recipientes para armazenar o material orgânico descartado para produzir o adubo.
"Sentimo-nos gratificados quando algum condomínio contrata o Folha Composta, porque este é um pontapé inicial para outras pessoas entenderem a importância do nosso trabalho de coleta personalizada de resíduos. É um verdadeiro efeito cascata", comenta João Pedro.
Veja sete passos básicos para começar o hábito sustentável no seu condomínio:
Estude o quanto de materiais são gerados pelo seu condomínio e avalie o espaço para concentrar todo esse fluxo. Também é preciso definir o modelo e a quantidade dos coletores. Alguns prédios, por exemplo, usam contêineres de plástico próximos aos elevadores de serviço ou perto da garagem.
Cada tipo de descarte tem um local correto para ficar. E essa consciência começa dentro de casa. A separação entre os lixos secos, orgânicos e rejeitos – ou seja, aquilo que não há nada o que possa ser feito além de ser destinado ao aterro – deve estar embutido nas ações de todos os moradores.
Também é preciso cautela com aqueles resíduos que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, em função de características, como ser inflamável, corrosivo, reativo, entre outras. Em caso de descarte constante desses materiais, é recomendável conversar com a seguradora sobre a ameaça de acidentes no local.
Os responsáveis pela limpeza devem receber orientações sobre o assunto, usar os equipamentos adequados, receber pagamento por insalubridade e tomar medidas para evitar ferimentos e ocorrências mais graves. Também é necessário definir uma rotina de frequência do serviço, como os dias da semana e horários, para não acumular materiais no condomínio e não ultrapassar a capacidade de armazenamento dos recipientes.
Algumas organizações prestam serviços que atendem em domicílio e fazem trabalhos de educação e sensibilização sobre a separação adequada para os moradores.
Se seu condomínio não é contemplado pela coleta seletiva da prefeitura ou o serviço não for suficiente, a opção é procurar uma empresa de coleta ou buscar parceria com cooperativas para retirada do material.
Assim como a Folha Composta, existem outras organizações que atuam na área, mas é possível fazer de casa mesmo. Para quem tiver um quintal, uma dica é fazer um buraco na terra e coloque todos os materiais orgânicos que produzir em sua cozinha, como restos de alimentos, casca de verduras e frutas não cítricas, cascas de ovo e borra de café. Com o tempo, o resíduo vai se misturar e formar uma terra escura e fofa, altamente nutritiva para as plantas.
Independentemente da administração do condomínio tomar as medidas cabíveis em relação ao resíduo gerado no local, cabe também ao condômino cobrar em assembleias e ele próprio ajudar a separar o lixo seco do não reciclado e depositá-lo em em contentor apropriado.
Vitória
A Central de Serviços da prefeitura informou que o síndico do condomínio interessado deve ligar para o telefone 156 para solicitar a implantação da coleta seletiva.
Em seguida, a equipe responsável vai agendar uma visita técnica e orientar sobre o serviço e os dias e horários de coleta de cada bairro. O condomínio deverá adquirir um contentor específico para esta finalidade.
Vila Velha
A Prefeitura de Vila Velha, por meio da Secretaria de Serviços Urbanos, oferece o serviço apenas aos condomínios cadastrados. A coleta é realizada em rotas e acontece diariamente. A pasta afirmou ainda que vem realizando modernização do plano de coleta seletiva para atender toda cidade.
A prefeitura ressalta que também disponibiliza os serviços de cata-móveis e de recolhimento de eletroeletrônicos que podem ser solicitados pelo telefone 162 da Ouvidoria Municipal, e conta também com Ecopontos para descarte voluntário de materiais.
Cariacica
A Secretaria de Serviços de Cariacica (Semserv) realiza a coleta seletiva em 11 condomínios do município e está negociando com mais quatro e com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Cariacica (CDL) para o comércio da Avenida Expedito Garcia implantar o serviço. A coleta é feita de forma diária.
A Semserv possui também mais de 40 unidades de coleta seletiva de Cariacica e os ecopostos, próprios para o recebimento de materiais que serão destinados para reciclagem.
Além disso, todo o material recolhido é repassado diariamente para duas associações de catadores de materiais recicláveis do município: Acamarp, em Nova Rosa da Penha; e Flexvida, em Porto Novo.
Existe também o serviço Papa-Móvel. Qualquer pessoa pode acionar o serviço pelo telefone 162, a pasta faz o agendamento e uma equipe busca o móvel, eletrodoméstico ou lixo eletrônico na casa do morador. Aqueles que têm possibilidade de reforma são recuperados no galpão da secretaria em Sotema e distribuídos a famílias cadastradas pela Secretaria Municipal e Assistência Social (Semas).
Já a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente (Semdec) informou que a abordagem é de natureza educativa. As equipes de educação ambiental, saneamento e serviços apresentam a oferta da coleta seletiva para que os moradores se conscientizem sobre o devido acondicionamento e controle da produção de resíduos.
Viana
No município, a coleta seletiva é realizada por meio da Associação de Catadores de Viana (Ascamavi), mediante agendamento por meio do telefone (27) 99862-8893.
Serra
A Prefeitura foi demandada, mas não retornou até a publicação desta reportagem.
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