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Como fica o crédito imobiliário com a alta da taxa Selic?

Como fica o crédito imobiliário com a alta da taxa Selic?

Taxa básica de juros, que chegou ao menor patamar histórico de 2% ao ano em 2020, alcançou 13,75% em agosto. Mas especialistas explicam que juros do crédito imobiliário não aumentaram na mesma proporção e se mantêm atrativos

Publicado em 25 de agosto de 2022 às 10:35

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Como fica o crédito imobiliário com a alta da Selic?
Ainda é possível encontrar crédito imobiliário com juros menores que 8% ao ano. (Shutterstock)

A Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), é a taxa básica para o cálculo de juros da economia brasileira. Quando ela cai, todas modalidades de crédito acompanham, e quando ela sobe, acontece o mesmo com as taxas de financiamento. Portanto, com a escalada dos juros – atualmente, a Selic se encontra em 13,75%, sendo que chegou ao menor patamar histórico de 2% ao ano, em 2020 –, os financiamentos imobiliários também tendem a ficar mais caros.

No entanto, especialistas explicam que esse repasse, geralmente, não ocorre totalmente ou de forma imediata por parte dos bancos. Tanto que ainda é possível encontrar crédito imobiliário com juros menores que 8% ao ano. Como é o caso do Banestes, que atualmente tem uma das menores taxas do mercado: uma fixa de 7,99% ao ano, mais a taxa referencial (TR).

“Enquanto o mercado decresceu 27% em produção, o Banestes segue batendo recordes de número de contratos, volume e renda de carteira imobiliária. Nosso posicionamento é o de manter as melhores condições para financiamento de imóveis no Espírito Santo”, acrescenta o banco, em nota.

Segundo Ricardo Gava, executivo da Gava Crédito Imobiliário, os bancos possuem recursos investidos na poupança que são destinados a empréstimos, como financiamento imobiliário, e, geralmente, vão mantendo os juros a um patamar acima da poupança e abaixo da Selic para captação de novos clientes, até quando suportarem novas contratações com esses recursos.

“Em virtude disso, é comum um ou outro banco se movimentar com sua taxa praticada no financiamento imobiliário logo após alteração da Selic, enquanto outros demoram mais ou nem mudam, dependendo do ajuste. Ainda é vantajoso financiar imóvel nesse momento, o mercado imobiliário segue aquecido em virtude da demanda, e o crédito imobiliário é um propulsor”, avalia.

A expectativa, segundo Gava, é que a Selic possa subir ainda mais, apesar de haver perspectivas, por parte de economistas, de que no ano que vem as coisas comecem a melhorar. “É arriscado responder se vale a pena esperar até o ano que vem para financiar um imóvel, pois a oportunidade de compra que aparece hoje talvez não apareça no próximo ano”, ressalta.

CUIDADOS NA HORA DE FINANCIAR

Dependendo do banco, é possível financiar até 90% do valor do novo imóvel. Por outro lado, é preciso estar atento à sua capacidade de investimento, já que um contrato de financiamento imobiliário é de longo prazo, podendo chegar a 30 anos.

O economista Vaner Corrêa orienta que o valor das prestações não pode ultrapassar 30% do orçamento da família, que precisa analisar, antes de fechar contrato, se os 70% restantes vão ser suficientes para cobrir todos os demais gastos, como alimentação, escola, aluguel e transporte.

“Crédito é bom para a economia, pois movimenta todo o mercado, mas é importante pesquisar as opções disponíveis no mercado. Com a Selic alta, as taxas de juros estão mais altas, mas nem tanto, é possível encontrar taxas acessíveis. Portanto, analisar as oportunidades é importante”, aconselha.

Sobre aproveitar a oportunidade de comprar o imóvel dos sonhos agora e posteriormente fazer a portabilidade da dívida para outro banco, quando os juros estiverem melhores, Corrêa avalia que é uma opção interessante, mas é preciso fazer conta.

“Quando se faz a portabilidade para outro banco, entram, no valor do financiamento, outros valores, como a escritura novamente. É preciso calcular para ver se essa portabilidade vale a pena por causa desse valor acumulado, ou se é melhor continuar com o financiamento com as taxas anteriores”, diz.

5 PASSOS PARA CONTRATAR CRÉDITO IMOBILIÁRIO

  • 01

    Simulação

    Pesquise todas as taxas e outros componentes que fazem parte da mensalidade (juros, seguro, anuidade) e opte pelo que for mais vantajoso. Praticamente todos os bancos têm simuladores em seus sites, que permitem inserir a renda, valor de imóvel desejado, entrada, entre outros, e apontam as possibilidades e taxas disponíveis.

  • 02

    Aprovação

    A análise de crédito é feita pelo banco, que vai definir se o comprador tem condições de arcar com o valor do financiamento, quanto precisará pagar de entrada, o valor das parcelas e em quanto tempo esse total poderá ser pago. Organize-se financeiramente para isso.

  • 03

    Análise jurídica/conformidade

    O banco também vai analisar todas as partes do contrato e a documentação do comprador, vendedor e se o imóvel está com tudo em dia, garantindo a idoneidade do negócio.

  • 04

    Assinatura do contrato

    Esse é o momento em que as partes selam o acordo e quando o valor contratado pelo financiamento é transferido para o vendedor do imóvel.

  • 05

    Registro do imóvel

    Último passo, que é feito junto ao cartório e à prefeitura, mediante o pagamento das taxas referentes à liberação de toda a documentação. É preciso se preparar financeiramente também para esta etapa, que pode chegar a impactar cerca de 6% do valor do imóvel.

CONFIRA AS PRINCIPAIS LINHAS DE CRÉDITO

Como fica o crédito imobiliário com a alta da Selic?
Dependendo do banco, é possível financiar até 90% do valor do novo imóvel. (Shutterstock)

Financiamento atrelado à TR: uma das linhas mais tradicionais, que tem como correção a Taxa Referencial (TR), que está zerada desde 2017. Esse tipo de financiamento vem atrelado a uma taxa de juros da instituição mais a TR. Confira os bancos que trabalham com essa modalidade:

  • Banestes: taxa fixa a partir de 7,99% ao ano + TR. Permite financiar até 90% do valor do imóvel.
  • Banco do Brasil: taxa de juros a partir de 9,15% ao ano + TR. Permite financiar até 80% do valor do imóvel.
  • Bradesco: taxas a partir de 9,49% ao ano + TR. É possível financiar até 80% do valor do imóvel.
  • Caixa: os índices partem de 7,66% ao ano + TR. O financiamento do imóvel é de até 80% do valor total.
  • Itaú: juros a partir de 9,50% ao ano + TR. Financiamento de até 90% do valor total do imóvel.
  • Santander: índices a partir de 9,49% ao ano + TR, com financiamento de até 80% do valor do imóvel.

Financiamento atrelado ao IPCA: aqui, a taxa está atrelada ao principal medidor da inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Caixa: é o único banco que trabalha com essa modalidade e permite financiar até 80% do valor do imóvel. As taxas de juros dessa linha de crédito ficam a partir de 3,95% ao ano + IPCA. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumulado é de 10,07%.

Financiamento prefixado: esta modalidade de financiamento da Caixa oferta juros fixos e sem correção até o fim dos contratos. As taxas começam em 9,75% ao ano e é possível financiar até 80% do valor do imóvel.

Financiamento corrigido pela Poupança: lançada em 2020, essa modalidade possui uma taxa de juros mais o rendimento da caderneta de poupança, que equivale a 70% da taxa Selic. Veja os bancos que trabalham com esse tipo de financiamento:

  • Bradesco: taxas a partir de 9,165% ao ano + remuneração da poupança. Financiamento de até 80% do imóvel.
  • Caixa: as taxas de juros começam em 2,80% ao ano + TR + rendimento da poupança (6,17% ao ano). O financiamento pode ser de até 80% do valor total do imóvel.
  • Itaú: taxas a partir de 3,45% ao ano + rentabilidade da poupança (6,17% ao ano + TR). O financiamento pode chegar a 90% do valor do imóvel.

Financiamento Casa Verde e Amarela: programa habitacional do governo federal, que possui juros menores. Para fazer parte do programa é preciso preencher alguns requisitos, como renda bruta de R$ 2.400 a R$ 8 mil e o valor máximo do imóvel a ser financiado não deve ultrapassar R$ 264 mil. Disponível apenas na Caixa, os juros ficam em torno de 4,75% ao ano ou 4,25% ao ano para cotistas do FGTS.

*Todos os valores foram consultados em agosto de 2022. Sujeitos a alteração.

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