Boa iluminação, cores estimulantes, plantas pela casa, móveis confortáveis e uma tipologia funcional. Quando falamos da casa ideal, é preciso considerar todos esses fatores para construir um ambiente que seja saudável para todos os moradores. Mas, muitas vezes, um detalhe quase imperceptível, porém tão importante quanto, acaba passando despercebido: a acústica.
“São questões de saúde, conforto e até mesmo psicológicas. Quando falamos de cenários da casa e temos interesse em que eles sejam agradáveis também precisamos de que eles sejam acusticamente bons”, afirma o CEO da GRM, Marco Aurélio Rodrigues de Paula.
Até porque, como ele mesmo destaca, a acústica de um espaço também diz respeito à privacidade. Afinal, quando “ouvimos os eventos sonoros acima ou abaixo, o outro apartamento também vai estar ouvindo a gente e essa sensação de falta de controle do que está ouvindo ou fazendo dá uma sensação de invasão muito grande.”
É com foco na engenharia acústica e na identificação dos sons e vibrações indesejáveis que a empresa atua. O CEO explica que os ruídos mais comuns e prejudiciais são os de tráfego, construção e indústria e que para mitigar esses problemas, em geral, é feita uma avaliação de alguns parâmetros como a duração, frequência e o nível de pressão sonora (NPS).
“Quando falamos de um apartamento que já tem uma certa idade, então não temos muito o que fazer em questão de escolha. Mas quando o ambiente está ou será construído podemos fazer uma avaliação do projeto. Em todos os casos é sempre muito importante uma relação de boa vizinhança e bom senso”, destaca.
Para se livrar dos ruídos vindos da rua, das residências vizinhas e até mesmo de outros cômodos da própria casa, a arquiteta Gilliane Gravim afirma que existem duas soluções: o isolamento acústico e a absorção sonora.
“Ambos são importantes e complementares. O isolamento acústico é o tipo de tratamento dado num ambiente para evitar a propagação do som de um espaço para outro. Geralmente é uma etapa que deve ser pensada antes da construção do ambiente, mas que também pode ser ajustada por meio de pequenas reformas. Para saber qual tipo de isolamento é o mais adequado para o seu ambiente, primeiramente é necessário identificar a fonte do ruído.”
Nesses casos, Gilliane recomenda a instalação de mantas acústicas depois da construção do contrapiso, antes da instalação dos revestimentos ou, em alguns casos, como em áreas secas, acima da própria laje, abaixo do contrapiso, o que é chamado de piso flutuante. "Quando se opta por esse tipo de isolamento, ocorre a diminuição drástica das trocas sonoras entre o seu apartamento e o do vizinho do andar inferior."
Outra dica, de acordo com a arquiteta, é a escolha de materiais com maior absorção acústica ou com maior espessura, que podem auxiliar a atenuar esses ruídos. O porcelanato e outros tipos de cerâmica, por exemplo, são revestimentos que fazem o barulho ecoar mais. Em contrapartida, os pisos vinílicos e de madeira, o absorvem muito bem, portanto, são mais recomendados.
Entretanto, se a fonte do problema é outra, é preciso pensar em outras soluções. Nesses casos, Gilliane Gravim recomenda o uso de forro específico para isolamento acústico, ou até mesmo utilizando placas de gesso acartonado que, segundo a arquiteta, por si só, já tem uma absorção acústica melhor do que a do gesso convencional, em estruturas de steel frame, com camadas isolantes de lã de vidro ou lã de PET.
Tudo isso tem como objetivo aumentar a sensação de conforto de um ambiente. Uma vez que um ambiente com um isolamento térmico apropriado retira do ambiente energias que estão vibrando e pulsando de forma imperceptível, o que aumenta a tensão e o estresse de quem está no espaço, como destaca o CEO da Trisoft, Maurício Charles Cohab.
A principal diferença entre os conceitos de isolamento acústico e o de condicionamento acústico, para o especialista, está na forma como as soluções são empregadas. Enquanto o primeiro não deixa o som passar de um ambiente para o outro, o segundo trata o ambiente para que o barulho local não seja um problema para as pessoas dentro do ambiente, e é com essas ferramentas que a Trisoft trabalha.
“Fazemos um condicionamento acústico e desenvolvemos formas de tratar o ambiente acusticamente de maneira que tudo seja arquitetônico. Em especial, porque o espaço dos elementos acústicos precisa ser usado junto da decoração, integrando todo o espaço em uma única linguagem”, reforça.
Para Maurício Charles, mesmo que o problema seja o som, é sim possível olhar para o ambiente e ver que essas ferramentas empregadas são bonitas, principalmente, porque a acústica deve ser sempre invisível aos olhos.
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