Em dezembro de 2019, a produtora de vídeos Porta dos Fundos, lançou na plataforma de streaming Netflix, um especial de natal, um tanto quanto polêmico. O filme faz uma sátira cômica sobre as tentações que Cristo sofreu. Como já é de se prever, pessoas se revoltaram com a comédia, com a acusação de que, a obra se tratava de uma ofensa as religiões cristãs. Foram criadas listas online para abaixo assinado, além de processos judiciais para que a plataforma removesse o conteúdo, contudo, respeitando o direito à liberdade de expressão, isso não aconteceu. Mas não para por aí, pois as tentativas de coerção e retaliação não ficaram apenas no âmbito jurídico e nas mídias sociais, elas foram além. No dia 24 de dezembro de 2019, às vésperas do natal, a produtora sofreu um atentado com coquetéis molotov, na porta de sua sede para aumentar a pressão pela retirada do conteúdo.
Isto mostra, caro leitor, que as ameaças e intolerâncias, além de dominarem a internet e o judiciário, estão começando a colocar em risco a vida e a propriedade do indivíduo. As pessoas estão perdendo o senso de que, se algo não a agrada, não é necessário inibir que outra pessoa o faça, simplesmente se tem a liberdade (até quando?) de não usufruir disto. Esse não é um caso isolado, basta realizar uma breve pesquisa, para identificar situações de obras que sofreram ou estão sofrendo tentativas de censura.
Recentemente, um caso ganhou as principais mídias do país: o longa-metragem lançado em 2017, com o roteiro do comediante, apresentador e empresário Danilo Gentili. A comédia ganhou os holofotes da justiça brasileira, em março de 2022, devido a uma cena que é acusada de incitar à pedofilia. O objetivo aqui, não é julgar o caráter do conteúdo da obra, mas sim, gerar a reflexão sobre a liberdade de expressão. O curioso dessa história não é o filme e as discussões sobre, mas sim, o fato do Ministério da Justiça entender que a obra não deveria ter a classificação indicativa para maiores de 14 anos, mas sim, para maiores de 18 anos. Sabe quem definiu esta faixa etária seguindo sua classificação? O próprio Ministério da Justiça. Curioso, não?
Naturalmente, isto só confirma que o estado deveria parar de tentar bancar o papel de protetor daqueles que eles intitulam como “indefesos” e abandonar o papel de portador da verdade absoluta, para focar em seu real papel de zelar pela liberdade e a propriedade do indivíduo.
Fazendo uma analogia, a nossa liberdade respira, mas por auxílio de aparelhos. A má notícia é que, em uma percepção mútua, nós temos uma parcela de culpa nisso. Leitor, sabe as pequenas omissões diárias? Faça uma breve reflexão e veja quantas vezes, nos últimos trinta dias, você deixou de expressar uma opinião ou defender uma ideia por algum tipo de receio. Seja por medo de perder o emprego, ser evitado por um grupo de amigos ou cancelado nas redes sociais. Toda vez que abdicamos de expressar nossas ideias, alimentamos a doença que está corroborando, aos poucos, para matar a nossa liberdade. Mas qual seria a cura?
Ludwig Von Mises, no livro "Liberalismo segundo a tradição clássica", ressalta que "o liberalismo precisa ser intolerante com todo o tipo de intolerância". Mas, com esta afirmação, Mises não está incitando a violência, pelo contrário. Para resistir ao poder do estado e a opressão da maioria, o indivíduo, como minoria, deve utilizar seu intelecto para que suas ideias triunfem. Desta forma, fazer ecoar o desejo pela liberdade de viver e se expressar.
Assim, caro leitor, fica o convite para que você utilize a arma mais poderosa já conhecida, o conhecimento. Nutrir-se de conhecimento relacionados as ideias que sejam favoráveis e das que forem contrárias, para que as ideias sejam propagadas e, jamais, silenciadas. Desta forma, estaremos cancelando qualquer tipo de opressão e intolerância, que estão crescendo com o auxílio das censuras, guerras e todas as formas de coerções. A pergunta que fica é: Você está pronto para isso?
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