O setor imobiliário vive ciclos. E os sinais de reaquecimento do segmento, iniciados a partir do segundo semestre de 2020, mostram que o momento atual é o de crescimento. Como prova, os lançamentos têm surgido com mais velocidade, fora os imóveis que já estão em construção e o que ainda há de estoque junto às construtoras e incorporadoras.
Enquanto outros setores da economia tiveram um forte impacto da pandemia do coronavírus, dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) apontaram um aumento de 9,8% na venda de imóveis em 2020, em relação a 2019. O quarto trimestre do ano passado trouxe ainda um aumento de 33,2% nos lançamentos imobiliários no país, em relação ao trimestre anterior, refletindo a maior oferta de produtos diante da alta na demanda. No primeiro trimestre de 2021, o aumento nas vendas foi ainda maior: de 27,1%, em relação ao mesmo período de 2020.
Esse boom imobiliário que o mercado capixaba vem experimentando – após a baixa de lançamentos nos últimos cinco anos –, também traz vantagens para quem deseja adquirir imóvel. O movimento é influenciado principalmente pela redução dos juros, o que impulsiona a aquisição de imóveis tanto para moradia quanto para investimento. Com a Selic em 3,5% ao ano, os juros para a compra de imóveis partem de 6,2% ao ano, mais Taxa Referencial (TR).
Esses juros nos menores patamares históricos, mais facilidade de conseguir crédito e preços ainda atrativos compõem o cenário, explica o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Sandro Carlesso.
Paulo Baraona, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), também enfatiza sobre o momento oportuno para quem quer comprar imóvel. “As boas condições de crédito aumentaram a quantidade de pessoas que decidiu fazer um financiamento e o mercado está saindo de uma crise de cinco anos. Investidores também estão buscando imóveis como uma forma de escapar do baixo rendimento da renda fixa e da insegurança com relação à economia, além de ser um patrimônio físico, o que dá mais segurança”, avalia.
A pandemia do novo coronavírus, que obrigou as famílias a passarem mais tempo dentro de casa, estimulou a busca por novas opções de moradia, com plantas mais espaçosas e área de lazer. Esse aumento na demanda, do segundo semestre de 2020 para cá, surpreendeu até mesmo o mercado que precisou desengavetar projetos.
“Houve um reaquecimento do mercado no ano passado, e muitas empresas viram seus estoques reduzirem e ficaram quase sem produtos, tendo que planejar novos lançamentos. Quem aproveitou o momento conseguiu adquirir imóveis com valores estabilizados, já que, com o reaquecimento do mercado, esses preços tendem a ser reajustados”, acrescenta Carlesso.
O vice-presidente do Sinduscon-ES, Aristóteles Passos Costa Neto, também avalia como bom o momento atual para o setor, principalmente para quem deseja adquirir um imóvel agora. “O ano de 2020 foi muito bom para comprar, porque foi reduzido o estoque, que tinha preços ainda não reajustados. Mas, a partir do momento em que são lançados novos empreendimentos, a tendência é que o valor aumente, pois houve aumento nos insumos da construção civil, ou seja, impactando o custo de produção, que provavelmente será repassado”, atenta.
Mas Costa Neto é enfático ao afirmar que este ano ainda será muito bom para quem quer adquirir um imóvel, mesmo com os reajustes dos lançamentos. “O ano de 2021 vai ser de retomada e o cenário para a construção civil será de muito aquecimento nos próximos anos. Portanto, quem está pensando em comprar um imóvel, o momento é agora”, diz.
Entre os dirigentes do setor, há uma expectativa muito positiva de retomada das atividades.“O mercado imobiliário tem sofrido muito desde 2014 e começou a aquecer no ano passado, apesar do cenário de pandemia. Mas, com o controle da pandemia a partir da vacinação da população, a atividade econômica deve dar um grande passo, assim como as reformas estruturantes que são importantes para a economia do país começar a ganhar corpo”, afirma Costa Neto.
O vice-presidente do Sinduscon-ES ressalta que haverá um grande crescimento do setor imobiliário no segundo semestre deste ano e nos primeiros seis meses de 2022. “E a tendência é que os próximos anos sejam muito bons para a indústria imobiliária, que é responsável por movimentar toda a cadeia econômica do país. E não fica apenas na construção civil, pois prefeituras e o próprio governo do Estado estão com grandes obras planejadas para iniciarem nos próximos meses, que beneficiarão toda a população e a economia do Espírito Santo”, acrescenta.
O presidente do Sinduscon-ES, Paulo Baraona, também confirma essa tendência.
Com a taxa básica Selic em 3,5% ao ano, os juros para a compra de imóveis atingiram o menor patamar histórico, a partir de 6,2% ao ano, mais Taxa Referencial (TR), o que facilita o financiamento imobiliário.
A grande concorrência entre os bancos também contribui para que os consumidores consigam fechar contratos com condições ainda mais atrativas. Com a oferta abundante de crédito, é possível negociar e reduzir bastante as taxas.
Investidores também estão buscando imóveis como uma forma de escapar do baixo rendimento da renda fixa e da insegurança com relação à economia, além de ser um patrimônio físico, o que dá mais segurança.
O mercado imobiliário está saindo de uma crise de cinco anos, com o reaquecimento das vendas. Motivadas pelo aumento da procura de imóveis na pandemia, construtoras estão desengavetando lançamentos e disponibilizando no mercado opções para todos os bolsos.
Até meados de 2020, as empresas contavam com um volume maior de imóveis em estoque. É possível encontrar empreendimentos que não tiveram os valores reajustados. Mas a tendência é de alta nos preços, com o aumento da demanda.
Mas para o sonho de comprar um imóvel se tornar realidade, organização financeira é primordial para evitar o endividamento e as negociações são muito bem-vindas. A educadora financeira Herica Gomes orienta que o máximo da renda familiar que deve estar comprometido com dívidas é 30%. “É preciso ter consciência de todas as dívidas que a pessoa tem para entrar nesse cálculo. As parcelas de cartão de crédito, por exemplo, também contam.”
É preciso ter também uma reserva de emergência. “Mas a reserva de emergência é só para emergência mesmo. Quebrou um eletrodoméstico, ficou doente, perdeu o emprego, por exemplo”, ressalta Herica.
Para pagar a entrada do imóvel, a educadora financeira recomenda o que ela chama de reserva de oportunidades, ou seja, poupar uma quantia que ficará disponível apenas para pagamento de realizações pessoais, como a compra de uma casa, carro e até para fazer cursos.
Herica pontua que a taxa de juros é a primeira coisa a ser observada antes de fechar um financiamento. “A pessoa precisa entender que a prestação deve caber no orçamento dela. Nessa ânsia de pagar logo, acaba se comprometendo demais. É preciso analisar bem as oportunidades”, aconselha.
O ideal é ter uma reserva de oportunidades para a entrada. No caso de um financiamento, normalmente, é preciso ter 20% do valor do imóvel. Já no caso da compra na planta, esse valor à vista costuma ser menor – em torno de 5% a 10% do preço do imóvel –, com outra parte diluída durante a obra, para que seja contratado o financiamento após ela ser concluída.
Faça uma simulação nos sites ou aplicativos dos bancos para saber se as parcelas irão caber no seu orçamento, de acordo com a renda, e qual valor máximo de financiamento poderá contratar.
Normalmente, as prestações podem chegar a 30% da renda bruta do comprador. Nesse caso, é considerado também se há outras dívidas que comprometem a renda, como financiamento de veículo e empréstimos.
A partir do momento em que sabe quanto poderá pagar, pesquise empreendimentos que se enquadrem no perfil que deseja. Avalie aspectos como localização, infraestrutura desejada e se há perspectiva de valorização na região.
Lembre-se de reservar dinheiro para despesas, como o habite-se, certificado que deve ser emitido pela prefeitura antes da mudança para a casa nova. É preciso se planejar ainda para os custos da escritura, do registro e do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que representam até 5% do valor do imóvel.
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