O momento está propício para quem deseja comprar um imóvel, seja para morar, seja para investir, principalmente para quem pensa em fazer um financiamento, já que as taxas de juros estão, segundo especialistas, no menor patamar histórico. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que o crédito imobiliário com recursos das cadernetas de poupança no Brasil chegou a R$ 18,35 bilhões no mês de março, registrando um aumento de 172,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
A entidade prevê um crescimento do financiamento imobiliário em mais de 30% para este ano. Só para ficar em um exemplo, o primeiro trimestre de 2021 teve uma alta de 112,3% comparado com o mesmo período de 2020. Além da baixa taxa de juros proporcionando essa corrida, há também o retorno menor nos investimentos de renda fixa, o que faz com que boa parte desse tipo de investidor busque outras formas de valorizar sua renda, optando, na maioria das vezes, por imóveis pela segurança desse tipo de empreendimento.
O diretor de Negócios do Banestes, Hugo Gaspar, explica que a taxa básica que compõe os juros, a Selic, nunca esteve tão baixa. “O crédito imobiliário teve o melhor trimestre da história este ano. A Selic já esteve a 2%, mas mesmo agora, com ela chegando a 3,5%, ainda assim, é bastante atraente. Quem comprar um imóvel agora garante pagar o seu financiamento com a menor taxa possível”, avalia.
Gaspar afirma que este é o “melhor momento com relação à taxa básica de juros”, uma vez que, além da Selic, outro indexador importante para compor as taxas das instituições financeiras, a TR, também teve uma variação bem pequena nos últimos anos. “Os bancos, atualmente, estão oferecendo os menores patamares de todos os tempos para financiamento. Portanto, a variação entre uma instituição e outra é bem pequena, garantindo para o comprador uma dívida no menor patamar da história”, observa.
Atualmente, é possível encontrar no mercado financiamento com taxas de juros médias a partir de 6,2% ao ano, mais TR. O valor vai depender do relacionamento com o banco. Há alguns anos, esses juros chegavam a 12% ao ano.
No entanto, mesmo com a situação propícia para quem deseja financiar, é importante avaliar o seu orçamento e se um financiamento imobiliário irá comprometer muito a renda. Segundo o conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES) Vaner Corrêa, o ideal é que o valor fique entre 10% a 30% da sua renda, pois existem outros gastos que é preciso atentar, como prestação de carro ou seguro, IPTU que tem todo ano, escola dos filhos, plano de saúde e assim por diante.
“Sempre que a pessoa contrair um empréstimo, é bom que ela preste atenção nos demais gastos fixos e outras variáveis e que não comprometa mais do que 10% a 30% da sua renda. Um financiamento é uma dívida a longo prazo e quanto menor essa parcela dentro do seu orçamento, melhor”, aconselha.
Na hora de optar por um financiamento, Corrêa também enfatiza que é importante pensar sempre no “preço do dinheiro”, que é a taxa de juros. “É bom aproveitar que a Selic está baixa e gastar tempo em busca de uma instituição financeira que ofereça as menores taxas de juros. E saiba também escolher o indexador: com a TR baixa, ela se torna a melhor opção de indexador. Já o IGP-M é um índice muito traiçoeiro, que pode aumentar muito no ano, deixando um saldo devedor maior ainda. Afinal de contas, este é calculado com base nos juros”, atenta.
Outra opção para quem deseja aproveitar o momento e adquirir a casa própria é o consórcio imobiliário. Assim como o financiamento, a procura por consórcio imobiliário cresceu no último ano: 14% no segmento, registrando mais de 7,8 milhões de consorciados, segundo a Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac). Neste ano, a associação registrou um aumento de vendas de 38% nos três primeiros meses de 2021 com relação ao ano passado, com a comercialização de R$ 21 bilhões em crédito.
“Financiamento imobiliário é uma solução para um perfil de consumidor que já está capitalizado, ou seja, cerca de 18%. Uma fatia sonha com a casa própria, mas não tem o valor da entrada e nem capacidade de crédito. O consórcio é uma opção mais segura, pois ele não influencia nas linhas de crédito da pessoa e é bastante flexível quanto a prazos, parcelas e valor do crédito que a pessoa deseja contrair”, avalia o vice-presidente de negócios da Embracon, Luís Toscano.
Diferente do financiamento, o consórcio imobiliário não tem incidência de juros ou IOF, por se tratar de uma compra planejada. A administradora reúne um grupo de pessoas interessadas em comprar e as parcelas mensais são compostas pelo valor do fundo comum e por taxas para o pagamento de administração, fundo reserva e seguro. Durante a vigência do consórcio, é possível dar lances para obter a carta de crédito ou aguardar o sorteio.
“Se for uma pessoa organizada, ela vai saber quanto tem em seu orçamento para a parcela do consórcio e, com a nova Lei do Consórcio, é possível ainda usar o FGTS para quitar ou dar um lance. Mas é importante, antes de contratar um consórcio, verificar se a administradora é autorizada pelo Banco Central”, orienta Toscano.
Evite comprometer mais do que 30% da sua renda com a parcela do financiamento. Busque sempre um valor que esteja abaixo do máximo que sua renda comporta, pensando em gastos extras que surgem de tempos em tempos. Faça uma simulação no site do banco, que vai indicar sua capacidade de contratação do crédito de acordo com a renda.
Busque taxas de indexação mais vantajosas, que não sofram grandes reajustes, como é o caso da TR. Um financiamento indexado por IGP-M ou IPCA pode significar um saldo devedor muito mais alto por conta da grande variação dessas taxas.
Gaste um tempo em busca da instituição financeira com a menor taxa de juros do mercado. Mesmo que a Selic esteja num patamar baixo, ainda assim é importante aproveitar as menores taxas do mercado.
Quem tem um financiamento pode aproveitar a baixa histórica dos juros e buscar uma instituição financeira com índices menores do que quando foi contratado o financiamento. Isso pode significar uma redução do seu saldo devedor e parcelas.
Quem não tem condições de pagar a entrada, quer evitar os juros ou não deseja se descapitalizar pode optar pelo consórcio imobiliário.
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