De repente, o imóvel pequeno, situado perto do trabalho e da escola dos filhos, não atende mais. Entra em cena a vontade de ter mais privacidade e de estar em contato com a natureza, em ambientes mais espaçosos. Em tempos de isolamento social, com a mudança dos hábitos e das necessidades pessoais, a busca pela liberdade prevalece. Dessa forma, diversas famílias passam a rever o próprio estilo de vida, analisando o que não pode faltar no lar.
Para a designer de interiores Flávia Dadalto, os apartamentos mais completos devem ser mais visados daqui para frente. Também deve aumentar a procura de condomínios residenciais com quintais, principalmente, onde as pessoas tenham a sensação de liberdade. Passamos a ficar em casa de uma forma diferente. A casa se torna um refúgio. Um projeto de lar tem que ser olhado com mais atenção e praticidade, comenta.
Sandro Carlesso, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-ES), aponta que a pandemia mudará a percepção das pessoas sobre sua futura moradia, sendo um local de maior permanência. O cliente estará mais atento às funcionalidades do imóvel, como automação predial, ambientes multiusos para aproveitamento como escritório, relaxamento, varandas gourmets e apartamentos térreos com quintal privativo.
Segundo ele, nas grandes áreas urbanas, o mercado imobiliário já vive a escassez de terrenos com viabilidade para novos lançamentos. Essa baixa oferta reflete na valorização do metro quadrado, o que torna o produto mais caro. Os empreendimentos maiores possuem um valor mais alto e continuarão existindo. A pandemia reforçou a necessidade de ter um lar aconchegante, seguro e funcional, estimulando o desejo do consumidor por uma unidade maior, ressalta.
Os itens de uso comum nos condomínios também devem passar por uma análise mais criteriosa, analisa Fabiano Martins, gerente comercial da Construtora Épura. As incorporadoras devem desenvolver produtos voltados a públicos específicos, menos genéricos como os que são projetados hoje. O coworking nos condomínios pode ganhar força.
Presente em alguns lançamentos, a criação de mais espaços para delivery pode ser uma das apostas das construtoras, afirma Carlesso. Inovações em varandas gourmets devem aparecer, além de mudanças pontuais nas áreas de lazer, adicionando itens mais funcionais. Os imóveis compactos, tradicionalmente de dois quartos, devem continuar na liderança dos produtos mais demandados por causa do preço, melhor liquidez para revenda, maior procura para locação. É um produto mais desejado para moradia e investimento.
Reinventar as próprias ideias das empresas torna-se indispensável no cenário atual, segundo Renato Aboudib Sandri, diretor da RS Construtora. Elas devem buscar soluções digitais para intensificar as informações e disponibilidade dos produtos aos clientes, desde reuniões a lançamentos.
Lucas Rezende, gerente de vendas da Kemp Engenharia, observa o espaço pet e o local de guardar itens pessoais fora dos apartamentos como espaços mais visados nos condomínios até agora. Os ambientes de lazer também precisam estar cada vez melhor equipados, para entregar aos moradores opções para os momentos em que estiverem em casa.
De acordo com Fabiano Martins, gerente comercial da Construtora Épura, nos últimos meses, o público passou a notar se as residências estavam preparadas para o home office. Com isso, algumas famílias repensaram as plantas dos imóveis. Além disso, a mudança de comportamento no ambiente corporativo, sem a necessidade da presença física dos colaboradores diariamente nos escritórios, pode influenciar na procura por imóveis mais afastados, observa.
Sandro lembra ainda que o espaço home office esteve presente na área de lazer de muitos empreendimentos. Posteriormente, esse ambiente esteve incorporado nos apartamentos. Boa parte das famílias utilizava esse cômodo, como quarto de visitas, sala de games para os filhos. Com a pandemia, o volume de profissionais liberais deve crescer, demandando a retomada desse ambiente como um atrativo entre os lançamentos.
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