Um vídeo que mostra o piso de uma casa estourando de fora a fora viralizou nas redes sociais nos últimos dias. O que chama a atenção é o perigo da situação que pode apontar para problemas estruturais. Nas imagens, a moradora do local se assusta ao registrar o momento. Veja as imagens:
O mesmo caso também aconteceu aqui no Espírito Santo, no bairro Jardim da Penha, em Vitória. Os pisos do apartamento onde a professora de matemática Livia Ruy morava estouraram. Para ela, foi um grande susto.
"Eu morava com mais duas amigas em um apartamento antigo, e no dia do incidente estávamos com visitas dentro de casa. Eu estava dentro do quarto e meus amigos na sala, quando ouvimos um estouro. Era um barulho muito alto. Quando fomos olhar o que estava acontecendo, vimos que o piso estava levantando e estourando. Começou por uma parte pequena e foi se alastrando. Tomou um pedaço bem considerável da sala. Todos os dias os pisos estouravam pelos cantos da casa", lembra a professora.
Lívia acredita que o problema pode ter chegado nessa proporção por já terem jogado água no ambiente. "O prédio já era bem antigo. Tivemos vários problemas com vazamentos de água pelos outros cômodos da casa, e no momento das limpezas, com o uso da água, pode ter causado infiltrações fazendo os pisos estourarem", relembra.
A ocorrência de manifestações chamadas patológicas, tais como trincas, fissuras, rachaduras, desplacamento, estufamento, descolamento, elevação, estouros, barulhos, entre outros, em pisos e revestimentos, sejam eles de material cerâmico, sejam de porcelanato, não é algo incomum de ocorrer em imóveis, segundo o engenheiro civil, segurança do trabalho e gerente de Relacionamento Institucional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), Giuliano Battisti. De acordo com ele, por este motivo, é preciso que os moradores e proprietários estejam sempre atentos.
Isso significa que a origem do problema pode estar relacionada a vários fatores que vão desde a qualidade do material utilizado, sua aplicação, manutenção, bem como fatores físicos e climáticos, podendo, inclusive, em alguns casos, indicar problemas estruturais.
“Geralmente, esses fenômenos ocorrem durante variações térmicas que propiciam dilatações e contrações, tanto do piso, quanto do revestimento de paredes e fachadas. Quando não assentados de modo adequado, durante o resfriamento e aquecimento deste material, anomalias podem aparecer. A recomendação para que este tipo de problema não ocorra é que o serviço de assentamento do piso ou fachada seja realizado em conformidade com as normas técnicas de engenharia e acompanhado por profissional responsável, ou seja, um técnico legalmente habilitado para elaboração de projetos e execução de obras de construção civil”, destaca.
O diretor comercial e técnico especialista da Pisopel, João Marcos Pandolfi, explica que quando o piso cerâmico estoura para cima é porque entrou ar debaixo dele e a dilatação faz com que esse fenômeno ocorra. Ele observa que isso pode acontecer em prédios mais antigos e com cerâmicas mais antigas, devido ao movimento que os prédios fazem, independentemente da estrutura.
Ainda de acordo com o profissional, esse movimento faz com que o piso se mova. Dessa forma, quando entra ar nessa cerâmica, e o ar fica por baixo do piso, o que faz com que ele dilate, chega uma hora em que ele estoura para cima. Isso porque o piso não está achando espaço para se manter plano e fixo no local.
Segundo os especialistas, uma das origens mais comuns de problemas deste tipo se deve ao fato de não se observar o correto espaçamento entre as placas cerâmicas e a aplicação adequada das juntas de assentamento e de movimentação (conhecidas como rejunte). É o rejunte que permite que ocorram as dilatações dos pisos e revestimento. Essas juntas possuem uma elasticidade própria para suportar tal variação, impedindo, quando corretamente aplicadas, que aconteçam tais fenômenos.
É importante destacar que a informação de espaçamento difere de acordo com o tamanho e tipo de material e, normalmente, está disponível na embalagem dos produtos.
“O uso de espaçadores e niveladores conforme indicado na embalagem das caixas de piso e revestimento e/ou nos sites dos fabricantes é imprescindível. Cada produto tem recomendação de espaçamento e instalação diferente, e respeitar o espaçamento indicado pelo fabricante pode evitar transtornos futuros e retrabalho”, destaca Battisti.
Outro fator fundamental é a escolha do tipo e correta aplicação da argamassa utilizada na fixação dos pisos e revestimentos, pois cada argamassa tem aditivos colantes e cimentícios específicos por área de aplicação e por tipo de piso e revestimento.
Ainda de acordo com Giuliano Battisti, é importante alertar aos usuários dos imóveis e síndicos de condomínios que, na ocorrência de qualquer manifestação deste tipo, um profissional habilitado deve ser imediatamente consultado para que identifique a real origem do problema, reduzindo riscos, custos desnecessários e, inclusive, descartar possibilidade de existência de problemas mais sérios, tais como os estruturais no imóvel.
“É recomendado também manter pessoas e animais afastados do local, pois existe o risco de fragmentos do piso ou revestimentos serem projetados e atingir, por exemplo, os olhos, causando cortes e ferimentos. Já para os casos em que envolvam riscos estruturais, o imóvel deve ser vistoriado e as medidas determinadas pelo profissional legalmente habilitado devem ser seguidas”, alerta Battisti.
Neste sentido, Battisti reforça que as manutenções dos imóveis, tanto de casas quanto de prédios, sejam sempre realizadas conforme os manuais entregues pelas construtoras, normas técnicas e legislações específicas.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta