O futuro chegou e com ele as chamadas casas “inteligentes”. Controlar a iluminação por comandos de voz, automatizar as cortinas de acordo com o horário e substituir as chaves por fechaduras eletrônicas ou acesso biométrico. O que antes parecia só ser possível nos filmes ou em residenciais de luxo, hoje é a realidade do mercado e uma forte tendência para os próximos anos.
Pelo menos, é o que aponta um estudo da Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside). De acordo com o levantamento, o uso de equipamentos para casas automatizadas deve crescer 20% no país até 2023.
Isso porque, desde 1º de janeiro de 2021, está em vigor uma lei que beneficia tributariamente a Internet das Coisas (IoT). Um aparelho com a tecnologia IoT é capaz de se comunicar com outros dispositivos por meio de conexões sem fio, como smartwatches, smart TVs e outros equipamentos utilizados nessas residências.
Além desses incentivos, o diretor da Aureside, José Roberto Muratori, explica que nos últimos dois anos a automação começou a fazer parte do dia a dia das pessoas, porque também começou a se falar mais no assunto.
Segundo ele, o lançamentos de assistentes de voz, tanto do Google quanto da Amazon, ajudaram nessa popularização, assim como uma leva de produtos mais baratos.
“Antes, era preciso um projeto completo, reformar e mexer até nas instalações. Mas, hoje, temos equipamentos mais simples e as pessoas entenderam o que a automação pode proporcionar. A casa não é mais apenas um ambiente de lazer, é também espaço de trabalho e produção, por isso ela precisa ser funcional”, pontua Muratori.
Só no Brasil, de acordo com a Aureside, existem de 1,4 milhão a 3,2 milhões de casas automatizadas, algumas com projetos mais completos e outras com sistemas mais simples. Em 2016, a estimativa era de 300 mil residências. Além disso, o mercado brasileiro já ocupa o 11º lugar em termos mundiais.
Essa demanda crescente, para o diretor da Quero Automação, Vinícius Bastos, também pode ser justificada pelo fato de que hoje a população aceita mais a tecnologia. “As pessoas já entendem que o custo da energia tem ficado mais alto e a automação das lâmpadas, por exemplo, ajuda a reduzir alguns gastos. Mas o ideal é ter uma casa inteligente para viver melhor nos três pilares: conforto, segurança e economia”, ressalta.
O que antes parecia coisa de filme, hoje é uma realidade. Construtoras capixabas já entregam unidades automatizadas com fechaduras eletrônicas, controle de ambientes da casa pelo celular e até tomadas USB para conectar dispositivos e carregar os aparelhos.
Entretanto, apesar das pessoas estarem mais abertas para tecnologia, a automação residencial ainda é um tema em desmistificação. O diretor da Comissão de Materiais e Tecnologias do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES), Luiz Cláudio Mazzini Gomes, afirma que esse é um processo e relembra que realizar compras pela internet, há alguns anos, também era tabu. Mas hoje o e-commerce faz parte da rotina de muitas pessoas.
“Temos sistemas baratos e de altíssima qualidade em que é possível controlar diferentes ambientes e equipamentos da casa. Mas muitas pessoas ainda são resistentes por acharem que é difícil. Mesmo quando ofertado pela construtora nos empreendimentos, algumas não dão sequência na implantação dos sistemas”, afirma Mazzini Gomes.
Por isso, a dica para os interessados é começar com equipamentos mais simples, até chegar a um projeto mais completo. Atualmente, por meio das assistentes virtuais de voz, é possível automatizar a iluminação e acessar plataformas de streaming nas smart TVs.
“Há um tempo, a automação residencial era algo realmente caro, então era feita por quem tinha alto poder aquisitivo ou muito interesse. Hoje dá para automatizar a casa sem realizar obras muito grandes e controlar das cortinas ao ar-condicionado”, comenta o CEO da Kokar Automação Residencial, Renan Santana.
E se o problema for o medo de ficar sem internet, nos sistemas mais avançados, as casas inteligentes são equipadas com ferramentas independentes de conexões de rede. Os dispositivos podem se comunicar por um cabeamento, nesse caso é necessária uma intervenção maior no espaço, ou por radiofrequência, mais recomendado para casas já existentes.
A automatização das lâmpadas permite controlar tudo via aplicativo e criar diferentes cenários com intensidades de iluminação predefinidas ao substituir os interruptores tradicionais por modelos inteligentes. Um comando de voz também pode determinar que as luzes sejam acesas ou apagadas.
Para reforçar a segurança e ajudar quem costuma perder as chaves, a solução são as fechaduras inteligentes, que podem funcionar com senha, biometria ou aproximação de cartões. O controle de acesso permite descobrir quem entrou na casa, em qual horário e por quanto tempo. A dica é optar por protocolos Zigbee, Z-Wave e Bluetooth que não dependem de conexão de internet.
Na hora de assistir a um filme ou maratonar a série favorita, a automatização dos equipamentos pode transformar a sala de casa em cinema. Quem possui um sistema home theater, por exemplo, consegue ativar os diferentes ajustes, entradas e controles de som via assistente de voz. A tecnologia também permite o controle da iluminação e climatização do ambiente .
Automatizar o ar-condicionado para funcionar por determinados períodos do dia e com temperaturas diferentes pode ajudar na economia de energia. Também é possível programar o aparelho para atender a determinadas situações na rotina, só com o comando de voz.
Mesmo não sendo muito comum no Brasil, eles ajudam a salvar vidas. Sensores de fumaça, por exemplo, quando acionados, podem emitir alertas ao proprietário. Já os aparelhos que monitoram os níveis de gás fecham automaticamente as válvulas ao detectarem algum problema. Além disso, há as câmeras para monitorar o imóvel e acessar as filmagens remotamente por aplicativo, que estão mais populares.
Para ajudar no controle de gastos, os medidores de energia conectados permitem comparar o consumo energético atual do imóvel com o de meses anteriores. Em casos com geradores de energia solar fotovoltaica, o medidor precisa ser bidirecional, para medir a quantidade de energia injetada na rede e a consumida.
Seja arrumando a casa, seja relaxando, a música tem o poder de transformar momentos. Por isso, tem se tornado mais frequente a automatização dos sistemas de som nas casas conectadas. A maneira mais simples e prática é utilizar os assistentes de voz da Amazon ou do Google, por exemplo.
As cortinas automatizadas podem ajudar a compor os ambientes, controlando com precisão a entrada de luz solar nas salas ou quartos, por exemplo. Via comando de voz, elas são acionadas e programadas para abrir e fechar em determinado horário ou período do dia.
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