Uma coisa é certa: a casa própria ainda faz parte do sonho de muitos brasileiros. Mas a compra do primeiro imóvel é um processo que envolve muita análise, documentos e taxas. Por isso, é importante fazer um planejamento antes de fechar qualquer negócio.
Para tornar esse sonho realidade, o empresário Gustavo Braga Schwambach, morador de Morada de Santa Fé, em Cariacica, conta que precisou trabalhar por um tempo e fazer algumas economias até ter as condições adequadas para fazer um financiamento seguro.
O caminho, segundo especialistas, realmente é esse. “É preciso ter organização. Quando se adquire um imóvel, os pagamentos vão além do financiamento. Também assumimos dívidas como IPTU, ITBI, escritura e taxas de corretagem. É preciso colocar todos os cenários no papel e calcular até gastos de energia e condomínio”, explica a educadora financeira Lorena Millaneze.
Ela conta que o mais importante é não tomar essa decisão sem ter a vida financeira organizada. Por isso recomenda que seja feita uma faxina nas economias para o endividamento ser o menor possível.
“Muitas pessoas acham ruim morar de aluguel e guardar dinheiro. Mas se você puder fazer isso ajuda muito, já que será adquirida uma dívida de 25 ou 30 anos com juros altos”, indica Lorena Millaneze.
Mas se as taxas um dia chegaram a assustar, o diretor da Neto Imóveis, Alípio Neto, destaca que o momento nunca foi tão propício para comprar um imóvel. “A maior dica é economizar porque quanto menor o financiamento, menor a prestação. O ideal é que o valor das parcelas fique igual ou menor que o preço do aluguel”, recomenda.
Isso atualmente tem sido possível, devido a Selic, taxa básica de juros da economia, estar sendo mantida no patamar atual, que chegou a 2% ao ano em 2020 e hoje está em 3,5%. Ou seja, os créditos estão mais acessíveis e as parcelas de financiamento menores.
Assim, o comprador consegue financiar o valor total do imóvel durante o período da obra e dividir junto da construtora o parcelamento do preço final.
O consultor imobiliário Marco Terra, também explica que é possível dar uma entrada e deixar uma parte do financiamento para quando ele ficar pronto. “Essas parcelas durante a obra são corrigidas pelo Custo Unitário Básico (CUB) e normalmente não têm juros”, detalha.
Por isso, o ideal é estudar as melhores condições antes de fechar qualquer contrato. Na hora de financiar é possível utilizar o FGTS como entrada ou abater o saldo devedor. Outra dica é realizar simulações com diferentes bancos para escolher a opção mais compatível com as suas condições.
Também é recomendado considerar a tipologia da unidade. Prestar atenção na localização, infraestrutura urbana ao redor e avaliar se o empreendimento fica perto de rodovias, escolas e comércios.
“É importante que a pessoa avalie a própria rotina e escolha uma região que vai favorecer na mobilidade, porque isso é o que mais pesa em um imóvel”, indica Alípio Neto.
Para o gestor de vendas da Metron Engenharia, Eduardo Silveira, as condições de financiamento têm bastante peso na decisão de compra. Entretanto, as áreas de lazer e o tempo de entrega também podem influenciar.
“Normalmente, o comprador do primeiro imóvel adquire uma unidade no segmento econômico para moradia própria. Então a dica é pesquisar muito bem a tipologia do empreendimento. Se ele é dois ou três quartos, usado ou na planta”, pontua Silveira.
Somado a essas características, também é importante avaliar as condições da construtora, caso o imóvel adquirido ainda esteja na planta.
“Na hora de comprar é importante avaliar o histórico, procurar o memorial descritivo e checar se ele tem Registro de Imóvel (RGI), que o habilita ser construído e produzido. O material de propaganda também pode discriminar o que terá na unidade”, explica o consultor imobiliário Marco Terra.
No caso de empreendimentos já finalizados, a documentação deve ser apresentada junto ao corretor para elaborar o contrato de compra e venda de acordo com as condições pessoais.
O importante é que seja apresentado o documento de ônus, que identifica o histórico completo do imóvel, além das documentações do proprietário com as certidões.
Um corretor pode auxiliar nesse processo. Por isso, o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 13ª Região/ES, Aurélio Cápua Dallapícula, ressalta que para contratar um bom profissional, não se deve deixar de verificar todos os registros perante ao órgão.
“O corretor ajuda a ganhar tempo e dá segurança na hora das transações, dos documentos e auxiliar com dicas de benefícios legais na compra da unidade. Por exemplo, existe um desconto de 50% na confecção da primeira escritura se o comprador estiver no financiamento do primeiro imóvel”, afirma Dallapícula.
O ideal é ter uma reserva de oportunidades para a entrada. No caso de um financiamento, normalmente, é preciso ter 20% do valor do imóvel. Já no caso da compra na planta, esse valor à vista costuma ser menor – em torno de 5% a 10% do preço do imóvel –, com outra parte diluída durante a obra, para que seja contratado o financiamento após ela ser concluída.
Faça uma simulação nos sites ou aplicativos dos bancos para saber se as parcelas irão caber no seu orçamento, de acordo com a renda, e qual valor máximo de financiamento poderá contratar.
Normalmente, as prestações podem chegar a 30% da renda bruta do comprador. Nesse caso, é considerado também se há outras dívidas que comprometem a renda, como financiamento de veículo e empréstimos.
A partir do momento em que sabe quanto poderá pagar, pesquise empreendimentos que se enquadrem no perfil que deseja. Avalie aspectos como localização, infraestrutura desejada e se há perspectiva de valorização na região. O ideal é buscar o serviço de um corretor de confiança.
Lembre-se de reservar dinheiro para despesas, como o habite-se, certificado que deve ser emitido pela prefeitura antes da mudança para a casa nova, taxa de avaliação do imóvel, no caso de financiamento bancário, Imposto sobre a transmissão de bens imóveis (ITBI) e a escritura do imóvel.
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