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Entenda o papel da inovação na reinvenção das empresas no mercado

Entenda o papel da inovação na reinvenção das empresas no mercado

Pedro Englert, palestrante da "InsightES - Semana de Inovação Capixaba", explica como aventurar-se em novas estruturas de processos e repensar produtos pode gerar vantagens para os negócios

Publicado em 4 de outubro de 2023 às 17:25

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Pedro Englert, CEO Startse
Pedro Englert, CEO Startse . (Divulgação)
Victor Mattedi
Estagiário de comunicação institucional / [email protected]

Diante das transformações de um mercado cada mais competitivo,  destacar-se no mercado com diferenciais em produtos e serviços é essencial, a exemplo das indústrias. Segundo informações da Agência Brasil, 70% dos negócios desse setor investiram em inovação em 2021. Pensando em esclarecer qual o papel da inovação na reinvenção e recolocação das empresas no mercado, o especialista em Varejo e Serviços pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Singularity University Pedro Englert conversou com A Gazeta sobre o tema.

Pedro já foi sócio da XP Investimentos e hoje é CEO da StartSe, uma das mais renomadas escolas de negócios voltada para a nova economia do país. Ele será palestrante da "InsightES – Semana de Inovação Capixaba", no dia 19 de outubro. Realizado pela Rede Gazeta, o evento acontece de 16 a 20 de outubro, com diferentes palestrantes e abordagens sobre o tema (confira a programação e inscreva-se clicando aqui).

A Gazeta - A inovação pode ser abraçada por todos os tipos de empresas ou alguns segmentos têm resultados mais expressivos?

Pedro Englert  - Sem dúvida nenhuma, a inovação pode ser abraçada por todos os tipos de empresas, porque existem quatro tipos de inovação. Existe aquela inovação incremental que faz um processo ser melhor, como se fosse uma transformação em um processo de marketing, na área de recursos humanos, na área jurídica, na área de compras ou de produção, etc. A segunda é: como é que eu consigo adicionar um novo serviço, um novo produto, ao que eu já ofereço, de maneira que eu consiga aumentar a minha receita pelo mesmo cliente ou que consiga reduzir o meu custo de aquisição dos clientes. A terceira são as inovações disruptivas. Elas são ligadas a como é que eu resolvo um problema de uma forma não convencional, atendo, busco um objetivo de uma forma não convencional. E a última inovação, que eu acho que é uma inovação mais complexa. São aquelas que usam tecnologias não-convencionais para resolver um problema de uma forma não-convencional, para atender a um objetivo de uma forma não-convencional. Mas eu não tenho nenhuma dúvida que todas as empresas conseguem fazer pelo menos uma dessas quatro formas de inovação.

Na sua jornada profissional, você já presenciou momentos em que a implementação de uma cultura inovadora em uma empresa foi o diferencial na jornada dela?

Eu já tive a oportunidade de participar em alguns momentos quando uma proposta inovadora era fundamental para que aquela empresa tivesse relevância. Um dos momentos, sem dúvida, foi na XP, quando ela resolveu abrir a plataforma de investimentos. Até então, todos os clientes dos anos 2010 só podiam investir em produtos ligados aos bancos. Então, cada banco tinha os seus produtos e a gente descobriu, aprendeu, que lá no exterior dos Estados Unidos e na Inglaterra, os clientes poderiam investir em plataformas onde eles tinham vários produtos, eles poderiam comparar os produtos, tinham CDBs de vários bancos, por exemplo. A comparação permitia que um cliente fizesse melhores escolhas e, por consequência, tivesse mais rentabilidade. E foi essa plataforma aberta que fez a XP se tornar uma das principais empresas do mercado brasileiro, porque ela trouxe uma inovação que já existia no mundo, mas no Brasil não.

Durante o processo de implantação da cultura de inovação em uma empresa, quais os desafios mais comuns e os mais difíceis de serem solucionados?

Normalmente nas empresas, especialmente as mais estabelecidas, existem vários processos de melhorias, que eu pego um processo e coloco melhoria nesse processo, uma melhoria incremental, que o torna um pouco melhor. Entretanto, tem muita dificuldade nas empresas em fazer inovações que estão ligadas a transformações, porque quando eu passo por uma transformação, eu tenho um risco de dar errado. Como eu nunca fiz, pode dar errado, e se pode dar errado eu posso me frustrar, posso ser penalizado. Então, quanto maior as empresas ficam e quanto mais alto são os cargos das pessoas, mais elas tendem a ser conservadoras, porque, afinal de contas, eu não quero perder esse meu cargo, não quero perder o meu status ou não quero perder a minha empresa. Porque eu sei o quão duro foi chegar até aqui, e isso faz com que as pessoas fiquem mais conservadoras. 

Aspas de citação

O problema é que ficar conservador hoje, no mundo que muda muito rápido, é um processo arriscado, que parece uma contradição. Então, talvez seja mais arriscado ficar parado do que tentar alguma coisa.

Pedro Englert
Especialista em Varejo e Serviços
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Como a inovação aberta pode auxiliar as empresas no período de mudanças e evolução?

A inovação aberta é uma solução muito boa, especialmente quando a organização está muito presa em processos de eficiência, em processos mais controlados, mais burocráticos. Então, eu olho para dentro e falo: aqui dentro eu tenho dificuldade de fazer grandes transformações de inovações, não tenho repertório no meu time, não tenho espaço, não tenho tempo, não tenho incentivo. Então, eu vou tentar fazer isso com alguma parceria, com alguém de fora, que tenha mais liberdade para fazer isso.

De que forma implantar processos de inovação em produtos e serviços pode melhorar a satisfação dos clientes e fidelizá-los?

Os clientes no passado tinham muito pouca alternativa de serviços ou produtos, então as empresas que conseguiam se estabelecer no mercado, que eram poucas, que conseguiam vencer as barreiras para entrar nos mercados, determinavam como os clientes iam consumir os seus produtos, como iam ler as matérias, consumir conteúdo, pagar suas contas, informar-se ou aprender. Ou eram poucas empresas que tinham no mercado, então as empresas precisavam olhar para seus concorrentes e pensar: "Como eu posso ser a melhor solução, comparado com as outras soluções disponíveis?".

Na hora que o mundo se acelera, que as tecnologias ficam mais baratas, elas consolidam oportunidades e o custo para se empreender cai, e na hora que esse custo cai, surgem centenas ou milhares de novas empresas. Quem não conseguiu ver isso ainda tem um problema sério. E, obviamente, a gente organizar a empresa para trazer processos para simplificar a vida do cliente, tirar fricção de processos, encantar o cliente e fazer ofertas mais completas é fundamental para a gente se manter a escolha deles. Porque, se a gente não for, fatalmente os clientes vão buscar uma alternativa melhor em algum momento do tempo, no curto prazo.

Muitas empresas têm vontade de inserir a inovação em seu DNA. Quais seriam os primeiros passos das lideranças e dos gestores para promoverem essa mudança?

A última pergunta é boa, pelo seguinte: muitas empresas fizeram muita coisa de inovação e atingiram resultados não satisfatórios, ou que não ficaram contentes, e o motivo pelo qual isso acontece é que as empresas, as pessoas e os executivos, em algumas empresas, acreditaram que a inovação era uma coisa que se comprava.

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A gente transforma o time, e o time transforma a empresa. Como é que a gente transforma o time? Primeiro com educação, educando, mostrando as tendências, as situações, as tecnologias, os repertórios, os porquês que a gente tem de olhar para isso. E uma vez que a gente vai mostrando isso, as pessoas começam a refletir. Dado que isso está acontecendo, dada a situação, dada essa competitividade, eu preciso mudar alguns comportamentos. Isso é mudança de cultura.

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