> >
30 anos sem Ayrton Senna: Relembre a trajetória do ídolo brasileiro

30 anos sem Ayrton Senna: Relembre a trajetória do ídolo brasileiro

Piloto conquistou três títulos mundiais de Fórmula 1 e impressionou o mundo com sua habilidade e determinação dentro das pistas

Publicado em 1 de maio de 2024 às 10:33

Ícone - Tempo de Leitura 7min de leitura
Ayrton Senna conquistou três títulos mundiais de Fórmula 1 e se tornou um dos maiores pilotos da história da categoria
Ayrton Senna conquistou três títulos mundiais de Fórmula 1 e se tornou um dos maiores pilotos da história da categoria. (Divulgação)
Breno Coelho
Estagiário / [email protected]

Nesta quarta-feira, 1 de maio de 2024, a morte de Ayrton Senna completa 30 anos. O ídolo brasileiro faleceu após uma batida durante o GP de Ímola, em 1994, aos 34 anos. A sua morte comoveu o mundo inteiro, em especial o Brasil, país que tinha Senna como uma verdadeira lenda, por seu desempenho quase mágico nas pistas.

Todos os anos, a vida de Ayrton é celebrada por seus milhares de fãs. Seu legado de conquistas vai muito além do automobilismo. O mito envolvendo a imagem do piloto foi criado por seus feitos na carreira, a qual a reportagem preparou um pequeno resumo que conta parte do que foi a história de um dos maiores nome do esporte brasileiro. 

Início no automobilismo

Senna demonstrava sua habilidade já no kart
Senna demonstrava sua habilidade já no kart. (Instituto Ayrton Senna/Reproducão)

Ayrton Senna da Silva nasceu em 21 de março de 1960, em São Paulo, filho de imigrantes italianos. Desde muito cedo, mostrou interesse pelo esporte e começou no kart logo aos 13 anos. Na categoria, foi conquistando títulos e mostrando o seu talento para o mundo, chamando a atenção de equipes de categorias maiores. 

No começo da década de 80, Senna decidiu abandonar a graduação em Administração para buscar o sonho de se tornar piloto de Fórmula 1. Ele partiu para a Inglaterra, onde conseguiu realizar testes em carros de fórmula. A sua habilidade chamou a atenção de patrocinadores, que o colocaram para competir na Fórmula Ford 1600 em 1981. Ayrton foi campeão no primeiro ano na categoria e no ano seguinte foi chamado para a Fórmula 2000, uma categoria mais agressiva, onde também conquistou o título de primeira. 

O bom desempenho nas duas categorias chamou a atenção de Eddie Jordan, lendário piloto e que futuramente teria uma equipe de Fórmula 1. O irlandês o convidou para testar em um carro de Fórmula 3 e Senna foi mais rápido que o titular da equipe. Com isso, conseguiu uma vaga na categoria, onde disputou algumas corridas em 1982 e foi campeão em 1983.

Chegada à Fórmula 1

A Toleman foi a primeira equipe de Ayrton Senna na Fórmula 1
A Toleman foi a primeira equipe de Ayrton Senna na Fórmula 1. (PSParrot/Wikimedia/Reproducão)

Após ter destaque na base, Senna foi cotado para assumir uma vaga em grandes equipes na principal categoria do automobilismo mundial. Porém, ainda não tinha experiencia e acabou ficando apenas com a vaga na Toleman, uma equipe média do grid. Sua primeira corrida na Fórmula 1 foi no dia 25 de março de 1984, em GP do Brasil, no extinto circuito de Jacarepaguá, Rio de Janeiro. 

Logo na segunda corrida, conquistou os primeiros pontos, ao chegar em sexto lugar no GP da África do Sul. Naquele ano, o melhor resultado do brasileiro seria um (polemico) segundo lugar no GP de Mônaco debaixo de muita chuva. Aliás, pilotar bem na chuva seria sua grande marca na carreira.

Após se destacar em uma equipe sem chances de lutar por vitórias, Senna se transferiu para a Lotus, onde ficou de 1985 até 1987. Foi lá que ele conquistou a primeira vitória na carreira, em um GP de Portugal, no dia 21 de abril de 1985. Foram seis vitórias no período, desempenho que chamou a atenção de uma gigante da categoria: a McLaren. 

Ayrton Senna pilotando a famosa Lotus da série
Ayrton Senna pilotando a famosa Lotus da série "John Player Special". (Peterhanna/Wikipédia/Reproducão )

Ida para a McLaren e a conquista de títulos

Ayrton Senna conquistou todos os seus títulos pilotando pela McLaren
Ayrton Senna conquistou todos os seus títulos pilotando pela McLaren. (wileynorwichphoto/reproducão)

Ayrton Senna chegou na McLaren em 1988 com a expectativa de conquistar títulos, afinal, a equipe inglesa era disparada a melhor do grid. No entanto, sua vida não seria fácil, pois o companheiro de equipe do brasileiro seria o francês Alain Prost, bicampeão mundial naquela época. Porém, Senna não quis saber disso e foi campeão logo no primeiro ano na escuderia.

Em 1989, a relação entre eles já estava insustentável. Os dois protagonizaram diversos duelos de tirar o folego dentro das pistas, mas fora delas o trato era frio, sem qualquer companheirismo. Foi quando o Prost falou para Ron Dennis, chefe da equipe, que não ficaria se Ayrton estivesse na equipe. Dennis deu preferencia ao brasileiro e o francês rumou para a Ferrari. 

Antes de sair da McLaren, Prost havia conquistado o título após supostamente ter jogado o carro para cima de Senna propositalmente, forçando um abandono que seria benéfico para ele. Em 1990, a situação se reverteu. Ayrton chegou no último GP, em Suzuka, no Japão, na liderança do campeonato. Se o francês abandonasse, o brasileiro seria campeão mundial pela segunda vez. Dito e feito: Senna forçou uma ultrapassagem logo no início da corrida e bateu na Ferrari de Prost. Com o abandono dos dois, o título ficou com o paulista. 

Ayrton Senna ainda seria campeão mundial em 1991, seu último título na categoria. Naquele ano aconteceu um dos momentos mais memoráveis da carreira dele: a primeira vitória em Interlagos, no Brasil, que aconteceu de forma épica. O carro do brasileiro apresentou problemas no câmbio e nas últimas voltas apenas a sexta marcha estava funcionando. Nada disso foi capaz de tirar a vitória de Ayrton. 

Declínio da McLaren e ida para a Williams

A partir de 1992, a McLaren passou a perder seu domínio na categoria, que durou de 1988 até 1991. Uma outra equipe inglesa passou a demonstrar muita força e construiu um carro que era considerado de "outro mundo". A Williams foi extremamente dominante e o piloto Nigel Mansell foi campeão em 92.

Apesar disso, Senna ainda conquistou três vitórias naquele ano, incluindo um GP de Mônaco épico, onde o brasileiro segurou Mansell por diversas voltas e sustentou a liderança até o fim. No ano seguinte, o inglês decidiu se aposentar após o título e deu lugar a Alain Prost, maior rival de Ayrton. 

Novamente, a McLaren não conseguiu acompanhar o ritmo das Williams e Senna acabou perdendo o título para Prost, que conquistara o quarto dele na categoria. Mesmo assim, Ayrton protagonizou alguns momentos de puro brilhantismo, como a primeira volta no GP da Europa, em Donington Park, quando realizou o que muitos consideram a "melhor primeira volta da história", ao sair de quinto para primeiro debaixo de forte chuva (ele era realmente muito bom nessas condições). 

Para 1994, Senna sabia que se quisesse voltar a disputar vitórias e títulos, precisaria abandonar a equipe com a qual teve tanto sucesso e se juntar a Williams, que claramente estava à frente. Foi aí que as coisas começaram a dar errado. 

Morte

Ayrton Senna dirigindo o FW16B, seu último carro como piloto de Fórmula 1
Ayrton Senna dirigindo o FW16B, seu último carro como piloto de Fórmula 1. (Pisco Del Gaiso/Folhapress)

Quando Ayrton assinou com a Williams, a expectativa de todos, inclusive dele, era de mais um título. No entanto, as coisas não pareciam fluir bem já na pré-temporada, quando o brasileiro realizou alguns testes e sentiu algo estranho. O carro era veloz, mas apresentava muitos problemas.

Isso se refletiu nas duas primeiras provas da temporada de 94. Senna marcou a pole-position (largou em primeiro) nas duas corridas, mas precisou abandonar por problemas mecânicos em ambas. Com isso, um piloto jovem e desconhecido disparou na liderança do campeonato de pilotos e venceu as duas primeiras provas: um tal de Michael Schumacher, que anos depois viria a ser heptacampeão mundial. 

Por isso, Ayrton chegou ao GP de Ímola, na Itália, precisando urgentemente da vitória, mas aquele final de semana viria a ser o mais macabro da história da Fórmula 1. Começando pela sexta-feira, quando o brasileiro Rubens Barrichello bateu forte e chegou desacordado ao hospital, mas ficou bem. No entanto, o austríaco Roland Ratzenberger não teve a mesma sorte no sábado: também bateu forte, mas acabou falecendo.

Com tantos acidentes graves, o brasileiro cogitou desistir da corrida, mas sua força de vontade e o espírito competitivo o fizeram correr. No dia 1 de maio de 1994, Senna largou em primeiro novamente e liderou a prova por seis voltas, quando no começo da sétima perdeu o controle do carro a cerca de 300 km/h, bateu no muro de proteção da curva Tamburello e infelizmente nos deixou. 

Oficialmente, a morte do piloto foi confirmada apenas mais tarde, no hospital em Bologna, na Itália. No entanto, os médicos que o atenderam já em pista sabiam que seria muito difícil que Ayrton saísse daquela situação com vida, devido à gravidade dos ferimentos. Com a batida, a barra de suspensão do carro atravessou o capacete e acertou a base do cranio do piloto, o que causou danos cerebrais irreparáveis. 

O cortejo fúnebre de Ayrton Senna comoveu o país, levando milhares de brasileiros para as ruas para se despedir do ídolo
O cortejo fúnebre de Ayrton Senna comoveu o país, levando milhares de brasileiros para as ruas para se despedir do ídolo. (Matuiti Mayezo/Folhapress)

O enterro de Senna foi realizado no dia 5 de maio de 1994 e contou com a presença de diversas personalidades importantes do automobilismo como Emerson Fittipaldi, Alain Prost, Rubens Barrichello, Roberto Moreno e Damon Hill. Antes, foi realizado um cortejo fúnebre nas ruas de São Paulo, que levaram milhares de pessoas a sair de casa para se despedir do ídolo, que marcou uma geração inteira e orgulhou o país com sua habilidade e determinação. 

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais