Faltando 150 dias para os Jogos Olímpicos, o COB já projeta a possibilidade de ter uma delegação menor em Paris, mas mantém a meta de superar a campanha da edição anterior em Tóquio.
"A expectativa é boa. E quando falo isso, é no sentido de sempre avançar. Sou muito cauteloso, e o resultado tem de ser obtido nos grandes eventos que a gente participa neste ciclo. Foi assim em Tóquio, nos Jogos Sul-Americanos, no Pan de Santiago. Para os Jogos de Paris, o trabalho está com esse objetivo de superar o resultado de Tóquio", disse ao UOL Paulo Wanderley, presidente do Comitê Olímpico do Brasil.
Em Tóquio o Brasil levou 301 atletas, número que não deve ser superado por causa da ausência de alguns esportes coletivos, como o time masculino de futebol e o feminino de basquete, que não se classificaram.
"Possivelmente teremos a delegação menor, mas nós estamos ainda em busca de um resultado de classificação do handebol masculino e do basquete masculino. Então, de repente, a gente equilibra o número. nesta terça-feira (27) nós temos 154 vagas garantidas, envolvendo atletas de forma individual e equipes classificadas", diz.
Em relação aos pódios, a expectativa é boa, com chances de superar os 7 ouros, 6 pratas e 8 bronzes da edição passada. "Nós temos aqueles atletas que a gente confia que vão estar no pódio e de repente acontece algum problema de lesão. Mas também tem o contrário, aqueles que a gente está acreditando, mas ainda não têm resultado, e poderá ter resultado. Então uma coisa compensa a outra.
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"Nós temos equipes indo e vindo, sempre, avaliando as questões da logística que serão necessárias. A nossa base lá em St-Ouen está efetivamente concretizada. Já houve equipes que foram para lá fazer treinamento, estágios, aclimatação."
"A questão do calor é um fato. É verão europeu e o verão em Paris é forte, bem agressivo. Aí eles criaram alguns projetos onde seriam usados materiais que iriam minimizar o desconforto do calor, principalmente na Vila Olímpica. Mas aí nós entramos com um pedido, junto com alguns outros países e com o Comitê Organizador, e aí foi aberta a possibilidade de instalação de ar-condicionado nos quartos."
"Será um cenário totalmente oposto ao de Tóquio. Lá não tinha ninguém e agora terá gente demais. O problema de espaço em Paris é grave, porque é uma referência mundial em termos de turismo. Naturalmente já vai estar muito cheio e com essa particularidade de serem realizados inúmeras competições ao mesmo tempo. O custo está subindo assustadoramente. Tanto o deslocamento de aéreo, a hospedagem em si, vai ser meio difícil. Quem quiser ir para assistir já deveria ter comprado sua passagem e feito sua reserva."
"Eu não digo que está excelente, porque nunca vai estar, mas estamos sustentáveis. O esporte de alto rendimento é um poço sem fundo. Por que novas tecnologias aparecem, novas iniciativas surgem, e a excelência custa muito. E não existe excelência sem investimento. O que nós temos previsto para investir já está garantido."
"Cada semana aparece um novo. Eu já estou perdendo as contas aqui (risos). São 18 patrocinadores desse novo ciclo, e esses parceiros privados se traduzem em serviços. É um movimento crescente e eu responsabilizo a excelência da minha equipe de trabalho, de prospecção. Vejo como uma questão de confiabilidade que o Comitê Olímpico do Brasil está transmitindo. Não só para o empresariado, mas para a sociedade."
"Tenho orgulho principalmente dessas inovações em termos de governança. Foi nesta administração que foi implantado o Conselho de Administração, onde nós temos representantes de confederações, de atletas, membro independente e membro do Comitê Olímpico Internacional. Temos Conselho de Ética também, com todos eleitos e de forma independente. Na nossa chegada, nós tínhamos um representante dos atletas com direito a voto na Assembleia. Passamos logo em seguida para 12 membros representativos da Assembleia com direito a voz e voto. E agora, no próximo ano, serão 19 atletas com direito a voz e voto. Eu acho que a marca importante é essa."
"Eu ainda não consegui, mas eu quero tornar o Comitê Olímpico do Brasil uma entidade realmente conhecida e reconhecida. Tem muitas coisas que o Comitê Olímpico desenvolve em prol da sociedade que não são conhecidas pelo grande público. Então, eu estou nessa caminhada. Quero deixar como uma entidade conhecida e reconhecida como gestão de alto nível no esporte olímpico brasileiro."
"Isso é muito bom. Aqui no Comitê Olímpico, em números absolutos, nós temos mais colaboradoras mulheres do que homens. No Pan de Santiago nós tivemos um grande número de mulheres com resultados positivos. Então elas estão avançando bastante, estão buscando seu espaço, com qualidade e mérito."
"Para eles ainda falta um pouquinho, né? Tem aquele ajuste fino, o que tem sempre que dá, que é o técnico que orienta. Ou até cuidar muito da saúde mental, né? Por que é isso que faz a grande diferença. Todo mundo chega forte, bem treinado e tal. Mas aqui, que é o interior, é que eles têm que cuidar e ter atenção."
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