O Comitê Olímpico Internacional oficializou o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Nesta terça-feira (24), a entidade decidiu que a competição, que aconteceria entre julho e agosto deste ano, será realizada apenas em 2021, por conta da pandemia mundial do novo coronavírus. Atletas e federações esportivas do mundo inteiro comemoraram a decisão, e no Espírito Santo não foi diferente.
A reportagem conversou com os principais atletas capixabas: os que já estão garantidos nos Jogos Olímpicos e os que são fortes candidatos na luta por uma vaga. Todos foram unânimes em relatar que esta foi a melhor decisão a ser tomada. Confira os depoimentos.
Confirmado para brigar pela terceira medalha olímpica, o capixaba Alison, do vôlei de praia, concordou com adiamento dos Jogos de Tóquio para 2021. Com medo, o jogador que faz dupla com Álvaro Filho não treinava com bola há pelo menos 10 dias para evitar um possível contágio. As atividades do Mamute hoje estão limitadas a trabalhos de academia e treinos funcionais. Alison acredita que, independente do adiamento, vai chegar forte no ano que vem.
Restando quatro meses para os Jogos, o foco era total. Mas, eu não conseguia treinar mais, estava muito preocupado e com medo de pegar esse vírus. Foi a decisão mais sensata a ser tomada por tudo isso que o mundo e o nosso país vem passando neste momento. Como atleta de alto rendimento, eu acho essa decisão perfeita e com certeza estaremos mais preparados para o ano que vem."
Agora o capixaba aguarda a definição do calendário para traçar o planejamento da preparação para os Jogos de Tóquio. Segundo Alison, tudo vai "começar do zero". "Agora está tudo parado, não temos noção de quando as competições vão retornar e de quando iremos voltar a treinar normalmente. Com isso a nossa programação começa do zero. Temos que aguardar a definições e para sabermos quantos torneios internacionais ainda disputaremos esse ano".
Esperança de medalha para o Brasil no atletismo, o velocista Paulo André Camilo ressalto que já aguardava o adiamento da olimpíada. O capixaba concorda que foi uma decisão necessária para o mundo esportivo e para a prevenção da disseminação do Covid-19. O adiamento da Olimpíada já era uma notícia esperada por nós atletas. Ultimamente víamos que os acontecimentos não eram os melhores. Muitos já não estavam treinando ou competindo nos pré-olímpicos. No nosso país, o vírus ainda não se proliferou tanto, outros países foram mais atingidos, é um problema mundial. Pelo menos os Jogos Olímpicos não foram cancelados, como até se especulou, apenas adiado. É triste, mas necessário. Estou na esperança que tudo vai dar certo.
Confirmado nos Jogos Olímpicos de Tóquio em três provas: 100m rasos, 200m rasos e revezamento 4x100m, Paulo André vinha em uma temporada muito positiva e estava pronto para competir, mas também acredita que mais um ano de preparação lhe dá a oportunidade de crescer ainda mais. Não vou negar que era um ano em que eu vinha muito bem. Mas é claro que agora vou ter a oportunidade de treinar mais. Eu sou muito novo e ainda estou evoluindo até mesmo fisiologicamente. Tenho a chance de melhorar ainda mais, declarou o atleta de 21 anos.
A Seleção Brasileira de futebol conquistou a vaga nas Jogos de Tóquio ao ficar com o vice no Torneio Pré-Olímpico Sul-Americano, no início deste ano. E o capixaba Lyanco, do Tornino, faz parte do grupo de jogadores que podem integrar a equipe Sub-23 nos Jogos. Porém, com a transferência dos jogos para 2021, o zagueiro passa a ter um obstáculo a mais para estar nos Jogos. Lyanco terá completado 24 anos e só poderá disputar as Olimpíadas se for um dos três jogadores acima de 23 anos convocados pela CBF.
Mesmo assim, o capixaba mantém a esperança de que o COI considere a mudança e abra uma exceção. Espero que possamos jogar da mesma forma (com 24 anos), pois não somos culpados pela mudança e estamos esperando por esse momento. Mas, o melhor vai acontecer.
Em busca da segunda olimpíada de sua carreira, a ginasta Natália Gaudio se mostrou satisfeita com o adiamento dos Jogos de Tóquio. A capixaba considera que é o melhor para os atletas. Acho que foi realmente o melhor a se fazer. A gente já estava aguardando por essa resposta porque todo mundo está sendo afetado. Todos os atletas estão tendo problemas, não estão conseguindo treinar normalmente. Isso estava afetando a nossa preparação. Posteriormente todos vão ter tempo de retornar aos treinos com calma, conseguir pegar o ritmo de novo. Porque querendo ou não, a gente já estava em um ritmo bem intenso, pré-competitivo e tivemos que dar uma desacelerada bem forte. Então até conseguirmos pegar esse ritmo de novo e conseguir organizar tudo vai precisar de tempo.
Natália, que está na disputa por uma vaga no individual, agora aguarda pelas novas datas das competições classificatórias para saber quando retornará a sua rotina de treinos. Eu iria participar das classificatórias em abril e maio. Seriam cinco competições: quatro copas do mundo e um pan-americano. Todas de caráter classificatório para as Olimpíadas que acabaram adiadas, ainda sem data para acontecer. Vou ter que esperar isso tudo. Mas com esse tempo, vou ficar mais tranquila. Antes estava apreensiva com o que seria feito, se tera que correr atrás do tempo perdido, mas graças a Deus foi adiado. Então agora a gente pode fazer tudo com mais tranquilidade. Eu gostei bastante dessa decisão porque acho que vai ser mais justo com todos os atletas, destacou.
Pensando no bem comum, Natália Gaudio também ressaltou que o Comitê Olímpico Internacional optou pela decisão que respeita o que estamos vivendo. O momento agora é de pensar na nossa saúde e de pensar no bem de todos, no bem comum. Agora não é momento de celebrar, de ver as olimpíadas. Realmente a gente precisava respeitar esse momento difícil que estamos vivendo e aguardar cada um na sua casa para que tudo volte ao normal, pontuou a atleta.
A capixaba Deborah Medrado, capitã do conjunto da ginástica rítmica, que ainda está em busca da vaga, concordou com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Para a ginasta é uma questão de saúde e de preservação dos atletas. "Concordo com o adiamento porque as pessoas iriam correr riscos. Além disso, os atletas não estariam no auge da performance, pois ficaram um período sem treinos. Foi o melhor a se fazer para o bem e saúde de todos", ressaltou.
O adiamento de certa forma foi benéfico para Deborah. Na semana passada, a capixaba foi submetida a uma cirurgia no pé e ganhou um tempo maior de recuperação para tentar a vaga. "Fiz uma cirurgia nos meus pés e estou em recuperação agora. Quando treinava sentia muita dor e fui até onde aguentei. Se quisesse ser uma atleta de alto rendimento teria que fazer essa cirurgia e foi a última opção. Com essa notícia do adiamento, a minha vontade cresceu mais ainda, pois terei tempo de me recuperar e voltar a treinar. O sonho não precisou ser adiado para 2024, se Deus quiser em Tóquio 2021 estarei lá", comemorou.
Para confirmar a presença nos Jogos, o conjunto brasileiro precisa de vencer o Pan-Americano que está marcado para o mês de maio, nos Estados Unidos. Assim como as Olimpíadas de Tóquio, o evento também deve ser adiado.
Atleta do Pinheiros-SP, João Luiz Gomes é um dos principais nomes da natação brasileira. O capixaba participaria da seletiva no dia 20 de abril, no Rio de Janeiro, onde iria disputar a vaga olímpica na prova dos 100m peito. João acredita que o Comitê Olímpico Internacional optou pela melhor decisão possível.
Na verdade, foi uma decisão sensata. Pelo fato de estarmos atravessando um problema que não é só no esporte, mas algo que afeta várias outras áreas no mundo todo. É um problema de saúde que mexe com a economia, política...com tudo.Foi uma decisão sensata empurrar os Jogos Olímpicos para daqui a um ano, quando, creio eu, que já teremos superado toda essa dificuldade e tudo estará de volta ao normal.
O nadador capixaba também entende que agora os atletas podem dicar mais tranquilos com relação à preparação para as competições e ainda pede que cada pessoa cumpra seu papel no combate ao coronavírus.
Acredito que todos os atletas agora estão bem mais tranquilos. Quando todos estivermos liberados para voltar aos treinos, cada um no seu devido esporte, acho vai ser um alívio. Hoje a minha rotina é ficar em casa o máximo possível para evitar o contato com outras pessoas. Todo mundo deve ficar em casa para tentar segurar o máximo possível essa pandemia, destacou o atleta que mora em São Paulo, cidade com a maioria dos casos de coronavírus no país.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta