A tradicional Corrida da Penha chega à sua 11ª edição no próximo domingo (31), mas desde 2006, a prova se tornou um importante evento do calendário esportivo do Espírito Santo. E, claro, por tratar-se de uma competição, ela tem seus campeões. Conversamos com dois vencedores da corrida, o primeiro, Enício Pereira, e a mais recente, Larissa Marcelle Quintão. Ambos destacaram a relevância da disputa também para suas carreiras.
Para Enício, "como atleta, a Corrida da Penha é uma das mais importantes que existe". Para Larissa, que veio no ano passado pela primeira vez e não apenas gostou como se sagrou campeã, a corrida se destaca “por ser plana, ter uma distância gostosa e exigir aceleração no início, tiros ao final, ir à rodagem e correr”. Coincidência ou não, são mineiros os campeões: Larissa é de Itabira e Enício, ainda que more há 22 anos no ES, é de Joanésia e foi criado em Igarapé.
Ao sagrar-se vencedora da corrida da Penha no ano passado, Larissa acabou vendo em si uma necessidade: dar uma paralisada no magistério – é professora do ciclo básico em Itabira (MG) - e dedicar-se somente às corridas. Depois de haver disputado uma corrida em Riga, na Letônia, por exemplo, focou na decisão de fazer de 2024 um ano esportivo.
“Estou de licença, sem recebimento de vencimentos, exclusivamente correndo”, falou-nos com exclusividade enquanto preparava a viagem de vinda de Itabira para o ES. Para a atleta a expectativa para este ano é o primeiro lugar. "Estou muito confiante no rendimento e em fazer o meu melhor. Porém, reconheço que a vitória é uma consequência e sei que minhas concorrentes também estão bem treinadas", pontuou.
Larissa disse não haver estipulado um tempo específico como meta para concluir a prova, porém, no ano passado, bateu a marca de 24min41seg. "Meu objetivo é chegar no sábado, avaliar o clima, pois isso influencia, dar um trotezinho e saber se tenho como melhorar o tempo do ano passado ou não".
Ao contrário das corridas de grande porte como a São Silvestre, com mais de 10 mil inscritos, a da Penha sai com um pelotão só. Segundo Quintão isso não faz muita diferença. “A largada é bem mais tranquila, a prova é bem organizada, a gente sai e vai se encontrando com os outros e não nos sentimos sozinhas”.
Por mais que tenha várias disputas, e corridas, no caminho, há poemas na trajetória de Larissa também. Há esporte no seu caminho, a contrário do seu conterrâneo mais famoso, Carlos Drummond de Andrade, que em sua poesia mais famosa disse haver pedras. Eles são de Itabira, e , mais que isso, ela dá aula na mesma escola em que estudou o ícone itabirano. “A gente respira Drummond”, disse.
“Tenho maior orgulho e faz parte do meu currículo ter subido no pódio 4 vezes, sendo bicampeão”. Essa foi uma das frases mais significativas de Enício Pereira, usadas inclusive como chamariz pelos organizadores da Corrida. Realmente, esse evento foi relevante para o atleta, que já chegou em primeiro lugar outras 240 vezes, e em provas de variadas distâncias, e que chegou a vencer cerca de 11 campeonatos estaduais. Por conta de uma lesão, ele não estará competindo desta vez.
“Estou treinando, mas ainda não posso competir. Quero voltar em breve, porém, estou com uma cetalgia e com dor na lombar”. Por mais que não vá disputar, Enício não estará totalmente distante da Corrida. Seus alunos estarão lá. Ele não soube precisar quantos, mas disse haver um número considerável.
Destaca Enício que a Corrida da Penha para quem está na elite tem o mesmo significado. "É a mesma preparação para correr 6, 14 ou 21km. Mas o interessante dela é democratizar o esporte para todos. Eu acho uma evolução [estipular 7km] por que assim fica mais plural e todos que correm, mesmo informalmente, podem ter a capacidade de participar. Uma corrida de 10km já restringe o número de participantes, por exemplo. Nessa versão ficou mais plural e todos vão ter capacidade de competir".
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