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Capixaba brilha nos Estados Unidos e mira título mundial de jiu-jítsu

Capixaba brilha nos Estados Unidos e mira título mundial de jiu-jítsu

Lucas Lisboa, 25 anos, venceu competições importantes em  Miami, Atlanta e Dallas. A cada dia, o atleta se credencia mais a uma vaga no Campeonato Mundial

Publicado em 29 de março de 2022 às 07:00

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Lucas Lisboa está focado para conquistar o Campeonato Mundial de Jiu-Jítsu
Lucas Lisboa está focado para conquistar o Campeonato Mundial de Jiu-Jítsu. (Acervo Pessoal)

Tudo começou após um período difícil com a morte da mãe quando tinha apenas 15 anos e a depressão causada pela perda de uma pessoa tão especial. Lucas Lisboa Alves, natural de Vitória, hoje com 25 anos, é faixa-preta de jiu-jítsu e o nono melhor atleta do mundo na sua categoria. Atualmente mora em Miami, nos Estados Unidos, onde tem conseguido ótimos resultados em busca do seu maior sonho: ser campeão mundial.

O começo do atleta capixaba na modalidade aconteceu quando ele passou em frente a uma academia e resolveu entrar para conhecer, e foi nesse momento que o esporte mudou totalmente a vida do Lucas. De início, seu sonho nunca foi se tornar um atleta profissional, mas ao mesmo tempo tinha o desejo de conhecer vários países ao atuar na modalidade.

“Vi a possibilidade de desbravar o mundo fazendo uma coisa que eu amava, lutando. Fazia faculdade de Ciências Políticas e em determinado momento tive que fazer a escolha de me mudar para São Paulo para que tivesse uma chance maior dentro do esporte treinando em uma grande academia”, disse Lisboa.

Lucas contou que inicialmente começou a competir como faixa-azul no Espírito Santo. Ganhou campeonatos municipais e foi campeão estadual várias vezes. A partir dessas conquistas, o atleta capixaba viu que existia a possibilidade de lutar em campeonatos nacionais e internacionais.

Lucas Lisboa conquistou competições importantes fora do Brasil
Lucas Lisboa conquistou competições importantes fora do Brasil. (Acervo Pessoal)

“Como todo início, bati muito na trave, e logo depois comecei a conquistar alguns pódios em campeonatos importantes. Em 2018, meu foco era o Sul-Americano, fui vice-campeão. No outro ano consegui ganhar essa competição e foi um dos acontecimentos que me solidificou como atleta no Brasil e abriu portas para outros países”, contou o lutador.

O atleta capixaba explicou que a partir do momento em que começou a ficar conhecido no esporte dentro do Brasil, algumas academias de fora do país o convidaram para realizar seminários e workshops ao redor do mundo, e foi quando Lisboa teve a oportunidade de lutar em países como França, Portugal, Bélgica, Inglaterra e Rússia. E foi assim que deixou o Espírito Santo para viver o seu maior sonho nos Estados Unidos.

“Vim para os Estados Unidos porque, durante a pandemia, foi o único país que seguindo as regras de distanciamento social conseguiu manter razoavelmente o calendário de competições. Além disso, as competições mais importantes no esporte acontecem na Califórnia e em Nova Iorque, por isso a locomoção é muito facilitada”, explicou Lisboa. 

RANKING, PONTUAÇÃO E CAMPEONATO MUNDIAL

A federação mais importante do jiu-jítsu é a International Brazilian Jiu Jitsu Federation (IBJJF), e é essa instituição que promove campeonatos que qualificam os atletas para lutar nos principais eventos. De acordo com Lisboa, praticamente todo final de semana nos Estados Unidos tem uma etapa em um estado diferente.

O atleta conseguiu levar o título nas etapas de Miami, Atlanta e Dallas, o eu o levou à nona posição na categoria pesado na faixa preta. Lisboa explicou que toda semana esse ranking é atualizado, e para que o atleta seja elegível para lutar o Mundial, que acontece em junho, é necessário que tenha uma quantidade mínima de pontos (90). Essa é a razão pela qual as etapas são tão disputadas.

“Meu objetivo maior é ser campeão mundial na faixa preta. Tenho me dedicado muito para alcançar esse fim. É sem dúvida a meta mais desafiadora da minha vida, mas eu tenho certeza que vou conseguir. Tenho trilhado um caminho que me coloca em um patamar necessário para ser campeão mundial”, ressaltou o capixaba. 

Lucas Lisboa treina nos Estados Unidos
Lucas Lisboa treina nos Estados Unidos. (Acervo Pessoal)

FALTA DE APOIO

Uma das principais reclamações, de forma geral, de atletas capixabas como o Lucas Lisboa é a falta de apoio de poderes públicos e também de ajudas privadas com patrocínio. O atleta capixaba destacou que o Espírito Santo é um berço de talentos e que naturalmente o Brasil tem um problema estrutural de nunca ter existido uma política razoável de incentivo ao esporte.

Após a temporada de competições nos Estados Unidos, Lisboa contou que pretende voltar ao Brasil e quer futuramente abrir sua própria academia e ter um projeto social que possibilite às crianças e adolescentes uma nova perspectiva de vida.

“Quero ser parte de uma mudança necessária na sociedade, ajudar como fui ajudado. A partir do momento que nosso país criar uma política decente de incentivo ao esporte, vamos ver uma mudança significativa. O esporte tem um papel de mudança incrível, várias crianças em estado de vulnerabilidade social têm a chance de alçar uma nova realidade. Dentro do jiu-jítsu existem vários exemplos que conseguiram quebrar a barreira da desigualdade social”, disse. 

TREINADOR LEMBRA QUE LUCAS SEMPRE FOI DIFERENCIADO

Lucas Lisboa ao lado de Gilvan, que o incentiva desde o inicio da carreira
Lucas Lisboa ao lado de Gilvan, que o incentiva desde o inicio da carreira. (Acervo Pessoal)

Um dos maiores incentivadores do Lucas no esporte foi o professor de jiu-jítsu Gilvan Júnior, dono de uma academia em Jardim Camburi. Ele contou que o atleta chegou ainda novo para treinar no local, com cerca de 18 anos, quando ainda era da faixa azul.

Gilvan destacou que já nessa idade, Lucas era tido como um “gênio incompreendido”, e que estava à frente do tempo dele. O professor explicou que ele tinha posições bem avançadas em uma época em que o jiu-jítsu estava muito básico, e por isso as pessoas não compreendiam muito bem

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“Eu tenho um carinho enorme por ele e desde o início eu vi que ele era uma promessa e que tinha muita garra. O que mais precisa ele tem, é guerreiro, briga até o final, dedicado, disciplinado e isso para o professor de luta vale ouro. Vou te dizer mais, ele está nos Estados Unidos, já está brilhando, mas eu acho que ele ainda vai brilhar muito mais. Pode ter certeza que o Lucas vai ser um campeão mundial, campeão europeu, tudo por conta da dedicação, da persistência e da raça que ele tem, certeza que vamos ver ele nos maiores pódios da modalidade”, ressaltou Gilvan.

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