Um dos maiores representantes do MMA capixaba em todo o mundo, o lutador Erick Silva, de 38 anos, confirmou ao ge que “pendurou as luvas”. E o motivo da aposentadoria tem a ver com a saúde. O agora ex-atleta sofreu um infarto em junho de 2021, desde então decidiu encerrar a carreira e agora atua no mercado financeiro.
Após 32 lutas, sendo 15 delas no UFC, o maior evento de artes marciais mistas do mundo, o “fenômeno capixaba” estava inativo desde 2019, quando perdeu para o britânico Paul Daley no Bellator 223. Desde então, Erick Silva estava totalmente parado e exatamente um ano depois de sua última luta profissional, após um treino leve com o também lutador Joilton Peregrino (ex-TUF Brasil), veio o susto, o diagnóstico e a internação.
"Em junho de 2021 eu infartei. Fiquei sem treinar um ano e meio, e fui dar um treino com o Joilton Peregrino e me esforcei muito. Fizemos um treino de 5 rounds e comecei a sentir uma dor no peito. Me confundiu muito essa dor com a fadiga muscular, não estava entendendo o que estava acontecendo. Tanto que eu fui para casa, brinquei com meu filho na piscina mesmo com as dores e só aliviava com trabalho de respiração. Aliviava, mas não parava. Aí peguei o carro e fui sozinho pro hospital. Lá fizemos os exames, minhas enzimas cardíacas estavam muito altas e fui internado", contou o capixaba.
A decisão pela aposentadoria veio logo na sequência. Erick Silva acredita que o problema cardíaco que teve foi uma sequela da Covid-19, que acometeu sua família inteira em abril de 2020.
"Fiquei uma semana no CTI, e meu cardiologista disse que provavelmente pode ter sido sequela de Covid-19, porque foi achado um trombo na artéria coronária e isso estava impedindo o fluxo de sangue a seguir. Fiquei um tempo parado, depois fiz meus exames de rotina e foi constatado que a anatomia do meu coração estava perfeita. Mas esse fato foi um ponto decisivo para que eu não lutasse mais", complementou Erick.
O que Erick Silva também revela é que o problema no coração pode ter sido apenas a gota d'água para dar um ponto final em sua trajetória no esporte. Três meses antes do infarto, em entrevista ao portal “Super Lutas”, Erick já avaliava ao menos dar uma pausa na carreira, sem imaginar que em breve sofreria um baque que seria decisivo em sua vida. Além disso, a sequência de seis derrotas nas últimas oito lutas, desde 2015, foram cruéis com a motivação do capixaba.
"O momento em que eu resolvi me afastar do MMA foi após a minha última luta, em 2019. Eu vi que não estava conseguindo performar como eu achava que conseguiria em condições físicas 100%. Acho que as lesões acabaram mudando o meu olhar como atleta", analisou.
Após os problemas de saúde, Erick Silva decidiu mudar totalmente. Pendurou as luvas, abriu o laptop e atualmente trabalha no mercado financeiro. Algo que já vinha começando a conciliar com a rotina de treinos desde 2020, mas que virou profissão mesmo a partir do ano passado.
"Quando foi em 2020, na pandemia, em isolamento, eu “caí de cabeça” na empresa da família, comecei a me dedicar a entender melhor como funciona o mercado financeiro e atualmente estou trabalhando nisso, nada a ver com a luta. Esse também foi um dos motivos de eu me afastar 100% para focar nesse meu novo trabalho. Já em 2021 comecei a estar mais à frente nos negócios da família. Eu trabalho numa factory, com antecipação de recebíveis, nós assumimos o direito de crédito das empresas", explicou Erick.
De volta ao Espírito Santo para o relançamento do Instituto Erick Silva, projeto social que dá aulas de artes marciais à crianças carentes de Vila Velha, e que estava inativo por causa da pandemia, Erick Silva se mostra resignado e conformado com o que o destino lhe reservou. Porém, a motivação com os novos desafios lhe mostra que o caminho a seguir pode ser tão glorioso quanto sua carreira no MMA.
"A luta me trouxe muitas coisas boas, me ensinou muito tanto nos acertos quanto nos erros. Aprendi mais com os erros e estou utilizando isso em minha nova área. Sei muito bem os motivos que não me fizeram chegar muito longe nas lutas e não tem nada de errado com isso, sou bem resolvido com isso. Quando a vida te traz algo para você ter como experiência, isso é muito bom. Passei 2020 estudando, trabalhando e absorvendo conhecimento nesse novo caminho. Eu creio que tudo na vida é um ciclo. Eu estive lutador, mas não quer dizer que eu precise morrer lutador, e segui um novo caminho. E essa foi uma das decisões mais inteligentes que eu tive na minha vida", finalizou o capixaba.
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