Com apenas 22 anos, Didi Louzada já esbanja a seriedade e a experiência de um grande jogador de basquete. O capixaba de 1,98 metros de altura é atleta do Portland Trail Blazers na NBA e, nesta terça-feira (17), conversou com crianças que participam do projeto NBA Basketball School, em parceria com a principal liga de basquete do mundo, que é realizado em um colégio particular de Vitória.
Natural de Cachoeiro do Itapemirim, na região Sul do Estado, Didi Louzada saiu de casa em busca do sonho de se tornar um jogador profissional de basquete ainda muito jovem. Foi para o Franca, equipe de São Paulo e, em 2019, atingiu o sonho de qualquer menino apaixonado pelo esporte da bola laranja: foi escolhido para jogar pelo New Orleans Pelicans da NBA, a liga de basquete dos Estados Unidos.
Após passar dois anos emprestado ao Sydney Kings, da Austrália, para adquirir experiência, o capixaba foi envolvido em uma troca e agora veste a camisa do Portland Trail Blazers, onde tem a chance de atuar em um time que passa por um processo de reformulação em torno do grande ídolo, Damian Lillard, para sacramentar de forma definitiva um lugar na NBA.
Em entrevista à reportagem de A Gazeta, Didi falou sobre o momento do time de Portland. Com um elenco mesclado entre jovens e veteranos, a equipe almeja objetivos grandes para as próximas temporadas, e Didi faz parte deste processo de renovação.
"É muito importante para mim, com certeza as próximas temporadas estaremos brigando pelos playoffs e, principalmente, pelas finais de conferência e final da NBA. A gente tem um time jovem, talentoso e com a experiência do Lillard, do Josh Hart e do Nurkic para ajudar a gente, com certeza vamos longe. Me sinto muito importante por fazer parte dessa equipe tão nova que está na reformulação", disse.
O capixaba também falou sobre a seleção brasileira, com a qual garante ter metas para o futuro. Apesar de ter recusado, em maio de 2021, a convocação para a disputa do pré-Olímpico, quando a seleção ainda era treinada por Aleksandar Petrovic, o ala do Blazers disse ter como sonho defender o Brasil.
"Tenho muitas metas pela seleção brasileira. Já conversei com o Gustavinho, novo técnico, a gente está bem alinhado. Futuramente vou voltar para a Seleção para ajudar meu país. Eu sinto muito orgulho de jogar pelo Brasil, é muito importante para mim", afirmou.
Além de responder perguntas da criançada, como quanto calça (incríveis 48, por sinal) e qual o jogador mais difícil que já jogou contra (escolheu a sensação do Dallas Mavericks, Luka Doncic), Didi respondeu perguntas da reportagem de A Gazeta sobre expectativas na NBA, objetivos na carreira e a experiência de jogar na Austrália. Confira o papo abaixo:
Eu fui draftado em 2019 pelo Pelicas, na 35ª escolha do segundo round. Veio a notícia de que eu ia jogar na Austrália, joguei lá por dois anos. Desenvolvi meu basquete, aprendi a língua inglesa, foi o que me pegava mais. Então, acho que, aprendendo o inglês e ficando fluente, depois voltando para a reta final da NBA de 2021, foi uma temporada boa. Tive bastante experiência na Austrália, tentei trazer um pouco do que aprendi lá para tentar ajudar o Pelicans.
Ele me acolheu, na hora que eu cheguei. Eu tinha acabado de fazer a cirurgia de joelho, no menisco. Ele me acolheu bem, conversou comigo. Todo o staff do Portland também me acolheu bem, isso é muito importante para um jogador que está vindo de transição e também de uma troca.
É muito importante para mim, com certeza as próximas temporadas estaremos brigando pelos playoffs e, principalmente, pelas finais de conferência e final da NBA. A gente tem um time jovem, talentoso e com a experiência do Lillard, do Josh Hart e do Nurkic para ajudar a gente, com certeza vamos longe. Me sinto muito importante por fazer parte dessa equipe tão nova que está na reformulação. Teve a formação de GM (General Manager, ou diretor geral, em inglês), que agora é o Joe Cronin, formação do time em volta do Damian Lillard, então acho que vai ser uma temporada importante para mim e para a equipe toda.
Ajudou bastante no meu jogo ganhar essa massa. Eu ganhei quase 43 pounds (cerca de 19,5 kg) na Austrália no meu segundo ano, quando ganhei um corpo a mais. Isso, com certeza, vai ajudar no meu jogo na NBA, que é rápido e físico.
Ficar em Portland e me manter na NBA. Chegar na NBA é difícil, mas o mais difícil mesmo é se manter lá dentro. Então, acho que esse é meu maior objetivo hoje.
Tenho muitas metas pela seleção brasileira. Já conversei com o Gustavinho, novo técnico, a gente está bem alinhado. Futuramente vou voltar para a Seleção para ajudar meu país. Eu sinto muito orgulho de jogar pelo Brasil, é muito importante para mim, sempre foi, desde quando eu fui pela primeira vez para a seleção de base. Então eu mal posso esperar para voltar a jogar pela seleção, mas, agora, tenho que focar no Portland.
Espero que em breve! Acho que não vai demorar isso tudo não, em breve volto a jogar pela seleção.
Sim, com certeza! Sempre será meu objetivo tentar ajudar meu país. Quero jogar minhas primeiras Olimpíadas, mesmo sendo muito novo, ainda tenho 22 anos, as Olimpíadas são meu principal objetivo com a Seleção.
O que eu digo para eles é para nunca desacreditar dos sonhos. É sempre importante ter o apoio da família, eu sempre tive o apoio da minha. Apoio dos meus amigos, do meu primeiro técnico, o Nilsinho. Sair de uma cidade pequena como Cachoeiro, de um projeto de street ball, que era no começo, é acreditar nos sonhos, confiar no seu potencial e treinar. Não tem dias off! Uma coisa que eu aprendi ao chegar na NBA é que nós, latino-americanos, e os europeus, temos que treinar mais que os americanos. É algo que eu carrego comigo e passo para as crianças.
Conhecer e, principalmente, de ouvir conselhos de um atleta da NBA é uma chance de ouro para crianças que almejam uma carreira no esporte. Quem ouviu bem as dicas de Didi foi a Luisa Alighieri Vianna, de oito anos, que inclusive ganhou uma camisa autografada do craque por causa da dedicação nos treinos. Ela ainda não tem certeza, porém, se quer mesmo se tornar atleta.
"Foi muito legal conhecer ele e ganhar a camisa. Gosto de basquete, mas vou pensar se quero virar jogadora", disse a pequena.
Outro que aproveitou a chance de trocar experiências com um atleta que ele tem como inspiração foi Manoel Vasconcellos Del Piero, de 13 anos. Para ele, que se apaixonou pelo basquete depois de assistir a um jogo da NBA entre Lakers e Nets, a demonstração de foco e de dedicação de Didi são os principais traços para se espelhar e tentar seguir.
"Foi maravilhoso e muito inspirador, porque mostra que, com foco e dedicação, podemos chegar à NBA. O que mais me inspira é que ele é do nosso Estado e é muito batalhador. Comecei a jogar tarde, com 11 anos. Agora eu tenho 13 e o basquete se tornou uma paixão que eu nunca vou largar", pontuou.
Treinadora certificada da NBA Basketball School, Fernanda Lima conheceu Didi quando ele ainda era uma promessa de apenas 13 anos de idade. Ela era auxiliar técnica na seleção capixaba sub-13 de basquete e, desde aquela época, já via no agora ala da NBA um grande jogador.
"Eu era auxiliar técnica da seleção capixaba de basquete. Eu era nova, tinha 19 anos quando estava no sub-13, e acompanhei toda a trajetória dele. Desde pequeno ele foi muito decisivo, muito frio, ele era diferente dos outros garotos. Quando ele chegou na NBA eu fiquei muito feliz, chorei de emoção", contou.
Como principal característica de Didi, Fernanda cita a tomada de decisão. Segundo ela, é um traço que ele desenvolveu muito bem desde cedo e que o credencia para evoluir ainda mais. A coletividade e espírito de equipe, para a treinadora, também são marcantes no atleta.
"A tomada de decisão dele é muito certa, muito bem pensada. A tomada de decisão ofensiva, e é um cara que gosta de defender também, é uma característica que é dele desde criança. Ele é bem coletivo, não é egocêntrico, não é um jogador que pensa só no umbigo dele", completou.
Didi ainda é uma jovem promessa da NBA, mas já pode dizer que tem algo em comum com Michael Jordan, considerado por muitos o maior jogador da história do basquete mundial. Fernanda contou que, no Campeonato Brasileiro de Basquete Sub-13, em 2013, Didi atuou com febre e, mesmo assim, decidiu o jogo. Semelhante ao lendário "Flu Game", ou "Jogo da Gripe", quinta partida das finais da NBA de 1997, em que Jordan entrou em quadra febril e anotou 38 pontos, sete rebotes e cinco assistências, contribuindo para a vitória do Chicago Bulls por 90 a 88 contra o Utah Jazz.
"A minha primeira seleção capixaba foi com 19 anos, em Itajaí, ele tinha 13 anos. Eu sentei do lado dele no ônibus e ele estava com febre. Eu falei ‘gente, o menino está quente!’. Ele falou que estava com dor de dente, fomos ver e o dente dele estava infeccionado. Mesmo passando mal, com febre, ele resolveu o jogo todo e foi campeão. Ele é sinistro!", exclamou Fernanda.
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