Nascido na pequena Itamira, em Ponto Belo, cidade que tem cerca de seis mil habitantes e está localizada na região Norte do Espírito Santo, Manoelito Júnior é o filho caçula da família. Sempre morou na roça e aprendeu muito cedo o manejo de animais. Ainda na adolescência, o que era rotina no campo foi se transformando em paixão e, aos 17 anos, ele deixou a terra natal para ir em busca do sonho de se tornar peão profissional. Em Vitória, por conta da vontade dos pais, chegou a fazer o curso de técnico em enfermagem, mas a empreitada duraria pouco. Um ano depois ele deixava os estudos para se dedicar totalmente ao mundo do rodeio.
O pai, de início, foi totalmente contra a decisão. Tinha o desejo de ver o filho formado, com diploma e beca. A teimosia do jovem acabou sendo maior. Esforçado, não demorou para se tornar um dos maiores montadores de touro do Estado, com tantas premiações que ele não consegue nem contar.
"Terminei o ensino médio e decidir ir para a capital do Espírito Santo estudar, apesar de não tirar a montaria da cabeça. Meus pais ficaram felizes e me apoiavam nos estudos. Mas o que queria mesmo era ser competidor. Logo larguei os estudos e passei a treinar e competir em torneios. No começo meus pais acharam ruim, não gostaram, mas eu tinha que seguir meu sonho, pois rodeio era o que eu sempre quis. Treinava sempre para tentar me tornar o melhor", relembrou Manoelito.
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Aos 18 anos, Manoelito ganhou o primeiro prêmio, uma moto, em uma festa de peão realizada em Cariacica. Continuou treinando em Vitória com a ajuda de amigos, até que o reconhecimento finalmente chegou, em julho deste ano, quando venceu uma etapa importante do BM Rodeios, em Colatina, que reuniu os melhores atletas do país e renomados esportistas de várias partes do mundo.
No último final de semana, em Barretos, São Paulo, Manoelito foi vice-campeão da etapa classificatória do The American Run e assegurou uma vaga para a disputa no Texas, nos Estados Unidos, em fevereiro do ano que vem. Contudo, até lá, o capixaba quer erguer a taça do Rodeio Internacional da 63ª Festa do Peão de Barretos, título que ainda não conquistou na arena do maior rodeio da América Latina.
"Todo grande peão sonha em vencer em Barretos. É o ápice para um atleta brasileiro aqui no país. Começo a competir pelo Rodeio Internacional na quinta-feira, dia 23, e estou confiante em ir bem. Tenho chances de ser campeão e espero conseguir. O vencedor ganha um carro no valor de 200 mil reais, ou seja, vai dar para brincar um pouquinho (risos)", brincou.
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Mesmo afirmando que o foco ainda está no campeonato nacional, Manoelito deixa o pensamento voar para longe quando é perguntado sobre a adrenalina que será montar os touros mais imponentes do esporte no Texas, nos Estados Unidos, em 2019. E vai além ao citar a estabilidade que o país norte-americano o pode conceder em um futuro próximo.
"Subir naqueles animais vai exigir de mim bastante treino e uma preparação forte. São os mais temidos do mundo. É uma adrenalina que já consigo sentir. Posso dizer também que tenho o projeto de ir para competir e acabar ficando de vez nos Estados Unidos. Isso porque tenho amigos que competem lá, que conhecem os eventos e eles já me disseram que posso evoluir estando entre os melhores atletas da modalidade. Meu plano é ganhar o The American Run e me manter em alta por lá", explicou Manoelito, que, em caso de vitória, vai desembolsar aproximadamente R$ 4 milhões.
A família, porém, não estará por perto para ver o simples menino de Itamira ganhar para si os holofotes do mundo do rodeio. "Devo tudo o que sou hoje a meus pais, familiares e grandes amigos que tenho. Meu pai foi um bom montador e me ensinou muito. Olho para trás e agradeço muito a ele, a tudo o que ele fez por mim, assim como também a minha mãe, que sempre me apoiou", concluiu.
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