Em meio a realização da Copa do Mundo Feminina, jovens meninas do Espírito Santo terão a oportunidade de mostrar todo o seu talento na ‘Copa Let It Gol’, um festival de futsal voltado para garotas de 8 a 14 anos, com realização no próximo sábado (5), às 9h.
A proposta do movimento realizado no Centro de Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) é proporcionar a meninas a possibilidade de participar de um evento esportivo e celebrativo.
Sob o comando de Mariana Zuaneti Martins, doutora e professora do Centro de Educação Física e Desportos da UFES, o projeto abre as portas para toda a comunidade, em busca de valorizar o esporte feminino e fomentar categorias de base consolidadas no Estado.
“São poucos os torneios informais para garotas e isso tem como consequência a falta de oportunidades para que elas se engajem em eventos de festividade e competição esportiva. A participação nesses eventos é muito positiva para o engajamento com o esporte, pois proporcionam o aprendizado sobre competir contra pessoas diferentes, a diversão de jogar e comemorar cada gol, passe, defesa, e a possibilidade de ter os familiares prestigiando e torcendo para elas”, explica a professora.
De acordo com Mariana, a ideia é dar oportunidade para garotas e aproveitar para reunir projetos que trabalham com o esporte feminino.
Em 2023, o evento, que está em sua segunda edição, espera receber cerca de 70 garotas, superando o número de participantes do último ano.
“A primeira edição foi em novembro de 2022 e foi muito emocionante. Nós tivemos relatos de pais dizendo que foi a primeira vez que tiveram a oportunidade de ver as filhas jogando, de viver esse momento junto com elas. Veja como tal iniciativa é importante até para fortalecer os vínculos familiares. O esporte é muito potente para conectar pessoas”, conta Mariana.
Para 2023, a organização do evento decidiu colocar o festival propositalmente entre os dias de realização da Copa do Mundo Feminina para aproveitar a visibilidade que o futebol feminino está tendo ao redor do Brasil.
“Para essas meninas, tenho certeza de que é a primeira vez que elas veem mulheres jogando futebol na televisão aberta. Isso gera reconhecimento e pertencimento. Nesse sentido, acreditamos que fazer o festival no mesmo momento que a Copa tende a potencializar a participação no esporte como uma experiência positiva e motivadora”, complementa Zuaneti.
A professora explica que espalhar o costume da prática esportiva entre meninas e mulheres está entre os principais objetivos do evento.
“Temos meninas com experiência distintas e ao reunirmos elas para jogarem juntas, temos certeza que a troca será inspiradora para elas terem mais vontade ainda de continuar jogando. Desse modo, elas chegam nas escolas, nos bairros, na família e chamam também outras meninas para irem jogar. Assim a gente vai mostrando que o futebol é um esporte para todas e todos”.
Para Mariana, o esporte feminino no Espírito Santo ainda tem muito espaço para crescer, mas carece de incentivo.
“Aqui repetimos o cenário de outros estados brasileiros, tendo uma invisibilidade para o esporte feminino em todas as categorias. O que é até contraditório com o potencial de revelar atletas aqui. A gente tem jogadoras da elite do futebol brasileiro que são capixabas, como Carol Tavares, Gabi Zanotti e Ana Carla; a melhor jogadora de handebol do mundo, em 2012, a Alê, é capixaba; temos a Pamela Oliveira, triatleta que já representou o país em jogos olímpicos; a ginasta Tayanne Mantovelli, capixaba, representou o Brasil na GR nos jogos olímpicos de 2004. Enfim, existem diversos exemplos, mas poderíamos ter um potencial muito maior se existisse um plano específico para o desenvolvimento do esporte de mulheres e políticas públicas direcionadas especificamente a esse público”.
Para a organização, o festival promete um dia inspirador para atletas, familiares, estudantes e professores. “É muito emocionante ver que tudo que batalhamos, para mudar o esporte, está acontecendo. E ver no rosto de cada garota a emoção de fazer um gol, o abraço de comemorar juntas, a emoção por ganhar uma partida, a ansiedade para entrar em quadra… tudo isso é maravilhoso. Se o esporte muda nossas vidas, podemos dizer que a gente também está mudando o esporte”, diz Mariana.
“Nosso lema que embala o festival é ‘vibre com cada meninas que entrar em quadra’ e esse é o nosso espírito: vamos vibrar juntas pelo prazer que é jogar bola e vamos trazer mais meninas, jovens e mulheres para vibrar com a gente”, finaliza a professora.
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