> >
Lei do Esporte é aprovada com apoio de clubes e insatisfação de atletas

Lei do Esporte é aprovada com apoio de clubes e insatisfação de atletas

Projeto foi votado nesta quarta-feira (6) e clubes brasileiros manifestaram apoio em suas redes sociais

Publicado em 7 de julho de 2022 às 10:48

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
CBF encaminhou denúncia ao  STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva)
Lei Geral do Esporte tem 244 artigos que pretendem trazer melhorias para diversas categorias esportivas. (Flickr / CBF)

A Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (6), o texto-base da Lei Geral do Esporte, projeto com relatoria de Felipe Carreras (PSB-PE) que reformula a legislação federal esportiva, em movimento tratado como uma modernização da Lei Pelé. O PL, originário do Senado, estabelece uma série de normas referentes à prática esportiva e seus desdobramentos no país, e uma delas, que trata de modelos de contratação de atletas, movimentou o universo do futebol, com posicionamentos diferentes entre clubes e atletas.

O item em questão dá aos clubes a possibilidade de estipular um valor reduzido a ser pago em caso de rescisão contratual. Atualmente, a Lei Pelé obriga o pagamento de 100% do valor referente ao vínculo completo, mesmo que ele seja encerrado anteriormente. Com a mudança, jogadores ainda podem receber o valor integral, mas os times terão a opção de negociar a redução no ato da contratação, deixando estabelecida a quantia a ser acertada em caso de rescisão.

"Atualmente, se um jogador assinou contrato por quatro anos, mas cumpriu apenas um, o clube é obrigado a pagar os salários dos quatro anos. Nos dias atuais, quem aguenta essa conta? Essa regra prejudica muito as nossas finanças, afinal, além de pagar 100% do valor ao jogador que saiu, ainda temos que ter dinheiro para novas contratações, sempre pensando no melhor para o time!", afirmou o Atlético-MG em nota de apoio às mudanças.

ATLETAS NÃO FICARAM SATISFEITOS

Outros clubes também se manifestaram sobre o assunto, todos utilizando o mesmo texto em suas redes sociais. É o caso de Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Flamengo, Athletico-PR, Fluminense e Ceará. No texto, eles dizem apoiar "os avanços que o Projeto Lei 1153/2019 (Lei Geral do Esporte), de relatoria do deputado Felipe Carreras, apresenta em relação à legislação esportiva atual. A proposta não traz nenhum prejuízo trabalhista!".

Na publicação da nota feita pelo Ceará em sua página oficial do Instagram, jogadores que fazem parte do elenco alvinegro se manifestaram contra o item do Projeto de Lei. Nomes como Vina, Zé Roberto, Richard, Jael, Iury Castilho e Lima comentaram na postagem com a hashtag "#nãoapoiamos".

O Sindicato de Atletas São Paulo (Sapesp) publicou, alguns dias antes da aprovação na Câmara, um texto no qual afirmou que a legislação torna os jogadores "vítimas de estelionato legislativo". Já o Safece, Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Ceará, disse que o PL "propõe mudar conquistas adquiridas" e "que não deveria ser votado em caráter de urgência, por envolver cláusulas contratuais."

OUTRAS MUDANÇAS

A Lei Geral do Esporte tem 224 artigos reunidos em um único texto que consolida a legislação esportiva. Além das questões contratuais dos atletas profissionais, há novidades como a instituição de novas exigências para clubes formadores de atletas, valorização do profissional da educação física e ampliação da carga horária mínima da educação física nas escolas

Entre os destaques definidos durante a votação, estão resoluções como duplicação das penalidades para crimes de racismo no esporte e isonomia quanto aos valores pagos a atletas homens e atletas mulheres. Também esteve em debate o incentivo ao financiamento privado, equiparando regras do incentivo ao esporte às normas de incentivo à cultura.

Alguns itens, contudo, foram retirados da proposta. É o caso da isenção tributária a empresas domiciliadas no Brasil e vinculadas a organização esportiva promotora de evento desportivo. O ponto foi excluído do texto após o PSOL argumentar que a isenção era muito ampla e custaria caro aos cofres públicos. Outro tema debatido foi a definição de benefícios para ex-atletas profissionais. Como o texto sofreu alterações em sua passagem pela Câmara, voltará a ser discutido no Senado durante nova apreciação em Plenário.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais