Recheada de craques como LeBron James, Stephen Curry e Giannis Antetokoumpo, a NBA é o maior campeonato de basquete do mundo e reúne os melhores atletas da modalidade. Os times campeões anuais, inclusive, são chamados the World Champions (Campeões Mundiais), dada a disparidade entre a liga norte-americana e as outras competições.
Entre os anos 1980 e 1990, porém, o McDonalds organizou um campeonato que promovia o encontro entre as melhores equipes dos sete continentes. O torneio não era reconhecido pela Federação Internacional de Basquetebol (FIBA), mas, ainda assim, possuía relevância no cenário esportivo mundial. E, em sua última edição, no ano de 1999, a final colocou frente a frente o Vasco da Gama, que venceu o Campeonato Sul-Americano daquele ano e o San Antonio Spurs, então campeão da NBA, na primeira partida entre uma equipe brasileira e uma da liga norte-americana na história.
A histórica partida aconteceu no dia 16 de outubro daquele ano e um dos principais atletas do Vasco era o capixaba Sandro Varejão, hoje com 48 anos e na época um já experiente atleta de 27 anos com passagem pela liga universitária estadunidense. Ele relembrou com bastante carinho do dia em que enfrentou uma verdadeira seleção que contava com jogadores como Tim Duncan, David Robinson, Steve Kerr, dentre vários outros craques do esporte.
"Foi um momento único para carreira de qualquer atleta, especialmente naquela época que a internet tava começando, a globalização dos atletas. Em um cenário mundial de NBA, atletas de fora dos Estados Unidos tinham pouca exposição. Para muitos outros países, ir pra uma final do campeonato mundial, no qual jogam os campeões dos continentes que se encontravam ao final do ano para fazer a disputa final, era algo único", disse.
O caminho até a final, porém, não foi fácil. Desde aquela época - e até hoje - o favoritismo nas competições de basquete ficava entre os times da NBA e as equipes europeias. Por isso, Sandro contou que a organização colocava as equipes europeias e norte-americanas em chaves distintas, para que se enfrentassem em uma eventual final.
Por conta disso, o Vasco enfrentou o então campeão Europeu na semifinal, o Zalgiris, da Lituânia, que tinha o pivô Mindaugas Timinskas como principal destaque. Sandro contou que, para aquele jogo, a preparação foi feita com o pensamento de que a equipe carioca poderia jogar de igual para igual com os europeus.
"Em todas as edições, a final sempre foi disputada entre o campeão da NBA e o campeão da Europa. Uma chave tinha o campeão da Europa e na outra dos Estados Unidos. Para o jogo da semifinal, nosso pensamento foi 'jogamos muito bem juntos, temos que entrar, fazer o que sempre fizemos, encarar como se fossem pessoas como nós e imprimir nosso jogo'. Assistimos jogos deles e detalhamos os jogadores que precisávamos prestar mais atenção. Mas todos nós tínhamos a capacidade de fazer um bom papel", contou.
Após a vitória por 92 a 86, o Vasco já havia entrado na história do basquete como a primeira equipe fora da Europa ou dos Estados Unidos a chegar na final daquele campeonato. E, agora, enfrentaria o atual campeão da NBA, liderado pelo futuro membro do Hall da Fama do basquete, Tim Duncan.
Mas, segundo Sandro Varejão, a ideia era a mesma, de pensar nos adversários como iguais. O ex-atleta falou que o então técnico do Vasco, o porto-riquenho Flor Meléndez, motivava os jogadores a sempre dar o melhor deles em quadra, independente do adversário. E, por isso, o jogo foi equilibrado até o terceiro quarto, quando, segundo Sandro, os americanos abriram a vantagem que garantiu o título.
"A ideia do técnico era a mesma, de que todos podemos fazer nosso trabalho independente do time. Ali, a disparidade era muito grande, dos talentos. Ficava difícil implantar nosso jogo, os jogadores deles tinham mais potencial, mais chance de anular nossa parte tática. A intenção foi a mesma, mas a realidade foi realmente diferente. Tinha Tim Duncan, Kerr, eram muitas armas para desmantelar nosso time. Mas foi equilibrado, eles abriram vantagem apenas no terceiro e no quarto", explicou Sandro.
O Vasco da Gama teve dois atletas no quinteto ideal do campeonato. Charles Byrd e Vargas foram escolhidos e entraram no time com dois outros jogadores dos Spurs, Abert Johnson e Duncam (que sagrou-se MVP do campeonato), além de Pozzecco, do Varese, equipe italiana.
Para Sandro, a conquista dos companheiros de equipe foi merecida. Ele ressalta que o mérito não deve ser apenas observado no âmbito individual, mas também no coletivo, como representantes de uma equipe que chegou à final do campeonato.
"É sempre legal ver o trabalho que o atleta, no meu ponto de vista, desempenha no campeonato. O Vargas e o Charles foram felizes em fazer a parte deles muito bem feita. Achei merecido porque o aproveitamento que eles tiveram deu a eles esse reconhecimento. Não só por questão de recorde individual, porque provavelmente outros jogadores tiveram médias mais altas, mas pelo trabalho em equipe, eles se destacaram", finalizou.
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