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No atletismo, Alison dos Santos, o 'Piu', vive temporada brilhante em 2022

No atletismo, Alison dos Santos, o 'Piu', vive temporada brilhante em 2022

Com apenas 22 anos, o brasileiro venceu a Diamond League na noite desta quinta-feira (8) e garantiu mais um resultado expressivo para sua carreira, além de ser o primeiro homem a conquistar o título para o Brasil

Publicado em 9 de setembro de 2022 às 10:35

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Alison Santos recentemente se tornou campeão mundial de atletismo
Alison Santos recentemente se tornou campeão mundial de atletismo. (Reuters/Folhapress)

Alison dos Santos, 22, o Piu, conquistou nesta quinta-feira (8), em Zurique, na Suíça, o título de campeão da temporada nos 400 m com barreiras da Diamond League. Este é o principal circuito de competições da World Athletics, a antiga Associação Internacional de Federações do Atletismo.

O feito é histórico e também inédito para o atletismo masculino do país. Até então, o Brasil só havia conquistado o troféu entre as mulheres, com Fabiana Murer, em 2010 e 2014, no salto com vara. Ele venceu a prova com o tempo de 46s98, superando os norte-americanos Khallifah Rosser, segundo com 47s76, e CJ Allen, terceiro com 48s21.

Foi a terceira vez no ano em que Piu correu abaixo da marca dos 47 segundos. A competição contou com 12 etapas classificatórias até a final, onde competiram os oito melhores da temporada.

Piu chegou à decisão ao vencer seis etapas disputadas: em Doha, no Qatar, em Eugene, nos Estados Unidos, em Oslo, na Noruega, em Estocolmo, na Suécia, em Silésia, na Polônia, e a mais recente em Bruxelas, na Bélgica, no último dia 2 de setembro.

"Este ano, pós-Olimpíada, sabíamos que seria mais enxuto, mas não teríamos descanso. Teve o Mundial, no ano que vem também terá e, em 2024, Jogos em Paris. Então, não acalmamos, não ficamos de boa. Fomos para cima. Nosso objetivo é Paris-2024. Mas, não tem como acabar a prova, sem correr a distância inteira. Estamos na pista, nesse meio aí, correndo e focando lá na frente", disse o atleta, em entrevista após o título.

Campeão mundial em Oregon, com a marca de 46s29, a terceira melhor da história, e medalha de bronze nos Jogos de Tóquio, o atleta conseguiu evoluir ao longo da temporada.

"Após os Jogos de Tóquio, nos reunimos com nosso biomecânico, Franklin Camargo, para identificar em que poderíamos melhorar, pois sabíamos que tínhamos de ajustar e experimentar um modelo diferente de corrida para chegar mais competitivos em Paris", explicou o treinador Felipe de Siqueira.

HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO

Primeiro brasileiro a correr abaixo dos 48 segundos, superando o recorde nacional de Eronilde Araújo, de 48s04, em 1995, além do continental, obtido pelo panamenho Bayano Al Kamani, de 47s84, em 2005, Alison se acostumou a contrariar expectativas negativas.

Quando tinha apenas dez meses, morando na casa dos avós, virou sobre si uma panela de óleo quente, usada para fritar peixe. Passou quase quatro meses internado no Hospital de Câncer de Barretos e carrega marcas até hoje, a principal delas na cabeça.

Natural de São Joaquim da Barra (a 460 km de São Paulo), contou ter adaptado treinamentos pelo sonho de chegar ao ápice em Tóquio. Na ocasião, com restrições devido à pandemia da Covid-19, levou anilhas, barras e, posteriormente, encontrou uma rua de cimento, sem grande movimento de carros, para pequenas corridas e quando voltou a São Paulo, passou a correr próximo ao Obelisco e no Parque Ibirapuera.

Piu "com u", como gosta de ressaltar, é o apelido que carrega desde a chegada ao atletismo. Ele passou a ser chamado assim pela semelhança física com outro garoto de um projeto social da cidade, conhecido por Piu. Chegou a praticar judô e kung fu, na infância, e aceitou iniciar no atletismo incentivado por um amigo.

Obsessivo por melhoras, ele estuda constantemente provas de atletas como os americanos Edwin Moses, bicampeão olímpico em 1976 e 1984, e Kevin Young, medalhista de ouro em Barcelona-1992 e recordista mundial até hoje.

Antes do retorno ao Brasil, Alison complete na próxima segunda-feira (12), no Gala dei Castelli, em Belinzona, na Suíça, em prova pela série prata do Continental Tour da World Athletics.

Além dele, outros três brasileiros também se classificaram para a final da Diamond League: Thiago Braz, no salto com vara, Rafael Pereira, nos 110 m com barreiras, e Almir Júnior, no salto triplo. Eles terminaram no sexto, nono e quinto lugares, respectivamente.

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