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Orla de São Pedro, em Vitória, recebe competição de vela pela primeira vez

Orla de São Pedro, em Vitória, recebe competição de vela pela primeira vez

Região da Ilha das Caieiras sedirou a Regata Show Snipe Match Rac; os vencedores do torneio foram Tarcísio Bruno, morador de São Pedro, e Rodrigo Stephan

Publicado em 11 de maio de 2024 às 15:59

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
Vitor Antunes
Reporter / [email protected]

"Lugar de toda Pobreza". Assim ficou conhecida da orla de São Pedro há 40 anos, quando as casas de palafitas compunham a região e o lixo, amontoado, fazia dela um grande depósito de descarte a céu aberto. Neste sábado (11), a área se dispôs a uma nova fase de sua história e da leitura de sua própria gente, ao sediar a Regata Show Snipe Match Race, um campeonato de vela, organizado pela Prefeitura de Vitória, em parceria com o Iate Clube do Espírito Santo (ICES), a Federação Capixaba de Iatismo (FECAI). Os vencedores foramTarcísio Bruno — morador de São Pedro — e Rodrigo Stephan.

O presidente da Associação dos Pescadores de São Pedro, Júnior Silva, diz que, "quando a orla chega até nós, e esse é um projeto bem antigo, faz com que nossa gente usufrua da sensação de pertencimento para comunidade da Ilha das Caieiras". Junior estava acompanhado de sua família, que costuma sair daquele bairro e ir à Curva da Jurema par ver as competições.

O objetivo principal da regata é popularizar o esporte náutico no Espírito Santo, segundo o prefeito da Capital, Lorenzo Pazolini (Republicanos). "É um sonho que estamos tornando realidade junto com a comunidade, trazendo os esportes náuticos, e compartilhando daqui a cultura, o divertimento, a geração de emprego e oportunidade de renda. Assim apresentamos São Pedro para o mundo. A iniciativa também é desmistificar a ideia de que os esportes náuticos são restritos às pessoas de maior renda ou de elite. A ideia é criar escolinhas gratuitas para que a comunidade possa ser integrada".

Fala reforçada pelo secretário municipal de Esportes, Rodrigo Ronchi: "Trata-se de um movimento de inclusão da cidade, que parte por dois vetores: o próprio esportivo, já que Vitória tem vocação para o mar, uma baía abrigada, muito boa de se navegar e que seria um desperdício não usar. Nossa ideia também é promover integração social e levantar a autoestima dos moradores". Questionado se o projeto se sustentará na região e se terá sobrevida em caso de mudança na prefeitura, Ronchi, tal como o prefeito, garantiu que sim. E, mesmo durante a atual gestão, a viabilidade passará não só por verba disponível para a atividade, mas através de parcerias público-privadas.

Para Fabiano Alves Pereira, comodoro do Iate Clube, é possível promover a sinergia da cidade através da instituição. "A reurbanização permite aos atletas ter novos calendários de competição, promover a integração de turismo, cultura e culinária. Além disso, abriremos no Tancredão, uma escola de vela, mostrando que o esporte pode ser acessível a todos."

Povo ao mar

Alessandra da Silva Soares, técnica de enfermagem, e Wesley Santos, técnico de fibra ótica, levaram o filho Téo, 4 anos, para conhecer a nova orla. "Em nosso bairro, a gente precisa de isso, de esporte, poder botar essa molecada aí para praticar." Alessandra celebrou o fato de poder levar o filho para fazer o primeiro passeio não só de vela, mas de barco. 

Wesley, Alessandra e Téo. A família, moradora das CAieiras, estava animada pela competição e levou o menino para andar de barco pela primeira vez
Wesley, Alessandra e Téo. A família, moradora das CAieiras, estava animada pela competição e levou o menino para andar de barco pela primeira vez. (Fernando Madeira/A Gazeta)

A professora Luísa Silva levou a família inteira para ver as competições e comemorou o fato de haver um olhar mais amigável para com a sua região "A gente traz a família para a beira-mar, que tem esse deque maravilhoso, a gente traz as crianças... E sou de uma família de pescadores, a gente gosta muito de estar conectado com o mar. A gente ama o mar, e só chegamos onde chegamos por causa dele. [Ainda que o bairro tivesse problemas antigamente], a gente era muito feliz. A gente vivia do manguezal", contou ela, que é mãe de Júnior, presidente da Associação dos Pescadores. 

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Eu estou vendo as pessoas de volta ao mar, vindo para o deque, crianças brincando, tomando banho, pessoas pescando, coisa que a gente não via mais. O bairro está se estruturando, crescendo, trazendo benefícios para os moradores

Luísa Silva
professora e moradora de São Pedro
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Família Silva costuma sair da Ilha de São Pedro para ver as competições da Curva da Jurema
Família Silva costuma sair da Ilha de São Pedro para ver as competições da Curva da Jurema. (Fernando Madeira/A Gazeta)

A competição

Doze velejadores, divididos em duplas, competiram. Trata-se de um confronto de um barco contra o outro, sendo dois por vez. A competição atrasou, inclusive, por conta de uma condição climática desfavorável. Havia maré baixa e vento pouco intenso, porém contou com narração ao vivo, que explicou as manobras e o desenrolar da regata. E terminou com a vitória da dupla Tarcísio e Rodrigo.

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