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Polícia Civil confirma investigação do caso de racismo com adolescente

Polícia Civil confirma investigação do caso de racismo com adolescente

Família de aluno que foi chamado de "macaco" durante uma partida de futsal na última quinta-feira (12) entra na justiça

Publicado em 17 de setembro de 2024 às 14:54

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Faixa estendida em homenagem à vítima de racismo
Faixa estendida em homenagem à vítima de racismo. (Reprodução/Redes Sociais)
Vinícius Lima
Estagiário / [email protected]

Na última quinta-feira (12), um atleta do Marista Colatina, de 16 anos, teria sofrido ataques racistas ao ser chamado de "macaco" por parte da torcida do Ifes Itapina, após comemorar a expulsão de um jogador adversário. O caso de desdobrou durante o fim de semana e a família do estudante levou o caso para a Polícia Civil e foi registrado um boletim de ocorrência nesta segunda-feira (16).

Em nota, a PC informou que já iniciou as investigações. "A Polícia Civil informa que o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente e ao Idoso (DPCAI) de Colatina. Por envolver menor de idade, o caso segue sob sigilo e detalhes não serão divulgados".

Após o ocorrido, a família da vítima passou a ser assessorada juridicamente pelo escritório De Lima, Gallon e Tula | Advocacia e Assessoria Jurídica, que também se pronunciou sobre a situação. "Informamos ainda, que assim que acionados e de posse de todas as informações necessárias, iniciamos diversas diligências junto à Delegacia Especializada e ao Ministério Público Estadual, para o início regular das investigações e para a tomada de medidas necessárias."

Punições para o Ifes Itapina

Após às ocorrências dos supostos ataques racistas partindo da torcida do Ifes Itapina a um atleta do Marista nos Jogos Estudantis de Colatina, a Comissão Disciplinar dos Jogos, em conjunto com a Direção Geral e o Ifes Campus Itapina, decidiu eliminar todas as equipes do Instituto Federal da atual edição da competição na sexta-feira (13). Sobre a decisão, a equipe jurídica da vítima também salientou: "Lamentamos profundamente, em nome de toda a família do jovem Ruan, todo o ocorrido, assim como pela eliminação sumária de toda delegação desportiva do IFES Campus Itapina desta edição dos Jogos Escolares de Colatina - JEC."

Notas de Repúdio

O Marista Colatina e o Ifes Itapina se pronunciaram em suas redes sociais sobre o ocorrido. Em nota, O Instituto Federal destacou: "Esse tipo de conduta é inadmissível e fere os princípios fundamentais de respeito, igualdade e dignidade que nossa comunidade acadêmica defende e promove. A atitude de um não é a de todos e não nos representa". Indagados sobre as penalidades para a pessoa agressora, o Ifes Itapina respondeu. "Ainda não identificamos o responsável pelo ato. Quando identificado, o mesmo será encaminhado para o Conselho de Ética e Disciplina Discente do Campus. Somente o referido Conselho poderá decidir quais sansões serão aplicadas".

O colégio privado por sua vez, expressou repúdio às ofensas racistas dirigidas a um aluno da escola, e solicitaram aos organizadores da competição que adotassem medidas contundentes e exemplares para garantir que casos similares não voltem a ocorrer. "A luta contra o racismo, e todas as formas de exclusão, exige uma ação coletiva e engajada. Portanto, já iniciamos um diálogo com o IFES-Itapina, e demais instituições do município e da comunidade em geral para fortalecermos o trabalho em conjunto neste tema fundamental" finaliza a nota.

A Secretaria de Esportes do município, organizadora dos Jogos, também emitiu uma nota sobre o caso: "A Secretaria de Esporte e Lazer de Colatina, através da Comissão Organizadora dos Jogos Estudantis Colatinense (Jec), repudia qualquer atitude de cunho racista e lamenta profundamente que tais ações ainda aconteçam em tempos atuais. Nossa solidariedade ao atleta e a sua família. Reforçamos que todas as informações estão sendo apuradas e medidas cabíveis serão adotadas no que diz respeito às atribuições da administração municipal".

O crime de racismo

A Lei 14.532/2023 equipara a injúria racial ao crime de racismo. Com isso, a pena tornou-se mais severa com reclusão de dois a cinco anos, além de multa, não cabe mais fiança e o crime é imprescritível. Segundo a legislação, deve ser considerada como discriminatória qualquer atitude ou tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião ou procedência. Se o crime for cometido no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais, a Lei prevê, além da pena de reclusão, a proibição da pessoa frequentar, por três anos, locais destinados a práticas esportivas, artísticas ou culturais.

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