Há alguns anos a palavra de ordem é reinvenção: as marcas que se mantêm no mercado são as que conseguem falar a língua do cliente e oferecer um serviço de qualidade com um preço competitivo. Entretanto, a pandemia da Covid-19 deixou evidente a necessidade urgente de mudar as estratégias para evitar a falência, já que as mudanças foram drásticas e também aceleraram o processo de transição já em andamento.
Para especialistas em mercado e comunicação estratégica, o novo cenário mundial de isolamento, incerteza e crise obriga as empresas a repensarem as formas de vender seus produtos e serviços. Em suma, quem não estiver disposto a se reinventar, corre um sério risco de deixar de existir.
Presidente da agência de estratégia e comunicação Danza, Luiz Roberto Campos da Cunha considera que o maior impacto da pandemia foi no âmbito social e até mesmo mental. O executivo argumenta ser necessário manter o otimismo e, principalmente, a responsabilidade, ou seja, incentivar o consumo, mas sem esquecer que a vida está acima da economia.
Para evitar ruídos na comunicação entre a marca e os consumidores, ressalta Luiz Roberto, é preciso manter diálogo nas redes sociais, investir em formas de incentivar os bons exemplos, como uso de máscara e fazer o distanciamento social, e mostrar um lado mais humano e reforçar a empatia, para que fique claro ao consumidor que as empresas são feitas por pessoas e para pessoas.
"Em um curto período, tivemos que nos adaptar às mais diversas situações. Acredito que não só as marcas, mas todos nós aprendemos lições importantes. Talvez, a maior delas, é olhar com empatia para as pessoas e o momento que vivemos tendo um discurso, um tom de voz que não seja pautado apenas pelo aspecto econômico, mas que também demonstre respeito pela situação difícil que milhões de pessoas estão passando e ainda precisarão encarar em 2021", sustenta o presidente da Danza.
A pandemia mudou tudo, e assim, o CEO da Beta Rede, Rimaldo de Sá, acredita que a pergunta mais adequada seria o que não muda nas empresas. "Por outro lado, o que vimos foi muito mais uma aceleração das tendências que já estavam colocadas como a busca da inovação, a comunicação por meio da internet e o foco em soluções que colocam a experiência humana no centro das decisões."
Na avaliação de Cláudio Rabelo, pós-doutor em Estudos Culturais, professor da Ufes e autor do livro Faixa Preta em Publicidade e Propaganda, o cenário atual fez com que as empresas abrissem os olhos para a dinamicidade do mundo e valorizassem mais o planejamento de contingência, as análises preditivas e a antecipação de tendências. A mudança de perspectiva, de forma rápida e brusca, foi justamente a responsável pelos maiores impactos nas marcas, que agora precisam vender serviços, hábitos e bons exemplos, o que significa trazer o consumidor para dentro de uma narrativa, o que vai muito além de apenas criar e comercializar um produto.
"As empresas e marcas passaram a valorizar com mais empenho as habilidades voltadas para a criatividade, a inovação, a aprendizagem, a experiência dos usuários. Fica evidente que as marcas devem integrar múltiplos canais e libertar os discursos de seus produtos. No lugar disso, devem comunicar os problemas que podem resolver. Por exemplo, em vez de vender canetas, máquinas de datilografar ou computadores, devem comunicar seus propósitos de solucionar problemas de registro de documentos. Em vez de vender travesseiros e colchões, assumir seus propósitos voltados ao conforto dos usuários. Isso salvará qualquer marca da obsolescência encarnada em um produto ou contexto, conclui Rabelo.
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