Você compraria um produto de uma marca que utiliza trabalho análogo à escravidão no processo de produção, ou, ainda, daquela que deliberadamente polui a natureza? Em 2020, além das preocupações socioambientais, as marcas tiveram também que ficar atentas à atuação durante a pandemia da Covid-19. Após quase nove meses de incertezas e ainda sem perspectivas reais da volta ao normal, foi necessário mudar a forma de se comunicar com o público e mostrar também outro lado: o de respeito à vida.
Uma pesquisa realizada no começo da pandemia pelo Sebrae, em parceria com o Ibope, mostrou que a maioria dos entrevistados espera que as marcas informem as ações que realizam para lidar com esse cenário de crise e manter a segurança de seus colaboradores e consumidores. Além disso, o público quer que as empresas usem um tom tranquilizador, evitem o caráter humorístico e usem seus conteúdos e canais para explicar e informar, dando também dicas de como se prevenir do novo coronavírus. Entre os desafios para conseguir estabelecer uma comunicação real com o público, está justamente o de achar o modo ideal de tratar o tema e evitar as polêmicas e piadas, segundo os especialistas em marketing e comunicação.
Dessa maneira, transparência e diálogo se fortalecem como palavras de ordem para interagir com os consumidores no pós-pandemia, na avaliação do CEO da Beta Rede, Rimaldo de Sá. Para o executivo, vivemos em um mundo onde não é mais possível evitar um posicionamento, seja ele no âmbito da ética, do mercado, seja até mesmo nas esferas ambientais ou sociais. Rimaldo ainda observa que as exigências do consumidor no processo de transparência podem significar vulnerabilidade e necessidade de mudança de pensamentos tradicionais, porém, é o caminho ideal para quem busca manter um bom relacionamento com o mercado.
Segundo as pesquisas que temos trabalhado e, mais uma vez, aprofundando o que já era um caminho natural para empresas e marcas, os consumidores esperam marcas ativas e conscientes. A ideia é que essas instituições devam ir muito além do seu papel no mercado para compreender a importância do seu papel social. Ou seja, como podem colaborar com um mundo mais coletivo, justo e melhor, pontua.
As marcas carregam um componente emocional e os consumidores estão atentos aos seus exemplos e ao que elas podem construir em momentos de mudança. Portanto, para a doutora em Design, professora e líder do grupo de pesquisa em Tecnologias Criativas da Ufes, Rosane Zanotti, a marca que se coloca disponível a falar sobre a pandemia e solucionar alguns problemas, seja com informação, seja com doação de alimentos ou artigos de higiene, ou ainda com ações de entretenimento que promovam conforto emocional em um momento de grande desgaste, dialogam com demandas sensíveis dos consumidores.
Os consumidores já entenderam que as marcas constroem narrativas, ressaltam valores e têm uma postura definida para falar de si, de produtos e serviços e que, portanto, podem, e devem, se colocar e ter atitudes também em situações extremas como a da crise atual, reforça a professora.
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