> >
Diversidade: empresas precisam partir do discurso para a ação

Diversidade: empresas precisam partir do discurso para a ação

Organizações que valorizam pluralidade e inclusão são mais felizes, saudáveis e rentáveis, mas busca por essa mudança tem de ser genuína para não ficar apenas no discurso. Consumidores estão atentos

Publicado em 8 de dezembro de 2021 às 04:00

Ícone - Tempo de Leitura 2min de leitura
Diversidade - Marcas de Valor 2021
Pesquisa aponta que  há mais inovação e colaboração entre colegas de trabalho em locais que adotam a diversidade. (Freepik)

Houve um tempo em que se discutia a diversidade no ambiente de trabalho apenas em algumas datas do ano. Mas, para além do discurso bonito, cada vez mais os gestores vêm despertando para uma nova realidade no mercado: investir na inclusão garante competitividade, dá lucro e pode definir a sobrevivência de uma empresa, principalmente em momentos de crise econômica.

É o que aponta a pesquisa “Diversity Matters”, publicada pela agência de consultoria McKinsey & Company em 2020: empresas que adotam a diversidade são mais felizes, saudáveis e rentáveis. Para chegar a essa conclusão, foram ouvidos 3.900 colaboradores de 1.300 empresas de seis países da América Latina, incluindo o Brasil. Segundo o levantamento, organizações com mais mulheres integrando as equipes executivas têm 14% mais chances de superar a performance dos concorrentes na indústria.

Além disso, há mais inovação e colaboração entre colegas em locais que adotam a diversidade. Nessas empresas, a probabilidade de os funcionários sugerirem novas ideias e formas de operação do negócio é 152% mais alta do que naquelas que não tratam do tema internamente.

Aspas de citação

Em um ambiente de trabalho plural, há mais criatividade e melhoria nas resoluções de problemas

Priscilla de Oliveira Martins da Silva
Professora do curso de Administração da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes)
Aspas de citação

Não é à toa também que 63% dos funcionários se dizem felizes trabalhando em empresas inclusivas, segundo a McKinsey & Company. A satisfação foi percebida em todos os setores. Já em locais onde não há políticas de diversidade, o índice de satisfação entre os colaboradores foi de apenas 31%.

MAIS QUE DISCURSO, FATO

Estender a bandeira da diversidade ajuda na construção de uma imagem positiva da empresa diante da sociedade, aumentando no longo prazo o seu valor de mercado. Mas, para colher resultados, é necessário que a inclusão de mulheres, negros, indígenas, refugiados, pessoas LGBTQIA+, maiores de 50 anos e pessoas com deficiência não seja tratada apenas como uma peça de publicidade.

Aspas de citação

Não basta só incluir, tem que também criar mecanismos para que essas pessoas permaneçam no trabalho e tenham oportunidades reais de ascensão nas empresas. É preciso ter uma política de manutenção, através de capacitações e promoções

Keley Kristiane Vago Cristo
Procuradora do Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES)
Aspas de citação

Outra preocupação é coibir os conflitos, acentuando os aspectos positivos da diversidade entre os funcionários, pontua Cynthia Molina, diretora de diversidade da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional Espírito Santo (ABRH-ES).

Cynthia Molina, da ABRH-ES, avalia que o caminho ainda é longo: desafio também é coibir conflitos internos. (Divulgação)
Aspas de citação

Criar regras e contemplar o tema no Código de Conduta da empresa são medidas importantes para evitar a discriminação, por exemplo. É toda uma cultura organizacional que precisa mudar”

Cynthia Molina
Diretora de diversidade da ABRH-ES
Aspas de citação

Através de convênios e parcerias com organizações que representam grupos minoritários na sociedade, é possível oferecer treinamentos e promover processos seletivos direcionados. Há ainda a possibilidade de contratar uma consultoria especializada.

LONGO CAMINHO

Em agosto deste ano, a ABRH-ES fez uma pesquisa sobre diversidade e inclusão que contou com a participação de 91 empresas capixabas. Os resultados mostram que há muito trabalho a ser feito. Segundo o levantamento, 34% das empresas não discutem o tema, enquanto 45% ainda fazem movimentos tímidos em prol da diversidade, com realização de palestras pontuais e debates internos. “As grandes empresas já têm programas estruturados de diversidade e inclusão. Mas é preciso também dedicação, não só vontade, para termos um mercado mais inclusivo”, finaliza Cynthia Molina.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais