Diversidade e pluralidade. Essas palavras ganharam peso nos últimos anos. Mais do que isso: com um mundo cada vez mais voltado ao respeito às diferenças, garantir, por exemplo, maior participação de negros, mulheres e da comunidade LGBTQIA+ é uma luta abraçada por variados setores da sociedade. Algumas empresas já incorporaram políticas de diversidade para se modernizar e também mostrar o valor de suas marcas para o público e, com essa prática, se destacam no mercado.
O CEO da Criativa Comunicação Integrada, Roberto de Figueiredo Rodriguez, observa que a diversidade hoje é uma exigência. Estamos falando em diversidade em tudo. Cada pessoa tem direito de ser do jeito que quer. Esse é um valor fundamentado na sociedade moderna, e as empresas estão se ajustando a isso porque reconhecem que é importante, pela demanda da população e também porque interfere na maneira delas verem a sua marca, explica Roberto.
A diretora de criação da Aquatro Comunicaçao & Marketing, Sylviene Cani Guaitolini, acrescenta que uma empresa verdadeiramente diversa precisa ir além do discurso. A companhia precisa garantir, dentro da sua estrutura organizacional, a representatividade de grupos sociais que são discriminados historicamente, fora e dentro do ambiente de trabalho.
É importante ainda, na opinião de Sylviene, que a empresa seja composta por uma equipe com múltiplas experiências a serem compartilhadas, e com maior potencial criativo. Para ela, garantir essa representatividade é, também, uma responsabilidade social.
É necessário pensar também em uma equidade na ocupação dos cargos de liderança em uma empresa. Dessa forma, as pessoas começam a enxergar, de fato, oportunidades de mobilidade e crescimento profissional. O consumidor está cada vez mais exigente e atento. Marcas que não se responsabilizam ou tentam surfar na onda do discurso da diversidade, e não são coerentes, acabam recebendo críticas, perdendo clientes e, até mesmo, sendo boicotadas pelo público, pontua.
A professora Aparecida Torrecilas, do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, lembra que mulheres, negros e LGBTQIA+ foram historicamente preteridos ou simplesmente excluídos de cargos mais altos nas corporações. O mesmo aconteceu com ações de comunicação, refletindo os comportamentos dominantes de machismo, racismo e homofobia que foram naturalizados na nossa sociedade, falando aqui especialmente do Brasil, sustenta.
Hoje, o sentir-se representado atrai o público, como explica Flávia Meneguelli, professora do Departamento de Administração da Ufes, formada em Publicidade e Propaganda, e especialista em Gestão Empresarial: quem usa o produto ou serviço precisa olhar para aquela peça de comunicação e se ver representada ali."
Entretanto, Flávia reconhece que ainda existe uma barreira, que precisa ser ultrapassada, sobre mudanças que têm sido adotadas. Hoje já temos várias campanhas de Dia das Mães e dos Pais, por exemplo, mostrando casais homossexuais, mas que, às vezes, geram uma certa revolta nas pessoas mais conservadoras, constata.
Apesar dessa resistência, as políticas de inclusão e de diversidade são fundamentais para o combate ativo ao preconceito de gênero, raça, orientação ou identidade sexual e, assim, tornar as organizações mais justas e democráticas. A atuação das empresas em fomentar e pautar o debate, de modo a sensibilizar as pessoas sobre esses temas, é extremamente importante para alguma mudança mais radical da realidade social, conclui Aparecida Torrecilas.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta