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Baixa vazão dos rios no ES preocupa em época de seca e alerta por falta de água

Baixa vazão dos rios no ES preocupa em época de seca e alerta por falta de água

Levantamento feito pela Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) mostra que rios como Santa Maria, Jucu e São Mateus têm níveis críticos em relação ao mesmo período do último ano

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 15:23

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Local de captação de água do rio Santa Maria da Vitória pela Cesan em Queimados, Serra
Local de captação de água do rio Santa Maria da Vitória pela Cesan em Queimados, Serra. (Vitor Jubini)
João Barbosa
Repórter / [email protected]

A falta de chuva no Espírito Santo já tem mostrado reflexos negativos na vazão dos principais rios do Estado. O longo período de estiagem, que chega a 90 dias sem volume significativo de precipitações, fez com que o governo decretasse estado de alerta por falta de água.

Segundo levantamento feito pela Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), rios como Santa Maria, Jucu e São Mateus têm níveis críticos em relação ao mesmo período do último ano.

De acordo com o órgão, a vazão média do Rio Santa Maria, um dos principais mananciais utilizados para abastecimento da Grande Vitória, está em 3,75 metros cúbicos por segundo (m³/s), enquanto que, no último ano, a média foi de 18,09 m³/s. Ou seja, uma queda de 79% na vazão da água que corta e abastece cidades como Santa Maria de Jetibá, Cariacica, Santa Leopoldina, Serra e Vitória.

Já o Rio Jucu, que corta seis cidades capixabas (Domingos Martins, Marechal Floriano, Viana, Cariacica, Guarapari e Vila Velha), está com média de 8,49 m³/s, 41,8% abaixo dos 14,60 m³/s de setembro de 2023. Enquanto isso, o Rio Itapemirim, na Região Sul, está com média de vazão em 19,95 m³/2, sendo que em 2023, a vazão era calculada em 37,08 m³/s.

Por sua vez, o Rio Doce, um dos maiores recursos hídricos do Estado, tem média de vazão calculada em 171,66 m³/2, sendo que, em 2023, a vazão era de 296,32 m³/s.

De acordo com o governador Renato Casagrande (PSB), o cenário mostra que os rios que cortam o Espírito Santo estão em níveis mínimos, e as propostas para economia são voltadas para evitar maiores problemas com a falta de água.

Segundo o Executivo estadual, as medidas restritivas voltadas para os setores industriais e agrícolas são preliminares, sem indicação para racionamento de água para a população, ou seja, não há ordem para que as pessoas deixem de usar água em algum horário do dia.

Medidas são cruciais, aponta especialista

Local de captação de água do rio Santa Maria da Vitória pela Cesan em Queimados, Serra
Local de captação de água do rio Santa Maria da Vitória pela Cesan em Queimados, Serra. (Vitor Jubini)

José Marques Porto, socioambientalista e especialista em planejamento e administração pública, pontua que as medidas aplicadas aos chamados grandes setores são cruciais para evitar que a população seja prejudicada nos períodos de seca.

“As pessoas são o fim da linha na esteira do consumo. Aqui no Estado, temos empresas que consomem o equivalente ao uso de água de três milhões de habitantes por dia, sendo que temos cerca de quatro milhões de habitantes. Esses recursos devem estar à disposição dos moradores, mas são utilizados em processos industriais”, explica.

Segundo Porto, é ideal que o Estado tenha análises de risco climático das bacias dos rios para que os impactos não sejam tão fortes para a população.

“Quanto ao consumo, a população é responsável por apenas cerca de 10% do total, enquanto a agricultura consome em torno de 60% a 70% e a indústria, cerca de 30% [...] É importante incluir na legislação a obrigação de que novas construções ou reformas tenham sistemas de reservação de água da chuva, para reduzir o uso de água tratada em atividades cotidianas, como lavar jardins ou calçadas”, pondera.

Aspas de citação

Na atual realidade do Espírito Santo, podemos dizer que o clima está influenciando, mas ele não é o fator determinante

José Marques Porto
Socio ambientalista e especialista em planejamento e administração pública
Aspas de citação

“A população pode fazer sua parte evitando o desperdício, mas o essencial é que haja uma mudança nas políticas públicas e na legislação, exigindo, por exemplo, que novas construções incluam sistemas de captação de água da chuva. Desde 2022, o Espírito Santo já está oficialmente dentro da região semiárida do Brasil, e essa nova realidade exige um planejamento que priorize a conservação e reservação de água”, finaliza José.

Componente de Arquivos & Anexos Arquivos & Anexos

Resolução de Alerta da Agerh

Documento aponta diretrizes para setro industrial e agrícola diante do período de seca no Espírito Santo

Tamanho de arquivo: 159kb

Além da seca, queimadas

Se não bastasse a falta de chuva, o Estado tem convivido com o aumento das queimadas. De acordo com números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados, até terça-feira (17), 526 focos de incêndio. O número é maior que o dobro (169%) do registrado no mesmo período do ano passado.

O governador Renato Casagrande já havia decretado situação de emergência devido ao aumento do número de queimadas. Segundo ele, ações de combate às chamas têm sido intensificadas e há ainda um apelo para a colaboração da população para que evitem queimadas irregulares e para que denunciem focos de incêndio.

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