Novas tecnologias com foco na qualidade do ar e formas de inserir a população nesse debate ambiental foram os pontos centrais do segundo painel “Atitude Sustentável” de 2024, realizado no auditório da Rede Gazeta, em Vitória, na manhã desta quarta-feira (11). Autoridades, representantes de setores econômicos e da sociedade civil se reuniram para acompanhar a discussão.
Participaram do painel o promotor de Justiça especialista em Meio Ambiente Marcelo Lemos; o subsecretário estadual de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental, Robson Monteiro; o vice-presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente (Coema) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcio Caliari; e Talita Bruno Pinho, representante da Associação de Moradores da Regional 5 (Barro Vermelho, Enseada do Suá, Ilha do Boi, Ilha do Frade, Praia do Canto, Praia do Suá, Santa Helena, Santa Lúcia e Santa Luíza).
A mediação foi da jornalista Elaine Silva, gerente-executiva de Produto Digital de A Gazeta que, para abrir o debate, evocou o conceito de democracia participativa. Não à toa, propostas para aumentar o engajamento dos capixabas na discussão sobre a qualidade do ar nortearam todo o debate.
O subsecretário Robson Monteiro também destacou a importância da legislação sobre o tema: “Tivemos a promulgação de uma Política Estadual de Qualidade do Ar, assim como a nível federal. E veio uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente [Conama]. Foi bom porque nos orientou, inclusive para a elaboração do decreto que vai ser promulgado, se não ainda este ano, no começo de 2025, trazendo a atuação do Estado de uma forma mais moderna”, pontuou.
“Isso traz claramente, por exemplo, qual é o papel do IEMA [Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos], um órgão importantíssimo em monitoramento. Fomos também procurar saber como é feita a regulação em outros países, a ideia é que o decreto seja efetivo, fruto desse debate”, acrescentou.
Do ponto de vista da indústria, Marcio Caliari frisou a necessidade de conciliar interesses econômicos e ambientais: “A indústria tem um papel fundamental no bem-estar do capixaba. Tanto se um empreendimento busca uma alta competitividade em detrimento da sustentabilidade, quanto se tiver regulações severas demais em detrimento da competitividade, teremos um problema. A gente acredita num ponto de equilíbrio”.
Para ele, a ampliação do debate pode oferecer mais soluções: “Nós temos empresas em muitos locais diferentes, isso possibilita uma troca técnica muito boa. Nos últimos cinco anos, em mais ou menos 600 iniciativas de sustentabilidade, a indústria capixaba investiu cerca de R$ 6,5 bi, considerando só o que é mensurável”.
Já Talita Bruno Pinho ressaltou o papel da sociedade civil, incluindo as associações de moradores: “As questões estão andando de forma lenta, mas nos últimos anos estão acelerando um pouco mais. A indústria não é só a do pó preto, o esgoto, as coisas que agridem a gente, nossa saúde. A reciclagem também é uma indústria. Precisamos de leis e normas para regular tudo isso. E se a sociedade não participar, a gente não vai chegar a lugar nenhum”, afirmou. Ela complementou: “É difícil trazer as pessoas. As empresas estão de portas abertas, é difícil levar os líderes comunitários. Quando a gente participa e dialoga, as empresas e o governo sentem o que queremos. Isso é um movimento novo”.
Sobre a questão tecnológica, o subsecretário estadual de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental, Robson Monteiro, explicou: “No Espírito Santo há um destaque para a poeira sedimentável [como o pó preto], que causa o maior desconforto, além dos parâmetros mais clássicos, óxido nitroso, ozônio. Para esses mais clássicos, a tecnologia evoluiu, temos sensores de monitoramento automático, existe previsão de monitoramento por satélite, tem a perspectiva de uma revolução tecnológica que permita mais precisão na medição e rapidez para informar a população”. As mudanças, porém, devem ser graduais: “Não dá para sair de um padrão muito deteriorado para a excelência em um curto espaço de tempo”.
Um dos desafios da pasta é melhorar a comunicação com os cidadãos — os dados estão disponíveis através dos relatórios anuais do Iema, mas a linguagem técnica pode ser “traduzida” para a melhor compreensão de todos. “Pensando nisso, na Seama estamos trabalhando na construção de um aplicativo, permitindo que a população selecione o período que quer ver, a estação de monitoramento, e uma bandeira indicando se a situação está dentro ou fora do parâmetro”, explicou o subsecretário, acrescentando que a expectativa de lançamento é para fevereiro de 2025.
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