Uma força-tarefa voltada ao combate de crimes no meio rural do Espírito Santo vai ganhar um reforço. Agora, a Polícia Militar (PMES) se une à Polícia Civil (PCES), órgãos municipais e Polícia Rodoviária Federal (PRF) para inibir ações como incêndios criminosos e furtos em lavouras, além de furtos de madeira e também de gado.
A ampliação, anunciada segunda-feira (24) no Diário Oficial do Estado, foi decidida em meio a um momento em que o preço do café, um dos principais grãos produzidos no Estado, está em alta e chamando a atenção de grupos criminosos nos campos, principalmente na Região Norte.
Sob responsabilidade da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), o programa do Plano Estadual de Segurança Rural foi criado em 2023 e, nos últimos dois anos, era composta por órgãos ligados à PCES, com investigações sobre os crimes já registrados.
Com a ampliação, a PMES passa a integrar o programa com ações de patrulhamento e inteligência para mapeamento das áreas com maior índice de crimes e também aquelas apontadas por trabalhadores e empresários rurais como pontos de risco.
Desde sua criação, o projeto instaurou 151 inquéritos policiais, resultando em 78 pessoas presas ou indiciadas. Além disso, 80 toneladas de pimenta sem comprovação de origem foram apreendidas e 115 toneladas de carvão fabricado e revendido clandestinamente também foram interceptadas pela força-tarefa.
Com a entrada da corporação militar, a intenção, segundo Leonardo Damasceno, secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, é inibir as ações criminosas para que os registros sejam diminuídos ao longo dos próximos anos.
Segundo a Sesp, além das apreensões, prisões e indiciamentos, a força-tarefa já fiscalizou mais de 50 estabelecimentos, aplicou mais de R$ 1,2 milhão em multas através da Secretária da Fazenda (Sefaz) e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e ainda diminuiu em, aproximadamente, 80% os incêndios criminosos na Região Norte do Espírito Santo.
“Conseguimos combater muitos crimes, principalmente, os ligados aos incêndios e aos furtos de madeira. Nossa preocupação maior agora é que, diferentemente do cenário de quando a força tarefa foi criada, o preço do café cresceu muito e isso aumenta o estímulo à criminalidade”, ponderou o secretário.
Em 2024, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o grão moído do café subiu 50,84% só na Grande Vitória. A porcentagem, porém, deve continuar subindo até 2026, impactada por eventos climáticos extremos, como as ondas de calor, que interferem nas propriedades da planta e na produção, falta de mão de obra, os conflitos geopolíticos que elevam os custos de logística e ainda restrições a respeito da lei antidesmatamento para exportar o produto para a Europa, como mostrou A Gazeta em janeiro deste ano.
Na época da criação da força-tarefa, segundo Leonardo Damasceno, diversos grupos criminosos estavam se especializando em invasões e furtos no campo, o que motivou o desenvolvimento do programa com as investigações da Polícia Civil.
Além das corporações estaduais, o programa conta com o apoio de órgãos municipais e também da PRF para operações que cruzam rodovias como as BR’s 101, 262 e 259.
“Essas são vias que têm um fluxo de transporte de cargas muito intenso, tendo também o trânsito de produtos agropecuários. Então, a PRF é um ator que conversamos para cooperação em ações de roubo de carga, por exemplo. Além disso, também trocamos informações com as secretarias municipais de Defesa Social, mantendo uma rede de ação integrada”, disse Damasceno.
Para acionamento da força-tarefa no campo, além dos meios tradicionais de acionamento das corporações policiais (181 para Polícia Civil e 190 para Polícia Militar), o programa também pode ser acionado através de associações ruais e cooperativas ligadas aos produtores e empreendedores rurais, de onde as informações podem ser enviadas para a Secretaria de Segurança Pública.
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