Baseado em uma pesquisa inédita voltada para planos de descarbonização e maior eficiência energética das empresas capixabas, o Fundo Soberano do Estado vai começar a investir, ainda em 2025, R$ 500 milhões em projetos ligados aos temas, com recursos geridos pelo Banco de Desenvolvimento (Bandes) e apoio da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
O recurso já havia sido anunciado pelo governador Renato Casagrande (PSB) em novembro de 2024, sinalizando que o valor total da operação pode chegar a R$ 1 bilhão. Atualmente, a distribuição dos recursos passa por ajustes para que seja divulgada ao empresariado capixaba ainda no primeiro quadrimestre deste ano.
Na manhã desta segunda-feira (17), Findes e Bandes apresentaram dados de um levantamento feito com 200 empresas de 33 municípios do Estado no final de 2024. O foco do material era pontuar quais são as ferramentas do setor produtivo diante das mudanças climáticas, um dos maiores desafios globais da atualidade.
Fundamentada pelos planos de Adaptação às Mudanças Climáticas e de Descarbonização e Neutralização dos Gases de Efeito Estufa — projetos apresentados pelo Estado em 2023 —, a pesquisa ouviu os empresários para formar uma aliança capaz de indicar o caminho da transição para uma economia de baixo carbono.
“Essa parceria que o governo estadual faz através do Bandes com a Federação das Indústrias visa a uma melhor formulação de políticas públicas. A pesquisa já mostra a conscientização do empresariado e demonstra que a diretriz do governo está certa ao pensar em um financiamento que torne as empresas mais preparadas para esse novo mundo de descarbonização”, disse Marcelo Saintive, diretor-presidente do Bandes.
Segundo o gestor, a pesquisa, que é inédita e pioneira sobre o tema no Brasil, é uma iniciativa para que a economia capixaba se torne ainda mais competitiva no futuro.
Entre os pontos levantados pela pesquisa, os órgãos destacaram o nível de conhecimento e o interesse das empresas, especialmente das indústrias, em realizar investimentos nas áreas de descarbonização e eficiência energética.
Entre as 200 participantes, 59% são da indústria de transformação e 14% do setor de construção, sendo que 49% são de médio porte e 34% de pequeno porte. De acordo com a pesquisa, 37% das empresas têm alto interesse em adotar práticas e tecnologias de descarbonização e 40% têm interesse moderado.
Os números, segundo a Findes, são expressivos e representam um nível de maturidade a ser explorado pelas empresas diante da necessidade de se adaptarem às mudanças climáticas.
“Mais de 70% das empresas têm bastante interesse [no tema] e esse é um percentual bastante interessante para empresas que já possuem alguns planos em desenvolvimento e outras que vão desenvolver. O mercado está bastante antenado e a indústria bem interessada. Essa linha de financiamento traz mais facilidade para todas essas empresas”, ponderou Paulo Baraona, presidente da Findes.
Os dados divulgados pelo Observatório da Federação das Indústrias foram elaborados por meio de questões que avaliaram o conhecimento, o interesse e as motivações das empresas para iniciativas de descarbonização.
Entre as 200 que responderam, 18% destacaram ter conhecimento avançado sobre o tema, com acompanhamento de tendências e inovações com cursos e especializações relacionadas. Ao mesmo tempo, 74% declararam ter conhecimento entre básico e intermediário.
Já entre as motivações para interesse nos projetos de descarbonização, os principais destaques estão no compromisso ambiental, iniciativas internas, incentivos governamentais e até mesmo exigência de clientes e parceiros comerciais, como mostra o gráfico abaixo:
Além disso, entre as empresas, 28% já possuem programas em fase final de exploração, com discussões internas voltadas para a definição de ações. Enquanto isso, 9% delas têm um plano de descarbonização estruturado em vigor, com metas claras, ações em andamento, monitoramento das emissões e publicação regular dos relatórios de sustentabilidade.
A mesma porcentagem tem planos em desenvolvimento, com projetos e ações já estruturados para reduzir as emissões, mas ainda fora da fase de execução.
“A pesquisa foi pensada como uma pré-etapa para o desenvolvimento do instrumento financeiro para essas empresas. Entre os resultados, nós reparamos que 56% delas destacaram que pretendem investir em projetos de descarbonização nos próximos 18 meses. Então, se somarmos isso aos 16% que estão avaliando as possibilidades de realizar investimentos, temos um percentual do empresariado com intenção e disposição real para esses projetos”, disse Marília Silva, gerente-executiva do Observatório Findes.
Segundo Marília, a maior parte das empresas pontua que as principais barreiras enfrentadas pelas empresas para implementação ou expansão das medidas de descarbonização estão, justamente, no custo elevado e na necessidade de apoio com linhas de crédito acessíveis e assessoria técnica.
“E aí entra, de fato, a atuação do Bandes como formulador dessa política pública com o instrumento financeiro [...], e a Findes com assessoria e ferramentas, como o Senai, para auxílio das empresas”, complementou a gerente.
A pesquisa ainda revela que as empresas que pretendem investir nos próximos 18 meses (56%) e as que estão avaliando as possibilidades (16%) destacam que o valor disposto para os investimentos pode chegar a mais de R$ 5 milhões. 26% das empresas destacam que necessitariam de até R$ 500 milhões; 6% de R$ 500 mil a R$ 1 milhão; 11% de 1 milhão a R$ 5 milhões e 9% acima de R$ 5 milhões para os projetos.
Nas iniciativas, estão projetos ligados à eficiência energética, uso de energias renováveis, gestão de resíduos, digitalização e automação para redução de emissões e também linhas de inovação, pesquisa e desenvolvimento em Tecnologias Verdes.
Para os responsáveis pela pesquisa, os dados mostram que, entre as oportunidades identificadas, estão a maior conscientização sobre o que se enquadra como descarbonização, necessidade de assessoria técnica e elevação do nível de maturidade das empresas sobre o tema, que atualmente é identificado como básico no Estado.
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