As chuvas dos últimos dias de dezembro do ano passado e do começo deste mês de janeiro não foram suficientes para reverter a seca enfrentada nas regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo, e o agronegócio continua acumulando prejuízos em função do longo período de estiagem.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Espírito Santo (FAES), Júlio Rocha, quantifica as perdas para os produtores. “Em termos de valor, fica em torno de 30% do total. Todos foram prejudicados. Já tem a questão da florada, então, os grãos chocham. E a pecuária também foi muito prejudicada, mesmo com a chuva (recente).”
Ele explica que, quando as chuvas vieram, “o pasto velho estava como um feno em pé, seco”, e que essa pastagem apodreceu, mas os brotos que crescem a partir daí não são bem assimilados pelo organismo dos animais. Muitos passam mal e demoram a recuperar o peso.
O coordenador de meteorologia do Incaper, Hugo Ramos, explica que a atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul, sobretudo na virada de ano, contribuiu para a intensificação das chuvas, mas a precipitação não foi suficiente para reverter os danos causados pela estiagem desde outubro — quando se inicia, geralmente, o período chuvoso. O acumulado de chuvas, segundo o especialista, foi de cerca de 80 mm no extremo Norte capixaba e, vindo em direção ao Rio Doce, entre 160 mm e 170 mm.
“Houve um retardamento do início do período de chuva. Segurou um pouco 'as pontas' para não agravar o processo, mas ainda não foi suficiente para cobrir o que se esperava do período de chuva. Nos meses de novembro e dezembro, geralmente chove em torno de 150 mm por mês, mas a gente só teve isso no final de dezembro e começo de janeiro.”
Ele pontua ainda que há uma expectativa de melhora do cenário, mas que a análise completa, que permitirá ter um indicativo do cenário enfrentado nos próximos meses, só poderá ser feita em março. O mês de fevereiro, Ramos observa, não costuma trazer grandes acumulados de chuva.
“Com as chuvas de janeiro e março, a gente consegue fazer uma análise mais completa, até porque, em abril, começa o período seco, e a população tem que acompanhar esse balanço (para entender o que vem pela frente).”
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