Foi inaugurada nesta sexta-feira (14), em Cariacica, uma fábrica que transforma plástico de garrafa pet em um material que ajuda na redução das emissões de poluição industrial. O supressor de poeira sustentável é um produto desenvolvido pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em parceria com a Vale e começou a ser utilizado sobre as pilhas de minério desde o final do ano passado.
Antes da inauguração da fábrica no Espírito Santo, o material, feito após 10 anos de pesquisas, estava sendo produzido por uma empresa paulista.
Agora, o supressor de poeira a ser utilizado na planta de Tubarão e no carregamento de vagões da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) será produzido pela planta da Biosolvit, que tem cerca de 2,7 mil metros quadrados e capacidade instalada para consumir 70 toneladas de plástico por mês. O supressor funciona como uma película protetora que evita a emissão de poeira.
A produção do supressor de poeira tem potencial para retirar do meio ambiente e reutilizar até 25 milhões de garrafas pet por ano no Espírito Santo até o ano de 2026, segundo Guilhermo Queiroz, CEO da Biosolvit. Para 2024, a estimativa é que o supressor sustentável tenha potencial para retirar do meio ambiente todos os meses mais de 1 milhão de garrafas pet para a produção no Estado.
A instalação da fábrica teve investimento de R$ 30 milhões e em breve uma nova unidade deve ser construída em Minas Gerais.
O supressor sustentável utiliza, além das garrafas pet, outros materiais considerados de baixa reciclabilidade que antes eram destinados ao aterro por não serem aproveitados para a indústria. O novo produto consegue utilizar o plástico pet usado em bandejas (de bolo, ovo ou uva) e garrafas de todas as cores, como as pretas de bebidas energéticas.
"A produção desta fábrica também contribuirá para o aumento da renda mensal de 580 catadores de recicláveis que fazem parte das associações instaladas na região da Grande Vitória. Isso é extremamente relevante para nós”, destaca o CEO da Biosolvit.
A maior parte do plástico utilizado para fazer o supressor sustentável será fornecida pelas associações de catadores de material reciclável da Grande Vitória.
Segundo Lucio Heleno dos Santos, da Rede de Economia Solidária dos Catadores Unidos do Espírito Santo (Reunes), o grupo de catadores deve crescer com o aumento gradativo do uso desse material. Com o projeto, os catadores também conseguem agora um valor mais alto pelo material.
Nesses últimos meses que os catadores já estão recolhendo o material para o projeto, Lucio Heleno destaca que houve algumas mudanças no processo. Uma delas envolve a implantação de um sistema digital para monitorar a origem do plástico. Essa etapa melhorou o processo de triagem nas associações e também ajudou a melhorar o valor dos materiais. Agora há a rastreabilidade dos produtos, com QR Codes nos fardos de pets. Com a triagem melhorada, outros materiais, como os papelões, também passaram a ser mais valorizados, segundo Lucio Heleno.
O governador Renato Casagrande (PSB) destacou a importância da iniciativa tanto para o meio ambiente quanto para a renda dos catadores. "Essa integração de ações e esse trabalho conjunto produz efeito positivo para a natureza e também para os catadores de recicláveis, que agora vão ter o material mais valorizado", destaca.
A vice-presidente executiva de Sustentabilidade da Vale, Malu Paiva, explica que há muitos anos a empresa já utiliza supressores de poeira na planta industrial. A diferença é que agora é sustentável. "Ele é feito à base de plástico reciclado, portanto endereça um grande desafio ambiental, e também é capaz de transformar a vida de muitas pessoas, pois gera renda para os catadores de materiais recicláveis”, afirma.
Para o reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, que é químico e participou da pesquisa no início do processo, é gratificante ver a concretização de mais esta etapa de um projeto que teve início há 10 anos, a partir de uma parceria entre a Vale e a universidade.
"Esse processo inovador nasceu dentro da Ufes, a partir de uma necessidade identificada e apresentada pela empresa. É um exemplo bem sucedido de como o conhecimento científico e a pesquisa acadêmica podem atuar junto com a iniciativa privada para proporcionar desenvolvimento econômico aliado a melhorias sociais e ambientais em benefício de toda a população", destaca.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta