O ano de 2023 para o setor automotivo fica marcado pela estabilidade na produção com o fim da crise dos semicondutores, vendas em alta e crescimento das importações. Este último tem sido um fator de preocupação da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), mas, por outro lado, indica a chegada de novas tecnologias no país.
“Essa alta de importações faz muito sentido quando temos mudança de tecnologia, mas não pode haver um descompasso grande com a produção local”, avalia o presidente da Anfavea, Marcio Leite, durante coletiva da entidade para apresentar um balanço de 2023 e as projeções para o próximo ano.
O ponto principal de preocupação com as importações tem sido a China, de onde a maioria dos veículos eletrificados tem chegado. De acordo com o relatório apresentado pela Anfavea, o crescimento das importações desse país foi de 347%, ao passo que países como México (79%) e Argentina (10%), que têm acordos comerciais com o Brasil, tiveram crescimento, mas em uma escala menor.
“Houve um aumento expressivo dos importados. Em dezembro, estimamos que 18% dos veículos vendidos no país serão importados, contra 13,7% do ano passado”, complementa.
Isso também representou o crescimento dos veículos eletrificados no Brasil, que saltou de 49,2 mil emplacados em 2022 para 88,8 mil em 2023 (um crescimento de 80%) e a projeção para o ano que vem é de uma alta de 61%, o que representa cerca de 142 mil modelos eletrificados (entre híbridos e 400% elétricos) a mais no país.
“Esse nicho tem surpreendido e se dado em uma velocidade muito grande. E deve aumentar no ano que vem, já que teremos três montadoras que estão no país, lançando veículos eletrificados e as duas chineses: GWM, que começa a produção em maio e a BYD que deve começar a fabricar no país ainda em 2024 ao invés de 2025”, adianta.
Sobre as projeções para o final do ano e 2024, a expectativa é de que 2023 feche em 2,29 milhões de emplacamentos, uma alta de 8,8% sobre 2022, acima dos 6% projetados pela entidade. Na venda, a projeção é de 2,450 milhões de automóveis no acumulado do ano, subindo 7% sobre 2023.
Apesar do crescimento do mercado interno, a produção recuou 0,5% no ano, por conta da queda nas exportações e do aumento das importações. Segundo a Anfavea, a estimativa é de 2,359 milhões de veículos produzidos ao todo em 2023. E para o ano que vem, a projeção é de crescimento de 4,7%, o que representa 2,470 milhões de unidades produzidas.
“Encerramos o ano com um cenário praticamente parecido com o do ano passado, na produção, de estabilidade. Mas isso não é bom em função da redução nas exportações e o aumento das importações no país”, complementa Leite.
A queda nas exportações deixou a Anfavea preocupada, com um recuo de 17%, totalizando 399 mil unidades. Entre os motivos está o encolhimento no mercado doméstico de destinos como Chile e Colômbia e perda de participação dos produtos brasileiros na Argentina, principal parceiro comercial do Brasil, a ponto de ser superado pelo México pela primeira vez na história. Para 2024, a projeção é de exportações totais de 407 mil unidades, leve alta de 2% na comparação com 2023.
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