CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO - Em meio a barreiras fiscais que surgem nos EUA e na Europa, a CEO da BYD nas Américas, Stella Li, disse acreditar que as montadoras chinesas não são as culpadas pelos problemas atuais da indústria automotiva ocidental. Em entrevista nesta quarta (15), na Cidade do México, ela afirmou que são as próprias fabricantes as responsáveis por suas dificuldades em lidar com a eletrificação.
"Não há futuro para carros a combustão na China, o governo deixou isso muito claro por meio de suas políticas. Outros países vão e voltam, mas, na China, todas as montadoras são focadas nisso. Muitas [fabricantes] colocam a culpa de suas dificuldades com eletrificação nas montadoras ou no governo chinês, mas a culpa é delas próprias."
Empresas como Tesla, GM e Volkswagen têm demonstrado preocupação com o avanço das marcas chinesas e a perda de competitividade diante desses novos concorrentes.
A Tesla, por exemplo, tem revisado investimentos na renovação de fábricas nos EUA e na Europa. A empresa de Elon Musk também produz na China, mas vem registrando perda de participação no mercado local por causa do avanço de novas marcas de elétricos de alto desempenho, como Nio e Zeeqr.
Stella Li defendeu o posicionamento agressivo das empresas de seu país, que buscam expansão global e "travam uma disputa sangrenta no mercado interno", mas evitou polêmicas com as barreiras tributárias levantadas nos EUA.
A executiva afirmou que a situação no mercado americano é delicada, já que há sinais de desaceleração da venda de veículos elétricos. Por isso, a esperada "invasão chinesa" ocorrerá de forma cautelosa, embora a fábrica da marca no México já esteja confirmada. "Não há um sinal claro de que seja o momento de entrar nos Estados Unidos", disse a executiva.
A CEO afirmou ainda que, por não atuar no segmento de veículos de passeio nos EUA, a BYD não iria emitir opiniões sobre as decisões anunciadas por Joe Biden nesta terça (14).
Uma das medidas quadruplica a taxação sobre veículos elétricos chineses para 100% já neste ano, além de praticamente triplicar a taxa sobre importações de aço e alumínio, entre outras barreiras fiscais. "Como não estamos no mercado americano, só observamos o que acontece por lá", disse Stella.
A BYD não considera que as questões tributárias nos EUA tenham influência em seus negócios no continente neste momento, já que, por enquanto, o direcionamento dos investimentos não considera a entrada no mercado americano. A futura produção da fábrica mexicana será focada, a princípio, no mercado interno e em países da América Central. Já a unidade de Camaçari (BA) irá atender à América do Sul.
O anúncio do local escolhido para as instalações mexicanas será feito até o fim deste ano, mas a produção só deve começar entre 2027 e 2028. Já a montagem brasileira começará bem antes. Stella Li disse que a montagem na Bahia tem início previsto para o fim deste ano, e o primeiro modelo deverá ser o SUV híbrido Song.
A CEO da BYD nas Américas confirmou que haverá modelos híbridos flex. O desenvolvimento do sistema ainda é segredo, mas novidades serão divulgadas ao longo de 2024.
Stella afirmou ter conversado sobre o tema em seu último encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O desafio, disse a executiva, é aumentar a eficiência do etanol, para que o carro tenha boa autonomia quando abastecido com o combustível renovável.
Ela explicou que o sistema de gerenciamento desenvolvido pela BYD deve aproveitar ao máximo as características do etanol, e é isso que está sendo ajustado.
Ao todo, a empresa pretende produzir 12 modelos diferentes no Brasil. A picape Shark, que foi apresentada nesta terça (14), está entre os candidatos a produto nacional. Sua montagem está vinculada à aceitação no mercado brasileiro.
As primeiras unidades serão importadas da China, e a previsão é de que cheguem às concessionárias brasileiras entre setembro e outubro.
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