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EcoSport e Ka saem de linha com o fim da produção da Ford no país

EcoSport e Ka saem de linha com o fim da produção da Ford no país

Montadora anunciou nesta segunda (11) que vai encerrar fabricação de carros no Brasil neste ano. Região será atendida por portfólio global de produtos, segundo a empresa

Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 18:42- Atualizado há 4 anos

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Ford Ka
Ford Ka é um dos modelos mais vendidos no país. (Divulgação/ Ford)

A Ford anunciou nesta segunda-feira (11) que vai encerrar todas as atividades fabris no Brasil neste ano. A montadora já havia encerrado a produção na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que foi vendida para a Construtora São José. Agora, a empresa confirma a interrupção imediata das atividades em Camaçari (BA), onde produz os modelos Ka e EcoSport. Com isso, esses carros saem de linha, entre eles o hatch que está entre os mais vendidos no país.

A unidade de Taubaté (interior de São Paulo), que fabrica motores e transmissões, e em Horizonte (CE), unidade em que produz o utilitário Troller T4, serão fechadas ao longo do ano, e o modelo também sai de linha.

“A Ford mantém assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia para seus clientes no Brasil e na América do Sul”, disse a empresa em nota. Em comunicado, a empresa afirma que "atenderá a região com seu portfólio global de produtos, incluindo alguns dos veículos mais conhecidos da marca como a nova picape Ranger produzida na Argentina, a nova Transit, o Bronco, o Mustang Mach 1, e planeja acelerar o lançamento de diversos novos modelos conectados e eletrificados."

A empresa tem hoje 8.000 funcionários no Brasil, mas não serão todos demitidos. Haverá um grupo remanescente de trabalhadores para atender algumas operações. A sede da montadora na América do Sul continuará sendo no Brasil, e o campo de provas de Tatuí, bem como o centro de desenvolvimento da Bahia continuam operando.

Em decorrência desse anúncio, a Ford prevê um impacto de aproximadamente US$ 4,1 bilhões em despesas não recorrentes, incluindo cerca de US$ 2,5 bilhões em 2020 e US$ 1,6 bilhão em 2021.

Aproximadamente US$ 1,6 bilhão será relacionado ao impacto contábil atribuído à baixa de créditos fiscais, depreciação acelerada e amortização de ativos fixos. Os valores remanescentes de aproximadamente US$ 2,5 bilhões impactarão diretamente o caixa e estão, em sua maioria, relacionados a compensações, rescisões, acordos e outros pagamentos.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté convocou uma assembleia de emergência em frente à fábrica para discutir ações em conjunto com os trabalhadores. A plenária teve início às  17h30. A unidade tem cerca de 830 funcionários.

Ford Ecosport Active 2020. (Divulgação/ Ford)

HISTÓRIA

A montadora chegou no país há mais de 100 anos, oficialmente. Foi a primeira grande fabricante de veículos a se instalar no Brasil, que vivia a pré-história do automóvel.

O termo montadora vem daí: os veículos vinham aos pedaços dos EUA, cabia aos operários encaixar as peças.

A autorização para o início das operações no centro de São Paulo foi dada no dia 24 de abril de 1919. Os US$ 25 mil disponibilizados vieram da Argentina, primeiro país sul-americano a receber instalações da empresa.

O ano do centenário marcou o fim da produção de caminhões da empresa no Brasil e o adeus dos modelos Fiesta e Focus.

O primeiro sucesso no país foi um modelo de porte compacto, o Ford Modelo T. Graças a ele, a empresa passou dos 12 funcionários de 1919 para cerca de 130 em 1924, ano em que foram feitos 5.000 veículos entre carros, caminhões e tratores.

O interesse pelo automóvel crescia no Brasil e, entre 1925 e 1927, a Ford inaugurou linhas de montagem em Recife, Porto Alegre e Rio. O Modelo A, mais conhecido como Fordinho, surgiu na época e logo virou o mais vendido do país.

Os negócios foram bem até 1929, quando a quebra da Bolsa de Nova York e a crise no Brasil à beira da Revolução de 1930 mudaram o cenário.

Nos anos seguintes, foram fechadas as linhas de montagem fora de São Paulo.

As dificuldades no Brasil e no exterior fizeram a marca pensar em nacionalizar componentes. Os planos ganharam corpo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A produção ficou parada em grande parte desse período, por queda na demanda e falta de peças.

Com o fim do conflito, o mercado brasileiro começa a receber os carros compactos que fazem parte da reconstrução da Europa. Um desses modelos é o inglês Ford Prefect, que chega por volta de 1947.

Em 1953, a montadora se muda para o bairro do Ipiranga (zona sul de São Paulo). Dois anos depois, começa o processo de nacionalização, com cabines de picapes e caminhões feitas com aço de Volta Redonda (RJ).

A notoriedade da marca se consolidou com o lançamento de seu primeiro carro produzido no Brasil, o sedã grande Galaxie 500. O modelo transformou a Ford em referência de luxo.

Aquele 1967 teve outro marco: a montadora adquiriu o controle da Willys-Overland do Brasil e assumiu as fábricas de São Bernardo do Campo (ABC) e de Taubaté (interior de São Paulo).

Os carros em desenvolvimento pela Willys vieram junto: em 1969, chegava às lojas o Ford Corcel, desenvolvido em parceria com a Renault.

Essa configuração de empresa perdurou nos anos seguintes. A grande mudança ocorreu em 1987, com o estabelecimento da Autolatina, parceria regional com a alemã Volkswagen. Foi uma década ruim para a montadora americana, que perdeu mercado e teve de se reerguer com o lançamento do primeiro Fiesta nacional, em 1996.​

NACIONALIZAÇÃO COMEÇOU NOS ANOS 1950

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Com informações da Folhapress.

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