A eletrificação é a realidade inexorável da indústria automotiva global e os híbridos e elétricos dominam a pauta mundial de lançamentos de veículos. Curiosamente, o primeiro automóvel 100% elétrico a ser oferecido em larga escala no mundo é até hoje o elétrico mais vendido do planeta: o Nissan Leaf. Lançado em 2010 e com a segunda geração apresentada em 2017, o modelo já teve mais de 500 mil unidades comercializadas em mais de 50 países.
Na primeira geração, o Leaf chegou a circular em frotas de táxis no Rio de Janeiro e em São Paulo, de 2013 a 2016, sem oferta para o público. Há dois anos, a segunda geração do hatch elétrico importado da Inglaterra passou a ser vendida no mercado nacional. Atualmente, é oferecido por R$ 277.900, em versão única. O valor inclui um cabo de recarga e um adaptador para plug do tipo 2 – o mais utilizado em outros modelos elétricos e híbridos plug-in vendidos no Brasil.
Nestes dois anos, o Leaf emplacou quase 200 unidades no Brasil. Foi comercializado em apenas sete concessionárias, nas capitais dos Estados do Rio de Janeiro, de São Paulo (duas), Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. Mas agora ficará mais fácil de se ver o elétrico da Nissan nas ruas das grandes cidades brasileiras.
A partir de setembro, a venda do Leaf será expandida das atuais sete revendas para um total de 44 concessionárias em 34 cidades espalhadas por todas as regiões do país – além dos cinco estados anteriores e do Distrito Federal, o elétrico passará a ser comercializado também no Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Pará e Pernambuco.
Todas as concessionárias habilitadas a vender o elétrico da Nissan contarão com pontos de recarga. Além disso, o Leaf estará em locadoras de automóveis e será um dos modelos oferecidos pelo novo aplicativo de compartilhamento de carros elétricos a ser lançado pelo Itaú.
Assim como ocorre com o sistema de aluguel de bicicletas do banco, a proposta do Veículo Elétrico Compartilhado (VEC) Itaú é que os usuários façam toda a transação de liberação do carro por meio de um aplicativo para celular e devolvam em qualquer uma das bases do sistema. O programa está em teste com empregados do banco e deve ser disponibilizado para o público até o final do ano.
O Leaf se assemelha a um hatch médio convencional, com linhas que evidenciam a preocupação aerodinâmica. Sua ampla distância de entre-eixos de 2,70 metros ajuda a armazenar no assoalho os vinte e quatro módulos da bateria de íons de lítio, pesando 300 quilos ao todo. Os faróis em formato de bumerangue com luzes diurnas em leds e a grade frontal V-motion, atualmente onipresentes nos automóveis da Nissan, estrearam no Leaf.
O tom azul no fundo da grade frontal e na moldura do para-choque traseiro também tornou-se recorrente na família de veículos elétricos da marca. Igualmente apresentado no Leaf e incorporado aos novos Versa e Kicks, o Nissan Intelligent Safety Shield – algo como “escudo inteligente de segurança” – inclui Alerta Inteligente de Mudança de Faixa, Sistema Inteligente de Prevenção de Mudança de Faixa, Assistente Inteligente de Frenagem de Emergência, Controle de Velocidade, Sistema de Advertência de Ponto Cego, Alerta de Atenção do Motorista, Sistema de Monitoramento de Pressão dos Pneus e Alerta de Tráfego Cruzado Traseiro.
O elétrico traz ainda controles de tração e estabilidade, sistema de partida em rampa, controles inteligentes de freios, seis airbags e multimídia A-IVI com tela colorida sensível ao toque. A visualização do entorno do veículo pelas quatro câmeras que formam a Visão 360 Graus na tela do sistema multimídia é outra “herança” do Leaf agregada às versões “top” dos novos Versa e Kicks.
Uma tecnologia singular do Leaf é o e-Pedal, que permite ao motorista, ao acionar uma tecla no painel, passar a utilizar somente o pedal da direita para acelerar, desacelerar e parar o carro. Para acelerar, basta pisar no pedal. Soltando gradualmente o acelerador, o carro para suavemente, sem necessidade de se pressionar o pedal do freio. Além de recuperar energia para a bateria, o e-Pedal permite a redução do uso do freio hidráulico convencional em até 80%, o que representa menos desgaste e menor custo de manutenção.
O interior do Leaf de segunda geração apresenta o painel frontal com forma de “asa planadora” (Gliding Wing). O recurso estilístico se expandiu para outros modelos da marca e, o que era inovador em 2017, parece agora um tanto “déjà vu”. Detalhes em azul claro aparecem nos pespontos dos bancos, do painel e do volante.
O display colorido de 8 polegadas com tela de TFT dá acesso às principais funções, como o indicador de energia disponível e informações sobre os sistemas de GPS e áudio. Como é comum nos veículos elétricos, os grafismos dos mostradores do consumo energético “sugestionam” o motorista a dirigir da forma mais econômica e a poupar as baterias.
Em termos de espaço interno, o Leaf se equivale a um hatch médio convencional. No banco traseiro, dois passageiros viajam bem – o alto túnel central não recomenda a presença de um terceiro adulto. A central multimídia A-IVI tem tela colorida sensível ao toque de 8 polegadas, que permite o uso de aplicativos como Waze, Spotify, Deezer, Google Maps, WhatsApp, Apple CarPlay e Android Auto. Com o Door-To-Door instalado em um smartphone, pode-se inserir um destino no GPS antes mesmo de se entrar no veículo. Quando o motorista senta em seu banco, telefone e central sincronizam e traçam automaticamente a rota.
Uma característica dos elétricos é o silêncio. O motor é quase inaudível e os ruídos são apenas os aerodinâmicos e de rodagem. Na linha 2021 do Leaf, que acaba de ser apresentada na Europa, a novidade é a inclusão do “Acoustic Vehicle Alerting System” (AVAS). Denominado pela marca como “Canto”, o equipamento utiliza vários tipos de som de segurança para indicar se o automóvel está sedo acelerado, desacelerado, freado ou dando marcha a ré. Não se sabe se o “Canto” estará nos próximos lotes do Leaf que chegarão ao Brasil.
Segundo a Nissan, o conjunto de baterias de íons de lítio de 40 kWh do Leaf oferece autonomia de 272 quilômetros no ciclo americano EPA (Environmental Protection Agency), composto aproximadamente por 50% em tráfego urbano e 50% em estrada. Para quem não mora em uma casa e não tem a possibilidade de carregar o carro durante a noite – apenas os mais modernos e sofisticados edifícios brasileiros já oferecem sistemas de carregamento –, a possibilidade de ficar sem energia no meio do caminho gera uma certa preocupação.
Fazer viagens mais longas com um elétrico requer planejamento, já que o tempo de recarga normalmente é longo e as possibilidades de recarregar no caminho podem não ser tantas. Em tomadas aterradas de 110V e 220V, com o cabo que acompanha o veículo, o carregamento completo da bateria do Leaf demora cerca de vinte horas. No wallbox, que é vendido à parte e pode ser instalado na casa do proprietário, o processo leva cerca de oito horas.
Em postos de carregamento rápido (50 kWh), ainda raros no Brasil, a carga total pode feita em menos de uma hora. Contudo, reabastecer apenas em postos de carga rápida pode sobrecarregar a bateria e diminuir sua vida útil. Em trajetos rodoviários, nos quais os recursos de regeneração de energia se tornam menos eficientes, a autonomia cai mais rápido. Nas descidas de serra, o modo “B” segura o carro como se ele estivesse engrenado e aumenta a regeneração energética.
O torque máximo de 32,6 kgfm está 90% disponível em apenas um décimo de segundo, algo que se traduz em respostas sempre espertas ao acelerador. Nas saídas de semáforos, é fácil arrancar mais rápido do que nos modelos com motor a combustão. Acima dos 100 km/h, o elétrico com potência equivalente a 149 cavalos (110 kW) passa a disponibilizar retomadas de velocidade mais comedidas – comportamento comum nos veículos elétricos. A velocidade máxima, de acordo com a Nissan, é de 144 km/h. As baterias instaladas no assoalho favorecem o baixo centro de gravidade, o que contribui para uma boa estabilidade em trechos sinuosos.
Os três modos de condução podem ser selecionados em uma alavanca no console. O “D” é o modo de operação normal, com a potência máxima do motor. O “Eco” limita o desempenho e ajuda a economizar energia. E o “B” usa uma frenagem regenerativa mais potente, para recarregar com mais eficiência a bateria, sem comprometer a potência. Ao acionar a tecla do e-Pedal, o motorista pode utilizar somente o acelerador para avançar, desacelerar e parar o carro. Soltando lentamente esse pedal, o carro para de forma gradual e suave, sem necessidade de usar o freio.
Ao soltar o pedal rápido, a frenagem é imediata e a luz do freio é acionada automaticamente – se houver necessidade de frenagem de emergência, o pedal de freio funciona normalmente. Eliminando a necessidade de mover o pé do acelerador para o de freio para reduzir a velocidade ou parar o veículo completamente, o e-Pedal diminui expressivamente o estresse ao se dirigir.
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