Os bloqueios nas estradas, provocados por manifestações durante o final de outubro, impactaram negativamente os números da indústria automotiva. Tanto emplacamentos quanto a produção nas fábricas registraram leve queda, mas que foi significativa para os resultados do acumulado do mês, segundo os números apresentados na coletiva da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), realizada nesta terça-feira (8).
O último dia de outubro foi quando mais se observou a queda tanto na produção quanto nas vendas. Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, houve fábricas que ficaram paradas por falta de insumos, que não chegaram a tempo para a produção, apesar de os funcionários terem conseguido chegar. Isso fez com que esse dia afetasse o resultado dos emplacamentos de outubro.
Em outubro foram licenciados 180,9 mil automóveis, 11,4% a mais que no mesmo mês do ano passado e 6,7% a menos que em setembro último. O crescimento na média diária de vendas aconteceu até o dia 30 de outubro e tem continuado nos primeiros dias de novembro. “O mês em termos de produção também foi bastante positivo. Se tivesse mantido o ritmo normal, teria sido uma produção recorde”, acrescenta.
Leite afirma que outubro é um mês importante para o mercado, pois está se aproximando do final do ano e a indústria automotiva tem como meta emplacar, até o final de dezembro, mais 456 mil automóveis para fechar a previsão de 2,12 milhões de unidades licenciadas. Para Leite é um número factível, mas tudo vai depender dos cenários que podem impactar esse resultado, como por exemplo, a Copa do Mundo.
Por outro lado, ele afirma que dezembro é um mês que possui um volume bastante importante para a indústria e que deve registrar alta de vendas. “Estamos tendo um ano bastante complexo, que começou com uma produção muito baixa por conta da crise de semicondutores que é hoje o maior desafio do setor, mas se encontra menos crítica do que há alguns meses”, observa.
No acumulado do ano, o mercado está 3,2% abaixo de 2021, mas com a expectativa de virar o placar no último bimestre, segundo a Anfavea, com crescimento estimado de 1% e vendas de 2,140 milhões.
Por outro lado, a produção acumulada de 1,962 milhão de veículos já supera em 7,1% o volume dos 10 primeiros meses de 2021. Em outubro foram produzidas 206 mil unidades, alta de 15,1% sobre outubro do ano passado e leve queda de 0,8% em relação a setembro. Em outubro houve algumas paralisações de fábrica por falta de componentes, além de paradas no dia 31 por conta de bloqueios em estradas.
Outra preocupação da indústria diz respeito ao financiamento para a compra de veículos. Segundo Leite, o mercado brasileiro, tradicionalmente, precisa do crédito para ser sustentado. Até o ano passado, quase 80% dos automóveis adquiridos eram financiados e 30% à vista. No entanto, este ano, o mercado se inverteu.
“Este é um sinal amarelo para a indústria. O cenário de juros altos é um fator importante e interfere na sustentabilidade do negócio e no crescimento do mercado”, atenta.
Isso, na prática, significa que menos pessoas físicas estão adquirindo um veículo e empresas como locadoras, frotistas e profissionais autônomos que optam pelo CNPJ para obterem descontos no valor final estão sendo os principais clientes do mercado automotivo.
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